Divinity Original Sin - The board game
terça-feira, 29 de outubro de 2013
segunda-feira, 21 de outubro de 2013
Ad Hominem - Humanidades e outras Falácias: O quinto dos infernos
Ad Hominem - Humanidades e outras Falácias: O quinto dos infernos: LEONARDO SAKAMOTO não gosta de assaltos a mão armada e não gosta de pessoas baleadas. Folgo em saber. O insigne colunista, doutor em Ciênc...
sexta-feira, 4 de outubro de 2013
quarta-feira, 2 de outubro de 2013
segunda-feira, 9 de setembro de 2013
sexta-feira, 6 de setembro de 2013
terça-feira, 3 de setembro de 2013
segunda-feira, 2 de setembro de 2013
“O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota”
“O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota”
Por Reinaldo Azevedo
02/09/2013
às 5:25“O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota”
É o título de uma coletânea de textos de autoria do filósofo sem carteirinha, crachá ou livro-ponto Olavo de Carvalho (foto), lançado há duas semanas pela Editora Record (615 páginas, R$ 51,90). Os artigos foram selecionados e organizados por Felipe Moura Brasil, um jovem de vinte e poucos — bem poucos — anos, que também cuida de notas explicativas e referências bibliográficas que remetem o leitor tanto à vasta obra do próprio Olavo como à teia de autores e temas com os quais seus textos dialogam ou polemizam. Moura Brasil informa que a seleção obedeceu a seu gosto pessoal e à necessidade de partilhar a sua experiência de leitor e estudioso da obra de Olavo. Esse moço é a prova de que a inteligência e a autonomia intelectual sobrevivem mesmo aos piores tempos. E os piores tempos podem não ser aqueles em que o amor à liberdade é obrigado a resistir na clandestinidade — afinal, resta a esperança no fundo da caixa —, mas aqueles em que a divergência se torna, por si, uma violência inaceitável. Nesse caso, a própria esperança começa a correr riscos. O livro, o que não chega a ser uma surpresa, provocou um enorme silêncio — que é uma das formas do moderno exercício da violência. Os leitores, no entanto, estão fazendo a sua parte, e ele já figura em 10º lugar na lista dos “Mais Vendidos”, na categoria “Não-Ficção”, na VEJA desta semana.
“O Mínimo…” reúne, basicamente, artigos que Olavo publicou em jornais e revistas, inclusive nas revistas “República” e “BRAVO!”, das quais fui redator-chefe — e a releitura, agora, em livro, me remeteu àqueles tempos. Impactam ainda hoje e podiam ser verdadeiros alumbramentos há 10, 12, 13 anos, quando o autor, é forçoso admitir, via com mais aguda vista do que todos nós o que estava por vir. Olavo é dono de uma cultura enciclopédica — no que concerne à universalidade de referências —, mas não pensa por verbetes. E isso desperta a fúria das falanges do ódio e do óbvio. Consegue, como nenhum outro autor no Brasil — goste-se ou não dele —, emprestar dignidade filosófica à vida cotidiana, sem jamais baratear o pensamento. Isso não quer dizer que não transite — e as falanges não o fustigam menos por isto; ao contrário — com maestria no terreno da teoria e da história. É autor, por exemplo, da monumental — 32 volumes! — “História Essencial da Filosofia” (livros acompanhados de DVDs). Alguns filósofos de crachá e livro-ponto poderiam ter feito algo parecido — mas boa parte estava ocupada demais doutrinando criancinhas… Há o Olavo de “A Dialética Simbólica” ou de “A Filosofia e seu Inverso”, e há este outro, que é expressão daquele, mas que enfrenta os temas desta nossa vida besta, como disse o poeta, revelando o sentido de nossas escolhas e, muito especialmente, das escolhas que não fazemos.
O livro é dividido em 25 capítulos ou macrotemas: Juventude, Conhecimento, Vocação, Cultura, Pobreza, Fingimento. Democracia, Socialismo, Militância, Revolução, Intelligentzia, Inveja, Aborto, Ciência, Religião, Linguagem, Discussão, Petismo, Feminismo, Gayzismo, Criminalidade, Dominação, EUA, Libertação e Estudo. Cada um deles reúne um grupo de textos, e alguns se desdobram em subtemas, como a espetacular seleção de textos de “Revolução”, reunidos sob rubricas distintas, como, entre outras, Globalismo, Manipulação e Capitalistas X Revolucionários.
Vivemos tempos um tanto brutos, hostis ao pensamento. Vivemos a era em que o sentimento de “justiça” ou o de “igualdade” — com frequência, alheios ou mesmo refratários a qualquer noção de direito — reivindicam um estatuto moralmente superior a conceitos como verdade e realidade; estes seriam, por seu turno, meras construções subjetivas ou de classe, urdidas com o propósito de provocar a infelicidade geral. Olavo demole com precisão e brilho a avalanche de ideias prontas, tornadas influentes pelo “imbecil coletivo” e que vicejam muito especialmente na imprensa — fenômeno enormemente potencializado pelas redes sociais.
Em 2003, o jornal “O Globo” ainda publicava textos como “Orgulho do Fracasso”, de Olavo. E se podia ler (em azul):
Língua, religião e alta cultura são os únicos componentes de uma nação que podem sobreviver quando ela chega ao término da sua duração histórica. São os valores universais, que, por servirem a toda a humanidade e não somente ao povo em que se originaram, justificam que ele seja lembrado e admirado por outros povos. A economia e as instituições são apenas o suporte, local e temporário, de que a nação se utiliza para seguir vivendo enquanto gera os símbolos nos quais sua imagem permanecerá quando ela própria já não existir.
(…)
A experiência dos milênios, no entanto, pode ser obscurecida até tornar-se invisível e inconcebível. Basta que um povo de mentalidade estreita seja confirmado na sua ilusão materialista por uma filosofia mesquinha que tudo explique pelas causas econômicas. Acreditando que precisa resolver seus problemas materiais antes de cuidar do espírito, esse povo permanecerá espiritualmente rasteiro e nunca se tornará inteligente o bastante para acumular o capital cultural necessário à solução daqueles problemas. O pragmatismo grosso, a superficialidade da experiência religiosa, o desprezo pelo conhecimento, a redução das atividades do espírito ao mínimo necessário para a conquista do emprego (inclusive universitário), a subordinação da inteligência aos interesses partidários, tais são as causas estruturais e constantes do fracasso desse povo. Todas as demais explicações alegadas — a exploração estrangeira, a composição racial da população, o latifúndio, a índole autoritária ou rebelde dos brasileiros, os impostos ou a sonegação deles, a corrupção e mil e um erros que as oposições imputam aos governos presentes e estes aos governos passados — são apenas subterfúgios com que uma intelectualidade provinciana e acanalhada foge a um confronto com a sua própria parcela de culpa no estado de coisas e evita dizer a um povo pueril a verdade que o tornaria adulto: que a língua, a religião e a alta cultura vêm primeiro, a prosperidade depois.
(…)
Língua, religião e alta cultura são os únicos componentes de uma nação que podem sobreviver quando ela chega ao término da sua duração histórica. São os valores universais, que, por servirem a toda a humanidade e não somente ao povo em que se originaram, justificam que ele seja lembrado e admirado por outros povos. A economia e as instituições são apenas o suporte, local e temporário, de que a nação se utiliza para seguir vivendo enquanto gera os símbolos nos quais sua imagem permanecerá quando ela própria já não existir.
(…)
A experiência dos milênios, no entanto, pode ser obscurecida até tornar-se invisível e inconcebível. Basta que um povo de mentalidade estreita seja confirmado na sua ilusão materialista por uma filosofia mesquinha que tudo explique pelas causas econômicas. Acreditando que precisa resolver seus problemas materiais antes de cuidar do espírito, esse povo permanecerá espiritualmente rasteiro e nunca se tornará inteligente o bastante para acumular o capital cultural necessário à solução daqueles problemas. O pragmatismo grosso, a superficialidade da experiência religiosa, o desprezo pelo conhecimento, a redução das atividades do espírito ao mínimo necessário para a conquista do emprego (inclusive universitário), a subordinação da inteligência aos interesses partidários, tais são as causas estruturais e constantes do fracasso desse povo. Todas as demais explicações alegadas — a exploração estrangeira, a composição racial da população, o latifúndio, a índole autoritária ou rebelde dos brasileiros, os impostos ou a sonegação deles, a corrupção e mil e um erros que as oposições imputam aos governos presentes e estes aos governos passados — são apenas subterfúgios com que uma intelectualidade provinciana e acanalhada foge a um confronto com a sua própria parcela de culpa no estado de coisas e evita dizer a um povo pueril a verdade que o tornaria adulto: que a língua, a religião e a alta cultura vêm primeiro, a prosperidade depois.
(…)
Retomo
Grande Olavo de Carvalho! Dez anos depois, com o país nessa areia, como ignorar a força reveladora das palavras acima? Olhem à nossa volta. O que temos senão um governo incompetente, que fez refém ou tornou dependente (com Bolsa BNDES, Bolsa Juro, Bolsa Isenção Tributária) uma elite não muito iluminada, combatido, o que é pior, por uma oposição que não consegue encetar uma crítica que vá além do administrativismo sem imaginação, refratária ao debate, que foge do confronto de ideias como Lula foge dos livros e Dilma da sintaxe?
Grande Olavo de Carvalho! Dez anos depois, com o país nessa areia, como ignorar a força reveladora das palavras acima? Olhem à nossa volta. O que temos senão um governo incompetente, que fez refém ou tornou dependente (com Bolsa BNDES, Bolsa Juro, Bolsa Isenção Tributária) uma elite não muito iluminada, combatido, o que é pior, por uma oposição que não consegue encetar uma crítica que vá além do administrativismo sem imaginação, refratária ao debate, que foge do confronto de ideias como Lula foge dos livros e Dilma da sintaxe?
O país emburrece. Eu mesmo, mais de uma vez, em ambientes supostamente afeitos ao pensamento, à reflexão e à leitura, pude constatar o processo de satanização do contraditório. É mais difícil travar com intelectuais (ou, sei lá, com as classes supostamente ilustradas) um debate racional sobre a legalização do aborto do que com um homem ou uma mulher do povo, de instrução mediana. E não porque aqueles tenham os melhores argumentos. Ao contrário: têm os piores. Olham para a sua cara e dizem, com certo ar de trunfo, como se tivessem encontrado a verdade definitiva: “É uma questão dos direitos reprodutivos da mulher”. Digamos que fosse… Esses tais “direitos reprodutivos” teriam caído da árvore da vida, como caiu a maçã para Newton, ou são uma construção? Por que estaria acima do debate?
Mais um pouco das palavras irretocáveis de Olavo (em azul):
Na tipologia de Lukács, que distingue entre os personagens que sofrem porque sua consciência é mais ampla que a do meio em que vivem e os que não conseguem abarcar a complexidade do meio, a literatura brasileira criou um terceiro tipo: aquele cuja consciência não está nem acima nem abaixo da realidade, mas ao lado dela, num mundo à parte todo feito de ficções retóricas e afetação histriônica. Em qualquer outra sociedade conhecida, um tipo assim estaria condenado ao isolamento. Seria um excêntrico.
Na tipologia de Lukács, que distingue entre os personagens que sofrem porque sua consciência é mais ampla que a do meio em que vivem e os que não conseguem abarcar a complexidade do meio, a literatura brasileira criou um terceiro tipo: aquele cuja consciência não está nem acima nem abaixo da realidade, mas ao lado dela, num mundo à parte todo feito de ficções retóricas e afetação histriônica. Em qualquer outra sociedade conhecida, um tipo assim estaria condenado ao isolamento. Seria um excêntrico.
No Brasil, ao contrário, é o tipo dominante: o fingimento é geral, a fuga da realidade tornou-se instrumento de adaptação social. Mas adaptação, no caso, não significa eficiência, e sim acomodação e cumplicidade com o engano geral, produtor da geral ineficiência e do fracasso crônico, do qual em seguida se busca alívio em novas encenações, seja de revolta, seja de otimismo. Na medida em que se amolda à sociedade brasileira, a alma se afasta da realidade — e vice-versa. Ter a cabeça no mundo da lua, dar às coisas sistematicamente nomes falsos, viver num estado de permanente desconexão entre as percepções e o pensamento é o estado normal do brasileiro. O homem realista, sincero consigo próprio, direto e eficaz nas palavras e ações, é que se torna um tipo isolado, esquisito, alguém que se deve evitar a todo preço e a propósito do qual circulam cochichos à distância.
Meu amigo Andrei Pleshu, filósofo romeno, resumia: “No Brasil, ninguém tem a obrigação de ser normal.” Se fosse só isso, estaria bem. Esse é o Brasil tolerante, bonachão, que prefere o desleixo moral ao risco da severidade injusta. Mas há no fundo dele um Brasil temível, o Brasil do caos obrigatório, que rejeita a ordem, a clareza e a verdade como se fossem pecados capitais. O Brasil onde ser normal não é só desnecessário: é proibido. O Brasil onde você pode dizer que dois mais dois são cinco, sete ou nove e meio, mas, se diz que são quatro, sente nos olhares em torno o fogo do rancor ou o gelo do desprezo. Sobretudo se insiste que pode provar.
Sem ter em conta esses dados, ninguém entende uma só discussão pública no Brasil. Porque, quando um brasileiro reclama de alguma coisa, não é que ela o incomode de fato. Não é nem mesmo que exista. É apenas que ele gostaria de que existisse e fosse má, para pôr em evidência a bondade daquele que a condena. Tudo o que ele quer é dar uma impressão que, no fundo, tem pouco a ver com a coisa da qual fala. Tem a ver apenas com ele próprio, com sua necessidade de afeto, de aplauso, de aprovação. O assunto é mero pretexto para lançar, de maneira sutil e elegante, um apelo que em linguagem direta e franca o exporia ao ridículo.
Esse ardil psicológico funda-se em convenções provisórias, criadas de improviso pela mídia e pelo diz que diz, que apontam à execração do público umas tantas coisas das quais é bom falar mal. Pouco importa o que sejam. O que importa é que sua condenação forma um “topos”, um lugar-comum: um lugar no qual as pessoas se reúnem para sentir-se bem mediante discursos contra o mal. O sujeito não sabe, por exemplo, o que são transgênicos. Mas viu de relance, num jornal, que é coisa ruim. Melhor que coisa ruim: é coisa de má reputação. Falando contra ela, o cidadão sente-se igual a todo mundo, e rompe por instantes o isolamento que o humilha.
Essa solidariedade no fingimento é a base do convívio brasileiro, o pilar de geleia sobre o qual se constroem uma cultura e milhões de vidas. Em outros lugares as pessoas em geral discutem coisas que existem, e só as discutem porque perceberam que existem. Aqui as discussões partem de simples nomes e sinais, imediatamente associados a valores, ao ruim e ao bom, a despeito da completa ausência das coisas consideradas.
Não se lê, por exemplo, um só livro de história que não condene a “história oficial” — a história que celebra as grandezas da pátria e omite as misérias da luta de classes, do racismo, da opressão dos índios e da vil exploração machista. Em vão buscamos um exemplar da dita-cuja. Não há cursos, nem livros, nem institutos de história oficial. Por toda parte, nas obras escritas, nas escolas de crianças e nas academias de gente velha, só se fala da miséria da luta de classes, do racismo, de índios oprimidos e da vil exploração machista. Há quatro décadas a história militante que se opunha à história oficial já se tornou hegemônica e ocupou o espaço todo. Se há alguma história oficial, é ela própria.
Mas, sem uma história oficial para combater, ela perderia todo o encanto da rebeldia convencional, pondo à mostra os cabelos brancos que assinalam sua identidade de neo-oficialismo consagrado — balofo, repetitivo e caquético como qualquer academismo. Direi então que açoita um cavalo morto? Não é bem isso. Ela própria é um cavalo morto. Um cavalo morto que, para não admitir que está morto, escoiceia outro cavalo morto. Todo o “debate brasileiro” é uma troca de coices num cemitério de cavalos.
Encerro
Leia esse livro de Olavo de Carvalho. Ninguém, no Brasil, escreve com a sua força e a sua clareza. Tampouco parece fácil rivalizar com a sua cultura, fruto da dedicação, do trabalho no claustro, da aplicação, não da busca de brilharecos. Leia Olavo: contra o ódio, contra o óbvio, contra os idiotas e a favor de si mesmo.
Leia esse livro de Olavo de Carvalho. Ninguém, no Brasil, escreve com a sua força e a sua clareza. Tampouco parece fácil rivalizar com a sua cultura, fruto da dedicação, do trabalho no claustro, da aplicação, não da busca de brilharecos. Leia Olavo: contra o ódio, contra o óbvio, contra os idiotas e a favor de si mesmo.
sábado, 31 de agosto de 2013
Ad Hominem - Humanidades e outras Falácias: A Misericórdia de Maomé e as Nossas Criancinhas
Ad Hominem - Humanidades e outras Falácias: A Misericórdia de Maomé e as Nossas Criancinhas: Chegou-me aos olhos recentemente uma interessante anedota retirada da tradição islâmica sobre a sabedoria e a misericórdia de Maomé. Reprod...
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
segunda-feira, 19 de agosto de 2013
AntenA CristÃ: Estudar antes de falar
AntenA CristÃ: Estudar antes de falar: por Olavo de Carvalho | Diário do Comércio O caminho mais curto para a destruição da democracia é fomentar o banditismo por meio da cul...
SAAE de Formiga MG passa a produzir cloro para uso na ETA
http://www.saaeformiga.com.br/
SAAE passa a produzir cloro para uso na ETA
Os reservatórios instalados na Estação de Tratamento. |
Com medida autarquia irá economizar mais de 100 mil reais por ano.
O SAAE (Sistema Autônomo de Água e Esgoto) de Formiga conta com mais uma mudança que melhorará a qualidade do serviço prestado ao município. A partir desta semana, o cloro utilizado na etapa de desinfecção da água será produzido na própria ETA (Estação de Tratamento de Água) da autarquia, por meio da eletrólise do cloreto de sódio (sal de cozinha).
O químico responsável pela ETA, Flávio Leonildo de Melo, começou a estruturar o projeto em fevereiro deste ano. Para o processo ser executado, o SAAE adquiriu um gerador de cloro. Trata-se de um conjunto de equipamentos formado por tanques de reservação de cloro e de salmora, dosadoras de água, de cloro e de salmora e dois analisadores de cloro, dentre outros. Todo esse maquinário já foi instalado pela empresa Hidrogeron, de Arapongas, no Paraná. Na manhã desta segunda-feira, 18 servidores do SAAE, entre operadores da ETA e eletricistas, passaram por um treinamento.
Flávio Leonildo ressalta que a nova maneira de trabalhar, além de ser ambientalmente mais indicada, só trará benefícios. "O gerador de cloro nos proporcionará mais segurança na parte operacional, já que os funcionários não terão mais contato direto com o cloro puro", afirmou.
Além disso, a autarquia oferecerá um produto de melhor qualidade, pois será possível administrar de forma mais exata, a dosagem do cloro residual. Essa mudança acarretará ainda em uma economia para o SAAE. Flávio calcula que haverá uma redução de gastos em torno de R$ 10 mil reais por mês, o que em um ano ultrapassa R$ 100 mil.
De acordo com Flávio, o gerador de cloro permitirá ter informações completas. "A água produzida na ETA continuará sendo analisada 24 horas por dia, mas agora de forma mais segura, prática e moderna, já que o equipamento possui mecanismos diferenciados", salientou.
Como funciona
O cloro é um componente essencial na etapa de desinfecção da água e atua junto a produtos como o sulfato de alumínio, aplicado na limpeza da água, e a cal hidratada, que corrige a acidez. Até então, o serviço era feito de maneira diferente. Diariamente, os operadores usavam hipoclorito de cálcio, adquirido em tabletes, e faziam a dosagem manual do cloro, através de um dosador instalado na Estação de Tratamento. A análise da água ocorria de duas em duas horas, para que fosse possível efetuar as correções necessárias.
A partir de agora, o sal é dosado num tanque de salmora, o que resulta em uma solução de 30% de cloreto de sódio. Essa solução é encaminhada para o reator, na proporção de 10% de salmora para 90% de água. Assim, o reator produz hipoclorito de sódio como fonte de cloro ativo. O hipoclorito vai para o tanque de armazenamento, já dosado na água de forma automática. Todo esse percurso é sempre comandado pelo analisador de cloro, que emite as informações para análise.
O SAAE (Sistema Autônomo de Água e Esgoto) de Formiga conta com mais uma mudança que melhorará a qualidade do serviço prestado ao município. A partir desta semana, o cloro utilizado na etapa de desinfecção da água será produzido na própria ETA (Estação de Tratamento de Água) da autarquia, por meio da eletrólise do cloreto de sódio (sal de cozinha).
O químico responsável pela ETA, Flávio Leonildo de Melo, começou a estruturar o projeto em fevereiro deste ano. Para o processo ser executado, o SAAE adquiriu um gerador de cloro. Trata-se de um conjunto de equipamentos formado por tanques de reservação de cloro e de salmora, dosadoras de água, de cloro e de salmora e dois analisadores de cloro, dentre outros. Todo esse maquinário já foi instalado pela empresa Hidrogeron, de Arapongas, no Paraná. Na manhã desta segunda-feira, 18 servidores do SAAE, entre operadores da ETA e eletricistas, passaram por um treinamento.
Flávio Leonildo ressalta que a nova maneira de trabalhar, além de ser ambientalmente mais indicada, só trará benefícios. "O gerador de cloro nos proporcionará mais segurança na parte operacional, já que os funcionários não terão mais contato direto com o cloro puro", afirmou.
Além disso, a autarquia oferecerá um produto de melhor qualidade, pois será possível administrar de forma mais exata, a dosagem do cloro residual. Essa mudança acarretará ainda em uma economia para o SAAE. Flávio calcula que haverá uma redução de gastos em torno de R$ 10 mil reais por mês, o que em um ano ultrapassa R$ 100 mil.
De acordo com Flávio, o gerador de cloro permitirá ter informações completas. "A água produzida na ETA continuará sendo analisada 24 horas por dia, mas agora de forma mais segura, prática e moderna, já que o equipamento possui mecanismos diferenciados", salientou.
Como funciona
O cloro é um componente essencial na etapa de desinfecção da água e atua junto a produtos como o sulfato de alumínio, aplicado na limpeza da água, e a cal hidratada, que corrige a acidez. Até então, o serviço era feito de maneira diferente. Diariamente, os operadores usavam hipoclorito de cálcio, adquirido em tabletes, e faziam a dosagem manual do cloro, através de um dosador instalado na Estação de Tratamento. A análise da água ocorria de duas em duas horas, para que fosse possível efetuar as correções necessárias.
A partir de agora, o sal é dosado num tanque de salmora, o que resulta em uma solução de 30% de cloreto de sódio. Essa solução é encaminhada para o reator, na proporção de 10% de salmora para 90% de água. Assim, o reator produz hipoclorito de sódio como fonte de cloro ativo. O hipoclorito vai para o tanque de armazenamento, já dosado na água de forma automática. Todo esse percurso é sempre comandado pelo analisador de cloro, que emite as informações para análise.
domingo, 18 de agosto de 2013
Roberto Cavalcanti: Das Restrições às Organizações Não Governamentais ...
Roberto Cavalcanti: Das Restrições às Organizações Não Governamentais ...: Eduardo Banks Filósofo e Escritor Resumo: O objetivo deste ensaio é mostrar que a atuação de Organizações Não Governamenta...
sábado, 17 de agosto de 2013
RESPOSTAS A PENTELHAÇÕES - Capítulo N+1 Por Olavo de Carvalho
RESPOSTAS A PENTELHAÇÕES - Capítulo N+1
[Advirto que o cidadão mencionado neste capítulo não é um pentelho completo. É apenas um semipentelho.]
Prezado André Simões,
Obrigado por escrever sobre a minha pessoa (em http://hu.livroseafins.com/olavo-de-carvalho/)
sem ódio ostensivo nem deformações psicóticas demasiado vistosas, e até
sem medo de, entre uma crítica e outra, louvar em público algum detalhe
que lhe parece meritório na minha atuação pública. Isso é mais do que
geralmente posso esperar de qualquer jornalista brasileiro.
No
entanto, você ainda ficou bem abaixo daquele patamar mínimo de
honestidade que um autor tem o direito de exigir dos críticos da sua
obra.
Desde logo, ao confessar que não leu meus livros, nem meus
artigos, nem apostilas de meus cursos, que no fim das contas não conhece
nada do que escrevi e que tudo o que fez foi assistir pela internet a
uns vídeos de meus programas de rádio pelo período de exatamente um dia e
nada mais, você é notavelmente eufemístico ao reconhecer que “os
admiradores do Olavo de Carvalho me diriam, com razão, que é uma amostra
insuficiente de seu trabalho para a emissão de qualquer juízo
significativo”.
Não, André. Essa amostra não é “insuficiente”. É
totalmente inadequada. Não tem o menor cabimento que um autor, após ter
dedicado toda a sua vida à construção de uma obra de jornalista,
escritor, professor e filósofo, seja julgado por seu hobby tardio,
casual e episódico de radialista. É como se Winston Churchill tivesse
toda a sua carreira de escritor e político avaliada pelos quadros que
pintou na velhice. E avaliada nem mesmo por um critico que examinasse
esses quadros um por um, com critério de connoisseur e historiador, mas
por um transeunte acidental que espiasse alguns deles a esmo numa
galeria, durante umas poucas horas.
Ademais, você insinua que só “os
admiradores de Olavo de Carvalho” exigiriam mais criteriosidade da sua
parte. Não, de novo não, André. Quem a exige é a formação de jornalista
que você diz ter. Um jornalista simplesmente não faz o que você fez, a
não ser que, como aconteceu com todos os membros da sua geração, antes
de ingressar na faculdade de jornalismo tenha sido alfabetizado pelo
método socioconstrutivista, tornando-se para sempre desprovido do senso
das proporções, entre outras habilidades requeridas para a compreensão
dos fatos e dos escritos.
Pois o tom do que você escreve não é o de
quem critica o conteúdo de dois ou três programas de rádio sem nada
prejulgar do que foi dito fora deles, mas, bem ao contrário, o de quem,
com base nesse material irrisório, diagnostica e mede a inteligência e a
idoneidade de uma pessoa inteira – pessoa que, nesses programas, nunca
teve a menor pretensão de ali expor suas concepções filosóficas ou mesmo
análises políticas, apenas a de emitir às pressas observações casuais
sobre acontecimentos na semana e respostas a e-mails recebidos.
Nisso, aliás, o que você escreveu se enquadra num gênero jornalístico
que vem se tornando epidêmico no mundo bloguístico: são artigos, uns
mais longos, outros mais curtos, que não discutem uma ou outra opinião
minha, mas, em bloco, julgam “o Olavo de Carvalho” sem precisar analisar
em profundidade nada do que ele tenha dito ou feito, e, na quase
totalidade dos casos, baseando-se na mesma fonte que você usou: meia
dúzia de programas de rádio, reforçados por duas ou três fofocas ouvidas
a meu respeito na internet. Com base nisso, concluem cientificamente
que nunca exponho idéias nem apresento argumentos contra aqueles de quem
discordo: só os xingo e deprecio. É evidente que tais apreciações, por
sua vez, não merecem nenhum exame demorado, e xingá-las seria até mesmo
conceder-lhes uma honra imerecida. No entanto, mais de uma vez, com
paciência de Jó, examinei algumas em profundidade, tomando-as como
sinais e sintomas de um estado de debacle mental geral brasileira, que,
no todo, é indescritível.
Além de a fonte em si ser imprópria para o
tipo de julgamento de conjunto que você quis fazer, resta o fato de que
nem mesmo essa fonte foi usada de maneira adequada, isto é,
investigando e levando em conta a natureza dela e o lugar que ocupa no
conjunto do meu trabalho.
Desde os primeiros programas, que você
decerto nem mesmo procurou ouvir, adverti repetidamente que o “True
Outspeak” não se dirigia ao público em geral, mas a um círculo de alunos
e de leitores habituais, e que sua finalidade era apenas fornecer, com a
agilidade da expressão oral, a resposta a consultas que me chegavam por
e-mail em número maior do que eu poderia responder por escrito. Mesmo o
que ali parece simples comentário de alguma notícia é sempre resposta
ao remetente que me enviou essa notícia e pediu que eu a comentasse. É
uma conversa entre amigos, repleta portanto de subentendidos que o
recém-chegado nem sempre capta à primeira audição, mas sem os quais ela
pode se tornar motivo de malentendidos, malgrado a aparente facilidade
da linguagem informal aí utilizada.
Como você só agora entrou no rol dos meus ouvintes, decerto não teve ciência desse aviso.
Essa orientação que adotei exige algumas premissas que, para aquele círculo de pessoas, se tornaram óbvias e costumeiras.
Desde logo, TUDO o que digo no programa é apenas exemplificação rápida,
sumária e informal, humorística e despretensiosa, de coisas que, nos
meus livros, aulas e artigos, já expliquei com mais detalhe e demonstrei
com mais rigor.
O autor de quinze livros, dois mil artigos de mídia
e quase quarenta mil páginas de aulas transcritas, indexadas e
catalogadas, tem o direito de presumir que seus ouvintes habituais,
afeitos como estão ao trato desse material, não julgarão suas opiniões
só pela versão monstruosamente compactada de um improviso oral – às
vezes de dois minutos ou menos para cada tema --, mas, em caso de dúvida
ou estranheza, tratarão de investigar se não falei do mesmo assunto em
outros lugares, dando-lhe fundamentação mais sólida e às vezes uma
justificação cabal.
Assim, afirmações que aos ouvidos do
recém-chegado pareçam estranhas, heterodoxas ou até mesmo absurdas
acabarão se revelando no mínimo sensatas e razoáveis, e às vezes até
óbvias e patentes, tão logo o interessado, em vez de julgar pela
primeira impressão, tenha a gentileza de escavar um pouco mais fundo e
descobrir o que mais eu possa ter dito a respeito em circunstâncias mais
formais e exigentes do que uma conversa humorística pelo rádio.
A falta desse complemento pode levar a conclusões bem erradas, como por exemplo esta:
“Olavo, no entanto, também é absurdo quando coloca, como indício de
relação necessária entre homossexualismo e pedofilia, o fato de Luiz
Mott, líder brasileiro do movimento gay, ter dado depoimento à televisão
enquanto, distraidamente, alisava a estátua de uma criança, na parte
equivalente à bunda. Ora, mesmo se Mott registrasse em três vias que é
homossexual e pedófilo, inferir essa relação seria leviano.”
Meus
alunos e meus leitores habituais sabem que nada inferi de um exemplo
fortuito; que, naquele comentário, eu aludia um assunto já amplamente
exposto em aula, isto é, às pesquisas da Dra. Judith Reisman, uma
cientista de reputação mundial, a respeito do caráter francamente
pedófilo do IMAGINÁRIO CULTURAL gayzista, uma relação que ela comprovou
pelo exame de milhares de livros, filmes e revistas que colecionou ao
longo de quarenta anos, a maior documentação textual e iconográfica
sobre esse tema já reunida neste mundo. A tese jamais foi contestada
seriamente, nem creio que possa sê-lo jamais.
Quem quer que tenha
ouvido aquele programa sabendo dessa retaguarda, o que era sem dúvida o
caso do público específico a que eu me dirigia, entendeu na hora que se
tratava apenas de acrescentar mais um exemplo à coleção da dra. Judith, e
não de generalizar a partir de um exemplo isolado, como você insinua.
Ademais, se você prestar atenção ao que eu disse ali, verá que não
sugeri nem de longe que o sr. Mott FOSSE pedófilo pessoalmente; afirmei
somente que ele FAZIA PROPAGANDA E APOLOGIA da prática pedófila, coisa
que se depreende imediatamente da imagem transmitida: ninguém, ao falar
de sexo, afaga ao mesmo tempo o traseiro de uma estátua de bebê pelado
se não visa a sugerir que traseiros de bebês são objetos de desejo
sexual como quaisquer outros. Principalmente porque a estátua não estava
ali como coisa neutra, parte acidental do cenário como uma cadeira ou
uma mesa, e sim como peça da coleção de arte erótica a que o sr. Mott
naquele momento aludia, peça escolhida para representar sinteticamente a
coleção inteira.
Em nenhum momento sugeri que essa imagem fosse,
como você diz, ´ “indício de relação necessária entre homossexualismo e
pedofilia”, mesmo porque, como estudioso de lógica, sei que não existem
“indícios de uma relação necessária”: todo indício só pode ser de uma
relação possível ou no máximo provável (você reconhece que não leu
nenhum livro meu, mas o “Aristóteles em Nova Perspectiva” poderia
ajudá-lo a não cair nesse erro).
Mas nem essa possibilidade afirmei,
limitando-me à exata leitura fenomenológica da imagem apresentada,
imagem que, ao apresentar um traseiro de bebê como objeto banal e
improblemático de desejo erótico, dessensibiliza o público para o horror
da pedofilia e lhe sugere que se trata de uma relação sexual como
qualquer outra.
Eu seria um louco se, dessa imagem, extraísse a
conclusão de que o sr. Mott é pedófilo, e mais ainda se insinuasse
alguma “relação necessária”. Mas seria um idiota se me impedisse de ver
nela um intuito apologético que a própria imagem estampa da maneira mais
patente e descarada, e se, por respeito devoto e temor reverencial ao
movimento gayzista, me forçasse a não enxergar ali nada mais que uma
pura e inocente coincidência, tornando-me assim personagem da “boutade”
de Groucho Marx: “Afinal, você vai acreditar em mim ou nos seus próprios
olhos?”
Por mais que você se recuse a enxergar com seus próprios
olhos e prefira fazê-los com os de uma convenção politicamente correta,
não é possível negar que o simples fato de uma estátua de bebê pelado
estar numa coleção de arte erótica supõe que bebês pelados sejam objetos
de desejo erótico. Será tão difícil entender isso?
Com toda a
evidência você inflou o significado das minhas palavras, até mesmo
recorrendo ao oxímoro “indício de relação necessária” para transformar
numa absurdidade ofensiva algo que não passava da interpretação adequada
do sentido de uma imagem.
Se errou primeiro ao dar por pressuposto
que o meu rápido comentário a respeito era auto-suficiente, sem
retaguarda mais séria, errou de novo ao dar às minhas palavras uma
interpretação hiperbolicamente distorcida, típico “boneco de palha” da
retórica tradicional.
Pergunto eu: se você não fez isso por ter uma
hostilidade irracional à minha pessoa, como de fato parece que não tem,
por que o fez então? Só pode ser por um motivo: seu temor de parecer
antipático aos homossexuais leva-o a interpretar como absurdidade,
imediatamente e sem exame lógico suficiente, o que quer que se diga
contra o movimento gayzista. Examine bem a origem das suas reações, e
verá que, se não é isso, é alguma coisa do mesmo tipo.
A mesma reação observa-se no argumento flagrantemente absurdo que você apresenta neste parágrafo:
“O mesmo se pode dizer em relação ao seguinte desafio proposto a Jean
Wyllys: responder como, usando uma extensão de raciocínio, uma vez que a
“cura gay” está desautorizada, profissionais da saúde poderiam tratar
de alguém que chegasse ao consultório dizendo sofrer pela condição de
masturbador compulsivo, e por isso solicitando ajuda. Não seria uma
interferência indevida num comportamento sexual?... Se o deputado do
PSOL ainda não respondeu, permitir-me-ei tomar o lugar dele, em termos
do gosto de Olavo de Carvalho: se um camarada chega a um consultório
dizendo que dá o cu, não há o que se tratar; se ele diz que fode
bucetas, também não; se ele diz que se masturba, qualquer profissional
razoável dirá que isso é normal. Agora, se o sujeito diz que está dando
tanto o rabo que não consegue mais sentar, temos algo a se ver; se diz
que fode tantas bucetas que não teve tempo para ir ao serviço e perdeu o
emprego, o caso requer atenção; se diz que soca tanta bronha que teve
apagadas as digitais e a linha da vida, melhor lhe dar ouvidos. O
problema não é o cu, a buceta ou a mão, mas sim a compulsão sexual.”
Em primeiro lugar, você confunde compulsão com dano físico ou social
resultante. Qualquer pessoa pode ter uma conduta compulsiva durante
décadas, em segredo e sem que dela resulte nenhum dos efeitos
catastróficos visíveis que você exemplifica, e ainda assim desejar
livrar-se da compulsão, pelo simples fato de que ela o humilha por
dentro, contraria os seus valores morais ou o impede de realizar algum
ideal de vida. Ou por qualquer outra razão. Uma conduta não é compulsiva
pelos seus efeitos, muito menos pelos seus efeitos espetaculares, mas
pelo simples fato de ser indesejada e ao mesmo tempo irreprimível ou
difícil de reprimir.
Em segundo lugar, dizer que o problema não está
nesta ou naquela prática sexual e sim na compulsão é puro “flatus
vocis”. Por definição, ninguém pede ajuda profissional para livrar-se de
um impulso qualquer quando pode controlá-lo por suas próprias forças.
Qualquer conduta sexual que leva alguém a um consultório psiquiátrico ou
psicológico é necessariamente compulsiva.
Em terceiro, você nem
percebe que seu raciocínio não reforça a posição do sr. Wyllys e sim a
minha: se uma conduta sexual deve poder ser objeto de tratamento não por
ser esta ou aquela em particular e sim por ser compulsiva, isto é,
indesejada e difícil de controlar, não há qualquer diferença, sob esse
aspecto, entre o homossexualismo, a masturbação, o exibicionismo ou
qualquer outra prática sexual. Basta o paciente querer mudar de conduta e
ter dificuldade para isso, para que o seu direito a tratamento e o
direito de o médico ou psicólogo lhe dar esse tratamento estejam
automaticamente assegurados pela lei, pela lógica e por qualquer senso
moral razoável.
Aqui, novamente, seu temor de parecer
anti-homossexual leva-o a cometer um erro indigno da sua inteligência,
que parece ficar paralisada quando toca nesses assuntos.
Se há algo
que destrói uma inteligência pela raiz é o desejo de parecer normal e
aceitável a um grupo de referência ou mesmo a um círculo de pessoas
queridas. Isso é o que leva alguém a condenar imediatamente, e sem
julgamento, qualquer afirmativa que lhe pareça contrariar o “senso
comum” das pessoas que ele considera sérias e confiáveis.
Por
exemplo, você se refere a “episódios lamentáveis em que ele, diletante
do rigor científico, apressadamente propaga boatos hilariantes de
internet (“estão usando fetos para adoçar Pepsi”), sem nem pensar em
checar fontes, conferir dados…
Checar fontes? Conferir dados? Você
me viu, na tela, manuseando a papelada das fontes que utilizo para cada
programa, umas cem páginas em geral. Teve o cuidado de me perguntar que
fontes eram essas? Teve o cuidado de checá-las? Que nada! Ouviu algum
boboca dizer que o caso are apenas uma lenda internética, e
imediatamente subscreveu essa opinião com a maior leviandade, e ainda se
fazendo de jornalista sério ao alegar que quem não “checa fontes” e não
“confere dados” sou eu, NO MESMO MOMENTO EM QUE VOCÊ MESMO INCORRIA
NESSES DELITOS.
Você não parece ser comunista, mas, nesse ponto e em
muitos outros, segue à risca a fórmula leninista: “Acuse-os do que você
faz, xingue-os do que você é.”
Ora, eu vivo nos EUA, acompanhei
esse caso desde as suas origens até a carta final em que a Pepsi, após
ter financiado as pesquisas da Senomix com células fetais e sofrido
boicote dos consumidores por essa razão ao longo de todo um ano,
respondendo-lhes com um silêncio desdenhoso e suspeitíssimo, se
comprometia a exigir que essa empresa não usasse aquelas células,
encerrando assim a controvérsia.
Por sorte, costumo guardar todos os
recortes e links que uso como material de referência no True Outspeak,
em geral mais de cem páginas para cada programa. Embora você tenha me
visto na tela manejando essa papelada, deu por pressuposto que eu nem
tinha fontes confiáveis nem as havia conferido umas com as outras. De
onde você tirou essa idéia? Do fato de que eu falasse sobre cada assunto
apenas dois ou três minutos, sem mencionar as fontes? Pois veja aqui
algumas delas. Há no meio alguns artigos publicados em blogs, sim, mas
também artigos de grandes jornais e documentos de fonte primária
(cartas, publicações oficiais) que você desconhece por completo e a
respeito dos quais se pronuncia “sem nem pensar em checar fontes,
conferir dados…”:
• http://www.washingtontimes.com/news/2012/apr/30/pro-lifers-drop-pepsi-boycott/ (um mês antes este mesmo jornal havia negado que o problema existisse).
• http://www.realfarmacy.com/pepsico-says-it-will-halt-use-of-aborted-fetal-cells-in-flavor-research/
• http://www.cogforlife.org/2011/06/06/senomyx-and-pepsis-public-deception-all-the-proof-you-need/
• http://www.naturalnews.com/035276_Pepsi_fetal_cells_business_operations.html#ixzz2bzpPR2ET
• http://online.wsj.com/article/SB10001424052748704554104575435312538637530.html
• http://www.cogforlife.org/wordpress/wp-content/uploads/2012/05/pepsiSEC.pdf
• http://www.cogforlife.org/wordpress/wp-content/uploads/2012/04/pepsiresponse.pdf
• http://www.cogforlife.org/wordpress/wp-content/uploads/2012/05/PepsiToSEC0001.pdf
• http://patft.uspto.gov/netacgi/nph-Parser?Sect1=PTO2&Sect2=HITOFF&u=%2Fnetahtml%2FPTO%2Fsearch-adv.htm&r=0&p=1&f=S&l=50&Query=Senomyx&d=PTXT
• http://www.cogforlife.org/per-c6-hek-293/
Desqualificar informações sob a alegação de que são “fofocas da
internet” é um dos chavões mais recorrentes neste mundo. Os que o
empregam não são pessoas que pesquisaram por si mesmas, mas gente que
tem pavor de contrariar a opinião bem-pensante, o politicamente correto,
o “normal”, e julgam tudo por uma impressão de verossimilhança,
expressando-se porém em termos que simulam uma escrupulosidade
intelectual irretocável. Exatamente como você faz. Responda
sinceramente: você conhecia alguma destas fontes? Investigou
pessoalmente o caso? Ou atribui a mim uma conduta que é a sua?
Mais
errado ainda você se torna quando, baseado no seu exame de um dia, emite
julgamentos como este: “É como se, para discordar de Olavo de Carvalho,
o sujeito precisasse entender todas as referências e citações de seu
discurso (algumas vagamente relacionadas ao tema em questão).”
Você
quer dizer que no decorrer de um só dia examinou todas essas referências
e citações ou pelo menos um alto número delas e comprovou, caso por
caso, que eram só “vagamente relacionadas ao tema em questão”, usadas
portanto apenas para intimidar o adversário e dar impressão de cultura, e
não obras essenciais que nenhum debatedor acadêmico do assunto teria o
direito de ignorar?
Você sabe que não fez isso. Você sabe que não
examinou referência nenhuma. Você sabe que da maioria delas, ou de
todas, ouviu falar pela primeira vez no meu programa e nem imagina que
conteúdo possam ter. Você sabe que não tem a menor idéia da relação
entre essas referências e cada assunto abordado, e no entanto posa de
examinador sério e experiente que, do alto de um rigor intelectual
admirável, julga e condena as leviandades de um principiante.
É puro teatro, e você sabe que é.
Mais teatro ainda é este julgamento : “Sua postura, no mínimo
indiferente, mas talvez incentivadora, frente à veneração religiosa que
seus ‘seguidores’ lhe prestam é inadequada para um católico.”
Você
quer mesmo fazer crer que, à mera audição de uns programas meus durante,
você já entendeu não só a minha mentalidade, mas também os sentimentos
íntimos de milhares de meus alunos e leitores a respeito da minha
pessoa?
Pergunto eu: Quantos deles você entrevistou, analisou,
comparou? Quantos depoimentos leu? Tem motivos sérios, intelectualmente
relevantes, para acreditar que expressam apenas emoções fantasiosas e
não alguma gratidão natural e razoável por benefícios reais recebidos?
Tem alguma prova disso em pelo menos um único caso? Teve, durante as
suas extensas pesquisas de um só dia, a oportunidade de examinar um
único caso concreto e concluir que a admiração ou carinho que a pessoa
demonstrava por mim era desarrazoada, insensata, sem motivo, puro
frenesi místico-religioso? Ou é tudo conjetura da sua parte, imaginação,
chute? Você sabe que é. Não minta para você mesmo.
Por fim, é
também pura afetação e fingimento a seguinte afirmação peremptória:
“Algumas de suas predições, a partir de indícios dispersos, beiram o
delírio.” Diga uma, então. Cite uma delas, uma só, e prove, com algo
melhor do que “indícios dispersos”, que ela não tem base, que é louca,
ridícula, impossível de se cumprir.
Você não faz isso. Não faz
porque não pode. E não pode porque nem teve tempo de pensar no assunto,
nem dispõe da mais mínima informação capaz de impugnar qualquer
conclusão que eu tenha obtido de qualquer fonte que seja. De novo, apela
a um chavão que se dá por autoprobante, e solta um julgamento genérico
no ar sem poder descer a detelhes concretos, pela simples razão de que
não tem nenhum.
Você não me parece ter nenhuma prevenção contra mim
nem ser um sujeito mal intencionado. Por que então se suja dessa
maneira? Com certeza é porque, quando admira alguém, tem pavor de passar
por fanático devoto, e tem de entremear as expressões de louvor com
alguma crítica, mesmo puramente inventada, só para dar a impressão de
que “pensa por si próprio”. É frescura típica de brasileiro.
Somada
ao tom de superioridade condescendente com que você me concede algumas
virtudes, o efeito é de uma incongruência grotesca, que nem por lhe
escapar por completo deixa de ser visível para terceiros.
Você
mostrou ser suficientemente inteligente para notar que não sou burro,
mas não inteligente o bastante para perceber que é mais burro que eu.
Mutatis mutandis, é honesto o bastante para notar que não sou cem por
cento desonesto, mas não é honesto ao ponto de perceber que a sua
honestidade ao falar de mim não chega a noventa, nem setenta, nem
cinqüenta por cento. Se o percebesse, sentiria estar falando de alguém
que lhe é superior, e essa é uma experiência que o brasileiro de hoje em
dia evita com horror e repugnância indescritíveis, porque ela o exporia
à acusação de “idolatria” e “devoção religiosa” da parte de outros que
sentem exatamente como ele. Cada um vê-se diariamente tentado a olhar no
espelho e perguntar: “Espelho, espelho meu, existe alguém mais
inteligente, honesto e confiável do que eu?” Mas não chega a fazer isso,
porque sabe que a resposta o jogaria num estado de depressão
inconsolável.
Com meus melhores votos,
Olavo de Carvalho
[Advirto que o cidadão mencionado neste capítulo não é um pentelho completo. É apenas um semipentelho.]
Prezado André Simões,
Obrigado por escrever sobre a minha pessoa (em http://hu.livroseafins.com/olavo-de-carvalho/) sem ódio ostensivo nem deformações psicóticas demasiado vistosas, e até sem medo de, entre uma crítica e outra, louvar em público algum detalhe que lhe parece meritório na minha atuação pública. Isso é mais do que geralmente posso esperar de qualquer jornalista brasileiro.
No entanto, você ainda ficou bem abaixo daquele patamar mínimo de honestidade que um autor tem o direito de exigir dos críticos da sua obra.
Desde logo, ao confessar que não leu meus livros, nem meus artigos, nem apostilas de meus cursos, que no fim das contas não conhece nada do que escrevi e que tudo o que fez foi assistir pela internet a uns vídeos de meus programas de rádio pelo período de exatamente um dia e nada mais, você é notavelmente eufemístico ao reconhecer que “os admiradores do Olavo de Carvalho me diriam, com razão, que é uma amostra insuficiente de seu trabalho para a emissão de qualquer juízo significativo”.
Não, André. Essa amostra não é “insuficiente”. É totalmente inadequada. Não tem o menor cabimento que um autor, após ter dedicado toda a sua vida à construção de uma obra de jornalista, escritor, professor e filósofo, seja julgado por seu hobby tardio, casual e episódico de radialista. É como se Winston Churchill tivesse toda a sua carreira de escritor e político avaliada pelos quadros que pintou na velhice. E avaliada nem mesmo por um critico que examinasse esses quadros um por um, com critério de connoisseur e historiador, mas por um transeunte acidental que espiasse alguns deles a esmo numa galeria, durante umas poucas horas.
Ademais, você insinua que só “os admiradores de Olavo de Carvalho” exigiriam mais criteriosidade da sua parte. Não, de novo não, André. Quem a exige é a formação de jornalista que você diz ter. Um jornalista simplesmente não faz o que você fez, a não ser que, como aconteceu com todos os membros da sua geração, antes de ingressar na faculdade de jornalismo tenha sido alfabetizado pelo método socioconstrutivista, tornando-se para sempre desprovido do senso das proporções, entre outras habilidades requeridas para a compreensão dos fatos e dos escritos.
Pois o tom do que você escreve não é o de quem critica o conteúdo de dois ou três programas de rádio sem nada prejulgar do que foi dito fora deles, mas, bem ao contrário, o de quem, com base nesse material irrisório, diagnostica e mede a inteligência e a idoneidade de uma pessoa inteira – pessoa que, nesses programas, nunca teve a menor pretensão de ali expor suas concepções filosóficas ou mesmo análises políticas, apenas a de emitir às pressas observações casuais sobre acontecimentos na semana e respostas a e-mails recebidos.
Nisso, aliás, o que você escreveu se enquadra num gênero jornalístico que vem se tornando epidêmico no mundo bloguístico: são artigos, uns mais longos, outros mais curtos, que não discutem uma ou outra opinião minha, mas, em bloco, julgam “o Olavo de Carvalho” sem precisar analisar em profundidade nada do que ele tenha dito ou feito, e, na quase totalidade dos casos, baseando-se na mesma fonte que você usou: meia dúzia de programas de rádio, reforçados por duas ou três fofocas ouvidas a meu respeito na internet. Com base nisso, concluem cientificamente que nunca exponho idéias nem apresento argumentos contra aqueles de quem discordo: só os xingo e deprecio. É evidente que tais apreciações, por sua vez, não merecem nenhum exame demorado, e xingá-las seria até mesmo conceder-lhes uma honra imerecida. No entanto, mais de uma vez, com paciência de Jó, examinei algumas em profundidade, tomando-as como sinais e sintomas de um estado de debacle mental geral brasileira, que, no todo, é indescritível.
Além de a fonte em si ser imprópria para o tipo de julgamento de conjunto que você quis fazer, resta o fato de que nem mesmo essa fonte foi usada de maneira adequada, isto é, investigando e levando em conta a natureza dela e o lugar que ocupa no conjunto do meu trabalho.
Desde os primeiros programas, que você decerto nem mesmo procurou ouvir, adverti repetidamente que o “True Outspeak” não se dirigia ao público em geral, mas a um círculo de alunos e de leitores habituais, e que sua finalidade era apenas fornecer, com a agilidade da expressão oral, a resposta a consultas que me chegavam por e-mail em número maior do que eu poderia responder por escrito. Mesmo o que ali parece simples comentário de alguma notícia é sempre resposta ao remetente que me enviou essa notícia e pediu que eu a comentasse. É uma conversa entre amigos, repleta portanto de subentendidos que o recém-chegado nem sempre capta à primeira audição, mas sem os quais ela pode se tornar motivo de malentendidos, malgrado a aparente facilidade da linguagem informal aí utilizada.
Como você só agora entrou no rol dos meus ouvintes, decerto não teve ciência desse aviso.
Essa orientação que adotei exige algumas premissas que, para aquele círculo de pessoas, se tornaram óbvias e costumeiras.
Desde logo, TUDO o que digo no programa é apenas exemplificação rápida, sumária e informal, humorística e despretensiosa, de coisas que, nos meus livros, aulas e artigos, já expliquei com mais detalhe e demonstrei com mais rigor.
O autor de quinze livros, dois mil artigos de mídia e quase quarenta mil páginas de aulas transcritas, indexadas e catalogadas, tem o direito de presumir que seus ouvintes habituais, afeitos como estão ao trato desse material, não julgarão suas opiniões só pela versão monstruosamente compactada de um improviso oral – às vezes de dois minutos ou menos para cada tema --, mas, em caso de dúvida ou estranheza, tratarão de investigar se não falei do mesmo assunto em outros lugares, dando-lhe fundamentação mais sólida e às vezes uma justificação cabal.
Assim, afirmações que aos ouvidos do recém-chegado pareçam estranhas, heterodoxas ou até mesmo absurdas acabarão se revelando no mínimo sensatas e razoáveis, e às vezes até óbvias e patentes, tão logo o interessado, em vez de julgar pela primeira impressão, tenha a gentileza de escavar um pouco mais fundo e descobrir o que mais eu possa ter dito a respeito em circunstâncias mais formais e exigentes do que uma conversa humorística pelo rádio.
A falta desse complemento pode levar a conclusões bem erradas, como por exemplo esta:
“Olavo, no entanto, também é absurdo quando coloca, como indício de relação necessária entre homossexualismo e pedofilia, o fato de Luiz Mott, líder brasileiro do movimento gay, ter dado depoimento à televisão enquanto, distraidamente, alisava a estátua de uma criança, na parte equivalente à bunda. Ora, mesmo se Mott registrasse em três vias que é homossexual e pedófilo, inferir essa relação seria leviano.”
Meus alunos e meus leitores habituais sabem que nada inferi de um exemplo fortuito; que, naquele comentário, eu aludia um assunto já amplamente exposto em aula, isto é, às pesquisas da Dra. Judith Reisman, uma cientista de reputação mundial, a respeito do caráter francamente pedófilo do IMAGINÁRIO CULTURAL gayzista, uma relação que ela comprovou pelo exame de milhares de livros, filmes e revistas que colecionou ao longo de quarenta anos, a maior documentação textual e iconográfica sobre esse tema já reunida neste mundo. A tese jamais foi contestada seriamente, nem creio que possa sê-lo jamais.
Quem quer que tenha ouvido aquele programa sabendo dessa retaguarda, o que era sem dúvida o caso do público específico a que eu me dirigia, entendeu na hora que se tratava apenas de acrescentar mais um exemplo à coleção da dra. Judith, e não de generalizar a partir de um exemplo isolado, como você insinua.
Ademais, se você prestar atenção ao que eu disse ali, verá que não sugeri nem de longe que o sr. Mott FOSSE pedófilo pessoalmente; afirmei somente que ele FAZIA PROPAGANDA E APOLOGIA da prática pedófila, coisa que se depreende imediatamente da imagem transmitida: ninguém, ao falar de sexo, afaga ao mesmo tempo o traseiro de uma estátua de bebê pelado se não visa a sugerir que traseiros de bebês são objetos de desejo sexual como quaisquer outros. Principalmente porque a estátua não estava ali como coisa neutra, parte acidental do cenário como uma cadeira ou uma mesa, e sim como peça da coleção de arte erótica a que o sr. Mott naquele momento aludia, peça escolhida para representar sinteticamente a coleção inteira.
Em nenhum momento sugeri que essa imagem fosse, como você diz, ´ “indício de relação necessária entre homossexualismo e pedofilia”, mesmo porque, como estudioso de lógica, sei que não existem “indícios de uma relação necessária”: todo indício só pode ser de uma relação possível ou no máximo provável (você reconhece que não leu nenhum livro meu, mas o “Aristóteles em Nova Perspectiva” poderia ajudá-lo a não cair nesse erro).
Mas nem essa possibilidade afirmei, limitando-me à exata leitura fenomenológica da imagem apresentada, imagem que, ao apresentar um traseiro de bebê como objeto banal e improblemático de desejo erótico, dessensibiliza o público para o horror da pedofilia e lhe sugere que se trata de uma relação sexual como qualquer outra.
Eu seria um louco se, dessa imagem, extraísse a conclusão de que o sr. Mott é pedófilo, e mais ainda se insinuasse alguma “relação necessária”. Mas seria um idiota se me impedisse de ver nela um intuito apologético que a própria imagem estampa da maneira mais patente e descarada, e se, por respeito devoto e temor reverencial ao movimento gayzista, me forçasse a não enxergar ali nada mais que uma pura e inocente coincidência, tornando-me assim personagem da “boutade” de Groucho Marx: “Afinal, você vai acreditar em mim ou nos seus próprios olhos?”
Por mais que você se recuse a enxergar com seus próprios olhos e prefira fazê-los com os de uma convenção politicamente correta, não é possível negar que o simples fato de uma estátua de bebê pelado estar numa coleção de arte erótica supõe que bebês pelados sejam objetos de desejo erótico. Será tão difícil entender isso?
Com toda a evidência você inflou o significado das minhas palavras, até mesmo recorrendo ao oxímoro “indício de relação necessária” para transformar numa absurdidade ofensiva algo que não passava da interpretação adequada do sentido de uma imagem.
Se errou primeiro ao dar por pressuposto que o meu rápido comentário a respeito era auto-suficiente, sem retaguarda mais séria, errou de novo ao dar às minhas palavras uma interpretação hiperbolicamente distorcida, típico “boneco de palha” da retórica tradicional.
Pergunto eu: se você não fez isso por ter uma hostilidade irracional à minha pessoa, como de fato parece que não tem, por que o fez então? Só pode ser por um motivo: seu temor de parecer antipático aos homossexuais leva-o a interpretar como absurdidade, imediatamente e sem exame lógico suficiente, o que quer que se diga contra o movimento gayzista. Examine bem a origem das suas reações, e verá que, se não é isso, é alguma coisa do mesmo tipo.
A mesma reação observa-se no argumento flagrantemente absurdo que você apresenta neste parágrafo:
“O mesmo se pode dizer em relação ao seguinte desafio proposto a Jean Wyllys: responder como, usando uma extensão de raciocínio, uma vez que a “cura gay” está desautorizada, profissionais da saúde poderiam tratar de alguém que chegasse ao consultório dizendo sofrer pela condição de masturbador compulsivo, e por isso solicitando ajuda. Não seria uma interferência indevida num comportamento sexual?... Se o deputado do PSOL ainda não respondeu, permitir-me-ei tomar o lugar dele, em termos do gosto de Olavo de Carvalho: se um camarada chega a um consultório dizendo que dá o cu, não há o que se tratar; se ele diz que fode bucetas, também não; se ele diz que se masturba, qualquer profissional razoável dirá que isso é normal. Agora, se o sujeito diz que está dando tanto o rabo que não consegue mais sentar, temos algo a se ver; se diz que fode tantas bucetas que não teve tempo para ir ao serviço e perdeu o emprego, o caso requer atenção; se diz que soca tanta bronha que teve apagadas as digitais e a linha da vida, melhor lhe dar ouvidos. O problema não é o cu, a buceta ou a mão, mas sim a compulsão sexual.”
Em primeiro lugar, você confunde compulsão com dano físico ou social resultante. Qualquer pessoa pode ter uma conduta compulsiva durante décadas, em segredo e sem que dela resulte nenhum dos efeitos catastróficos visíveis que você exemplifica, e ainda assim desejar livrar-se da compulsão, pelo simples fato de que ela o humilha por dentro, contraria os seus valores morais ou o impede de realizar algum ideal de vida. Ou por qualquer outra razão. Uma conduta não é compulsiva pelos seus efeitos, muito menos pelos seus efeitos espetaculares, mas pelo simples fato de ser indesejada e ao mesmo tempo irreprimível ou difícil de reprimir.
Em segundo lugar, dizer que o problema não está nesta ou naquela prática sexual e sim na compulsão é puro “flatus vocis”. Por definição, ninguém pede ajuda profissional para livrar-se de um impulso qualquer quando pode controlá-lo por suas próprias forças. Qualquer conduta sexual que leva alguém a um consultório psiquiátrico ou psicológico é necessariamente compulsiva.
Em terceiro, você nem percebe que seu raciocínio não reforça a posição do sr. Wyllys e sim a minha: se uma conduta sexual deve poder ser objeto de tratamento não por ser esta ou aquela em particular e sim por ser compulsiva, isto é, indesejada e difícil de controlar, não há qualquer diferença, sob esse aspecto, entre o homossexualismo, a masturbação, o exibicionismo ou qualquer outra prática sexual. Basta o paciente querer mudar de conduta e ter dificuldade para isso, para que o seu direito a tratamento e o direito de o médico ou psicólogo lhe dar esse tratamento estejam automaticamente assegurados pela lei, pela lógica e por qualquer senso moral razoável.
Aqui, novamente, seu temor de parecer anti-homossexual leva-o a cometer um erro indigno da sua inteligência, que parece ficar paralisada quando toca nesses assuntos.
Se há algo que destrói uma inteligência pela raiz é o desejo de parecer normal e aceitável a um grupo de referência ou mesmo a um círculo de pessoas queridas. Isso é o que leva alguém a condenar imediatamente, e sem julgamento, qualquer afirmativa que lhe pareça contrariar o “senso comum” das pessoas que ele considera sérias e confiáveis.
Por exemplo, você se refere a “episódios lamentáveis em que ele, diletante do rigor científico, apressadamente propaga boatos hilariantes de internet (“estão usando fetos para adoçar Pepsi”), sem nem pensar em checar fontes, conferir dados…
Checar fontes? Conferir dados? Você me viu, na tela, manuseando a papelada das fontes que utilizo para cada programa, umas cem páginas em geral. Teve o cuidado de me perguntar que fontes eram essas? Teve o cuidado de checá-las? Que nada! Ouviu algum boboca dizer que o caso are apenas uma lenda internética, e imediatamente subscreveu essa opinião com a maior leviandade, e ainda se fazendo de jornalista sério ao alegar que quem não “checa fontes” e não “confere dados” sou eu, NO MESMO MOMENTO EM QUE VOCÊ MESMO INCORRIA NESSES DELITOS.
Você não parece ser comunista, mas, nesse ponto e em muitos outros, segue à risca a fórmula leninista: “Acuse-os do que você faz, xingue-os do que você é.”
Ora, eu vivo nos EUA, acompanhei esse caso desde as suas origens até a carta final em que a Pepsi, após ter financiado as pesquisas da Senomix com células fetais e sofrido boicote dos consumidores por essa razão ao longo de todo um ano, respondendo-lhes com um silêncio desdenhoso e suspeitíssimo, se comprometia a exigir que essa empresa não usasse aquelas células, encerrando assim a controvérsia.
Por sorte, costumo guardar todos os recortes e links que uso como material de referência no True Outspeak, em geral mais de cem páginas para cada programa. Embora você tenha me visto na tela manejando essa papelada, deu por pressuposto que eu nem tinha fontes confiáveis nem as havia conferido umas com as outras. De onde você tirou essa idéia? Do fato de que eu falasse sobre cada assunto apenas dois ou três minutos, sem mencionar as fontes? Pois veja aqui algumas delas. Há no meio alguns artigos publicados em blogs, sim, mas também artigos de grandes jornais e documentos de fonte primária (cartas, publicações oficiais) que você desconhece por completo e a respeito dos quais se pronuncia “sem nem pensar em checar fontes, conferir dados…”:
• http://www.washingtontimes.com/news/2012/apr/30/pro-lifers-drop-pepsi-boycott/ (um mês antes este mesmo jornal havia negado que o problema existisse).
• http://www.realfarmacy.com/pepsico-says-it-will-halt-use-of-aborted-fetal-cells-in-flavor-research/
• http://www.cogforlife.org/2011/06/06/senomyx-and-pepsis-public-deception-all-the-proof-you-need/
• http://www.naturalnews.com/035276_Pepsi_fetal_cells_business_operations.html#ixzz2bzpPR2ET
• http://online.wsj.com/article/SB10001424052748704554104575435312538637530.html
• http://www.cogforlife.org/wordpress/wp-content/uploads/2012/05/pepsiSEC.pdf
• http://www.cogforlife.org/wordpress/wp-content/uploads/2012/04/pepsiresponse.pdf
• http://www.cogforlife.org/wordpress/wp-content/uploads/2012/05/PepsiToSEC0001.pdf
• http://patft.uspto.gov/netacgi/nph-Parser?Sect1=PTO2&Sect2=HITOFF&u=%2Fnetahtml%2FPTO%2Fsearch-adv.htm&r=0&p=1&f=S&l=50&Query=Senomyx&d=PTXT
• http://www.cogforlife.org/per-c6-hek-293/
Desqualificar informações sob a alegação de que são “fofocas da internet” é um dos chavões mais recorrentes neste mundo. Os que o empregam não são pessoas que pesquisaram por si mesmas, mas gente que tem pavor de contrariar a opinião bem-pensante, o politicamente correto, o “normal”, e julgam tudo por uma impressão de verossimilhança, expressando-se porém em termos que simulam uma escrupulosidade intelectual irretocável. Exatamente como você faz. Responda sinceramente: você conhecia alguma destas fontes? Investigou pessoalmente o caso? Ou atribui a mim uma conduta que é a sua?
Mais errado ainda você se torna quando, baseado no seu exame de um dia, emite julgamentos como este: “É como se, para discordar de Olavo de Carvalho, o sujeito precisasse entender todas as referências e citações de seu discurso (algumas vagamente relacionadas ao tema em questão).”
Você quer dizer que no decorrer de um só dia examinou todas essas referências e citações ou pelo menos um alto número delas e comprovou, caso por caso, que eram só “vagamente relacionadas ao tema em questão”, usadas portanto apenas para intimidar o adversário e dar impressão de cultura, e não obras essenciais que nenhum debatedor acadêmico do assunto teria o direito de ignorar?
Você sabe que não fez isso. Você sabe que não examinou referência nenhuma. Você sabe que da maioria delas, ou de todas, ouviu falar pela primeira vez no meu programa e nem imagina que conteúdo possam ter. Você sabe que não tem a menor idéia da relação entre essas referências e cada assunto abordado, e no entanto posa de examinador sério e experiente que, do alto de um rigor intelectual admirável, julga e condena as leviandades de um principiante.
É puro teatro, e você sabe que é.
Mais teatro ainda é este julgamento : “Sua postura, no mínimo indiferente, mas talvez incentivadora, frente à veneração religiosa que seus ‘seguidores’ lhe prestam é inadequada para um católico.”
Você quer mesmo fazer crer que, à mera audição de uns programas meus durante, você já entendeu não só a minha mentalidade, mas também os sentimentos íntimos de milhares de meus alunos e leitores a respeito da minha pessoa?
Pergunto eu: Quantos deles você entrevistou, analisou, comparou? Quantos depoimentos leu? Tem motivos sérios, intelectualmente relevantes, para acreditar que expressam apenas emoções fantasiosas e não alguma gratidão natural e razoável por benefícios reais recebidos? Tem alguma prova disso em pelo menos um único caso? Teve, durante as suas extensas pesquisas de um só dia, a oportunidade de examinar um único caso concreto e concluir que a admiração ou carinho que a pessoa demonstrava por mim era desarrazoada, insensata, sem motivo, puro frenesi místico-religioso? Ou é tudo conjetura da sua parte, imaginação, chute? Você sabe que é. Não minta para você mesmo.
Por fim, é também pura afetação e fingimento a seguinte afirmação peremptória: “Algumas de suas predições, a partir de indícios dispersos, beiram o delírio.” Diga uma, então. Cite uma delas, uma só, e prove, com algo melhor do que “indícios dispersos”, que ela não tem base, que é louca, ridícula, impossível de se cumprir.
Você não faz isso. Não faz porque não pode. E não pode porque nem teve tempo de pensar no assunto, nem dispõe da mais mínima informação capaz de impugnar qualquer conclusão que eu tenha obtido de qualquer fonte que seja. De novo, apela a um chavão que se dá por autoprobante, e solta um julgamento genérico no ar sem poder descer a detelhes concretos, pela simples razão de que não tem nenhum.
Você não me parece ter nenhuma prevenção contra mim nem ser um sujeito mal intencionado. Por que então se suja dessa maneira? Com certeza é porque, quando admira alguém, tem pavor de passar por fanático devoto, e tem de entremear as expressões de louvor com alguma crítica, mesmo puramente inventada, só para dar a impressão de que “pensa por si próprio”. É frescura típica de brasileiro.
Somada ao tom de superioridade condescendente com que você me concede algumas virtudes, o efeito é de uma incongruência grotesca, que nem por lhe escapar por completo deixa de ser visível para terceiros.
Você mostrou ser suficientemente inteligente para notar que não sou burro, mas não inteligente o bastante para perceber que é mais burro que eu. Mutatis mutandis, é honesto o bastante para notar que não sou cem por cento desonesto, mas não é honesto ao ponto de perceber que a sua honestidade ao falar de mim não chega a noventa, nem setenta, nem cinqüenta por cento. Se o percebesse, sentiria estar falando de alguém que lhe é superior, e essa é uma experiência que o brasileiro de hoje em dia evita com horror e repugnância indescritíveis, porque ela o exporia à acusação de “idolatria” e “devoção religiosa” da parte de outros que sentem exatamente como ele. Cada um vê-se diariamente tentado a olhar no espelho e perguntar: “Espelho, espelho meu, existe alguém mais inteligente, honesto e confiável do que eu?” Mas não chega a fazer isso, porque sabe que a resposta o jogaria num estado de depressão inconsolável.
Com meus melhores votos,
Olavo de Carvalho
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