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terça-feira, 28 de setembro de 2010

Quem manda nesta coisa

É esse o homem que hoje, diante de acusações mais que justas - e dirigidas nem mesmo a ele, mas à sua candidata -, choraminga, num show de autopiedade histérica, que levou mais chibatadas que Jesus Cristo e, ao mesmo tempo que clama pelo controle estatal da mídia.

As denúncias que hoje circulam contra o PT, e que tanto enfurecem o sr. Presidente da República, não se comparam, em número e virulência, às que o próprio PT espalhou na mídia e alardeou no Parlamento, ao longo de vinte anos, destruindo ou subjugando as lideranças políticas que pudessem se opor aos seus intentos.

Se hoje um Collor, um Sarney, um Maluf e inumeráveis líderes empresariais beijam a mão do presidente da República (como até o valentão Antônio Carlos Magalhães chegou a beijá-la pouco antes de morrer), é porque o partido dele lhes mostrou quem é o chefe, quem é que manda nesta coisa. E o mostrou a gritos e cusparadas, à força de acusações escabrosas, ameaças e escândalos fabricados, tão numerosos e persistentes que os anos 90 ficariam marcados como a década da bandalheira se depois não viessem o Mensalão, os dólares na cueca, os assassinatos dos prefeitos de Campinas e Santo André, etc. etc., reduzindo a corrupção anterior à escala de roubo de chicletes na cantina da escola.

Ao queixar-se da mídia, o sr. Presidente se esquece de que foi ela a sua principal aliada não só na destruição maciça de reputações perigosas, mas na construção da imagem do PT como paladino da justiça, sem o que jamais esse partido poderia ter chegado ao poder em 2002 nas asas da "Campanha pela Ética na Política", uma apoteose de denuncismo e moralismo hipócrita como raramente se viu.

Sem a transformação da mídia inteira em instrumento da indústria petista do escândalo, o sr. Presidente não teria chegado a ser o sr. Presidente: seria o derrotado de sempre até o momento em que seu partido, superando a repugnância da esquerda pela tradição udenista de combate à corrupção, descobriu o poder criador da difamação e da calúnia.
Longe de tratar o sr. Presidente a chicotadas, como ele se queixa, a mídia, que o criou, sempre procurou poupá-lo e afagá-lo. Vocês já se esqueceram do petismo desbragado da Globo, a mais poderosa rede de TV do País, onde até poucos anos atrás não se podia falar do "presidente operário" sem voz embargada e lágrimas mal contidas de comoção cívica?

Naquela época, o sr. Lula não falava de "mídia golpista" nem se queixava de que "oito famílias" monopolizavam a imprensa deste país. Ele deixava isso para os "radicais", para os jovens enragés que rosnavam no fundo do porão da esquerda, enquanto ele, apadrinhado e beneficiário número um do monopólio, brilhava no palco com a nova identidade tranquilizante de "Lulinha Paz e Amor", pronto a imitar mais tarde o discurso dos enfezados, quando o fim do segundo mandato lhe desse certeza de não precisar mais da ajuda dos protetores de ontem. Em setembro de 2004 escrevi: "No tempo de Collor, a conversa vagamente suspeita entreouvida por um motorista indiscreto desencadeou a mais vasta investigação que já se fez contra um presidente. Hoje em dia, seis testemunhas mortas no caso Celso Daniel não abalam em nada a reputação de governantes ungidos pelo dom da inatacabilidade intrínseca."

Referindo-me às CPIs de 1993, quando os srs. Dirceu e Mercadante berravam acusações do alto das tribunas como se fossem reencarnações de Marat e Robespierre, prossegui: "É impossível não perceber, hoje, que tudo isso foi apenas um pretexto para aplanar a estrada para o PT, colocá-lo no poder e nunca mais fazer perguntas, aceitando dos novos patrões, com docilidade incuriosa e muda, condutas muito mais suspeitas e extravagantes que as de todos os seus antecessores."

Assim foi em todos os escândalos do governo Lula. Por mais que se revelassem os crimes dos aliados e colaboradores mais próximos do sr. Presidente, o cuidado obsessivo da mídia era um só: preservar a pessoa dele, aceitar como cláusula pétrea do jornalismo nacional a hipótese louca de que ele nunca, nunca sabia de nada.

É esse o homem que hoje, diante de acusações mais que justas - e dirigidas nem mesmo a ele, mas à sua candidata -, choraminga, num show de autopiedade histérica, que levou mais chibatadas que Jesus Cristo e, ao mesmo tempo que clama pelo controle estatal da mídia, diz que o exercício do mero direito de cobrar explicações do seu partido é "uma ameaça à liberdade de imprensa".

Vejam a enxurrada de livros investigativos que espalharam acusações temíveis contra Fernando Collor, contra os militares, contra o Congresso, contra as empreiteiras, e comparem-na ao destino do livro que ousou provar a responsabilidade do sr. Presidente no caso do Mensalão: "O Chefe", de Ivo Patarra, não encontrou um só editor com coragem para publicá-lo. Circula pela internet, como um sussurro proibido.

Liberto de adversários substantivos e elevado ao posto supremo da Nação pelos bons serviços da mídia, esse homem se acostumou de tal modo à subserviência da classe jornalística que já não suporta da parte dela a menor desobediência. E de nada adianta apelar à "opinião pública". Ele, e só ele, é a opinião pública.

Mas, afinal, quem criou as condições para isso foi a própria mídia. Invertendo o senso moral normal, que desprezava os medalhões de cabeça oca e louvava os pobres estudiosos, ela convenceu o país inteiro de que a coisa mais linda, mais louvável, mais meritória, é subir na vida permanecendo analfabeto. Se você cria um monstrengo desses, não tem muito direito de reclamar quando ele, inflado dos aplausos imerecidos com que você mesmo o alimentou, manda você calar a boca e proclama que quem manda é ele.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O Clube Bilderberger

Fonte: http://www.midiasemmascara.org/artigos/globalismo/11461-o-clube-bilderberger.html

Os integrantes do Clube de Bilderber tem como obejtivo livrar o mundo dos estados-nação, estabelecendo em seu lugar, por via de conseqüência, uma nova ordem mundial, com um só governo, um só exército e uma só religião.
A primeira vez que ouvi falar do Clube Bilderberger (pela boca do meu amigo Olavo de Carvalho), pensei que se tratasse de uma cervejaria alemã ou mesmo, quem sabe, de algum sofisticado antro de prostituição nos confins da Europa ocidental: Clu-be Bil-der-ber-ger... Clu-be Bil-der-ber-ger... - bem, não se esquece fácil um nome desses.
Passou-se. Outro dia, transitando pela intransitável cidade de São Paulo, entrei num velho sebo e dei de cara com uma cópia xerocada do livro "A verdadeira história do Clube Bilderberger", do jornalista e dissidente russo Daniel Estulin, com tradução de Ignácio Trofino e Marta-Ingrid Rebon, publicado pela Editorial Planeta, em 2005. Comprei-a no ato. O Clube Bilderberger é tudo aquilo que acreditamos só existir na literatura fantástica ou nas narrativas de Ian Fleming, o criador do mirabolante James Bond. Mas o livro de Estulin, tristemente verdadeiro, é um relatório minucioso sobre a natureza e os propósitos da gente mais poderosa (e rica) da face da terra, que se reúne secretamente para decidir, desde meados dos anos 1950, os destinos econômicos, políticos e sociais da humanidade.
Os agregados do Clube Bilderberger e seus serviçais acusam Daniel Estulin de ser um teórico da conspiração - mas o mundo que o jornalista investiga e denuncia com paixão bate perfeitamente com a realidade que nos circunda, motivo pelo qual ficamos apreensivos com a leitura do seu livro. Mais do que apreensivos, atordoados.
Pelo que levantou Estulin, o Clube foi fundado entre os dias 29 e 31 de maio de 1954, numa reunião secreta realizada no Hotel Bilderberger, na cidade de Oosterbecke, nos Países Baixos. O organizador do evento foi o incrível príncipe Bernardo de Holanda. Participaram do encontro - e do Clube se fizeram sócios - cerca de 100 representantes da elite dirigente, empresarial e financeira do Ocidente, escolhidos a dedo pelos trilionários Laurence Rockefeller e Lorde Rothschild - os banqueiros da assombrosa armação.
Ocorreu o seguinte: ao analisar os rascunhos das atas do primeiro encontro do CB, Estulin descobriu que a maior preocupação dos bilderbergers, tanto dos Estados Unidos quanto da Europa, era a de que os poderosos do século não estavam coordenando como deviam "os assuntos de importância crítica" que rachavam o mundo do pós-guerra. Diante de tal constatação, os membros do Clube partiram para a execução de um plano que tem por objetivo livrar o mundo do Estado-nação, estabelecendo em seu lugar, por via de conseqüência, uma Nova Ordem Mundial, cujas metas são as seguintes:
1 - Firmar um só governo planetário com um único mercado globalizado, com um só exército e uma única moeda regulada por um Banco Mundial.
2 - Firmar uma só igreja universal que canalizará as pessoas para crença em uma Nova Ordem Mundial. As demais religiões deverão ser destruídas.
3 - Criação de serviços internacionais que partam para a destruição de qualquer tipo de identidade nacional, através da subversão da nacionalidade. Só serão permitidos o florescer e o culto de valores universais.
4 - A intensificação do controle de toda a humanidade através dos meios de manipulação mental. Este plano já está definido no livro "Technotronie Era", de Zbignew Breezinski, um filiado do Clube e impulsor do Instituto Tavistock (de lavagem cerebral), radicado em Londres. Na vigência da Nova Ordem Mundial não haverá classe média. Só governados (serventes) e governantes.
5 - A vigência de uma sociedade pós-industrial de crescimento zero, que acabará com a industrialização e a produção de energia elétrica nuclear - exceto para as indústrias de ordenadores e serviços. (As indústrias canadenses e americanas porventura existentes serão exportadas para os países pobres e de mão de obra barata).
6 - O crescimento zero se faz necessário para se destruir os vestígios de prosperidade, bem como dividir os proprietários dos escravos, visto que quando há prosperidade, há progresso - o que torna muito mais difícil a repressão e o controle social.
7 - Cabe incluir nisso o despovoamento das grandes cidades, segundo o experimento levado a cabo no Camboja pelo ditador Pol Pot. (Como se sabe, os planos genocidas de Pot foram desenhados pelo Clube de Roma).
8 - Efetivação da morte de quatro bilhões de pessoas (às quais Henry Kissinger e David Rockefeller chamavam de "estômagos imprestáveis") por meio da guerra, da fome e de enfermidades criadas em laboratórios.
Isto estaria previsto para acontecer por volta de 2050. "Dos 2 bilhões de pessoas restantes, 500 milhões pertencerão às raças chinesas e japonesas, que se salvarão graças à sua grande capacidade de obediência junto às autoridades" - segundo previsto no relatório "Global 2000 Report", aprovado pelo ex-presidente americano Jimmy Carter (e referendado pelo seu Secretário de Estado Edwin Muskie), no qual se especula que a população dos Estados Unidos será reduzida, em 2050, a 100 milhões de pessoas.
9 - Intensificação de crises artificiais para manter as pessoas em um perpétuo estado de desequilíbrio físico, mental e emocional. Elas (as crises) confundirão e desmoralizarão as populações, evitando-se, assim, que decidam sobre o seu próprio destino - o que dará lugar a uma apatia em escala massiva.
10 - Efetivação de um férreo controle sobre a educação, com o propósito de destruí-la. Uma das razões da existência da União Européia dá-se pelo sistemático programa de "emburrecimento" dos seus habitantes. Embora pareça incrível, tal esforço, para os bilderbergers, já vem obtendo "bons frutos". A juventude de hoje, siderada pela "magia" do rock, ignora por completo a História, o real sentido das liberdades individuais e o significado mesmo do conceito de liberdade. Para os globalistas do CB, fica muito mais fácil lutar contra oponentes sem princípios.
11 - Fomentar e intensificar o controle da política externa e interna dos Estados Unidos, Canadá e Europa - esse já em andamento através da União Européia.
12 - Ampliar os recursos financeiros da ONU a fim de torná-la mais poderosa para que se converta num efetivo Governo Mundial. Uma medida importante para se chegar a esse estágio é a criação de um imposto direto sobre o salário do "cidadão mundial".
13 - Afirmação de uma Corte Internacional de Justiça com um só sistema legal.
14 - Formatação de um estado do bem-estar socialista no qual se recompensará o cidadão obediente e se punirá, até pelo extermínio, o sujeito inconformado.
Esta monstruosa agenda traçada para o estabelecimento de uma Nova Ordem Mundial, cujos principais itens podem ser considerados como "de direita", saíram, na verdade, da cabeça dos "socialistas fabianos" que compõem a maioria dos integrantes do Clube Bilderberger, todos partidários entusiastas de um governo mundial de corte elitista.
De como os bilderbergers estão agindo para fechar o cerco e tomar conta do mundo, mais rápido do que se imagina, só trataremos no nosso próximo artigo.
Até lá.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Razão, racionalidade, racionalismo

via perspectivas de O. Braga em 18/09/10

1 Hoje é vulgar ouvirmos dizer que é preciso ter uma “mente aberta”. Porém, normalmente o que se quer dizer com “mente aberta” é sinónimo de ausência de espírito crítico, e sem um espírito crítico a mente fecha-se no “dogma da mente aberta”. Mente aberta deve, pelo contrário, significar abertura e predisposição à análise crítica, e não aceitação passiva ou permissividade crítica.
Mais grave ainda é quando, implícita ou explicitamente, nos dizem que ter a “mente aberta” é sinónimo de rejeição da lógica, por um lado, e a imposição quase absoluta da nossa subjectividade em relação ao objectivo e ao concreto, por outro; criamos assim um nosso sistema privado de ideias, desfasado e mesmo divorciado do real (da realidade). A cristalização de cada uma das nossas teorias privadas, fechadas na nossa subjectividade, serve um propósito de dogmatização da cultura por via negativa, que leva a um totalitarismo político através da eliminação da intersubjectividade e da objectividade (atomização da sociedade).
A primeira coisa que as ideologias políticas totalitárias têm que fazer é eliminar o espírito crítico em circulação na sociedade, convencendo os cidadãos de que possuir um espírito critico é sinónimo absoluto da aceitação passiva de um determinado sistema de ideias diabolizado pela ideologia, ou uma determinada mundividência. Criou-se, pois, o “dogma da mente aberta” que se fecha em relação à realidade. Ter uma “mente aberta” passou a ser aceitar sem criticar.

2 A realidade é indefinível — não podemos definir a realidade. Apenas podemos experienciar a realidade, ter experiência dela, experimentá-la. Podemos tentar descrever partes da realidade, que é o que a razão humana faz — e, concomitantemente a verdadeira ciência —, mas não podemos explicar os fundamentos da realidade, em parte ou no todo. Portanto, qualquer teoria que pretenda reduzir a realidade a uma parte transforma-se em um sistema ideológico dogmático que serve propósitos de alienação humana, e contribui para um totalitarismo ideológico e político.
3 Quando falamos em razão, normalmente falamos exclusivamente em razão humana, como se não fosse possível a existência ou a concepção de razão sem o Homem. Parte-se, assim, do princípio de que antes do Homem existir na Terra, não havia razão no universo; é a ideia de que foi o Homem que criou a razão, e a razão é somente e apenas um atributo humano, como se toda a realidade extra-humana fosse irracional, e apenas existisse razão na espécie humana — e aqui começamos a notar a diferença entre a razão ou racionalidade, por um lado, e racionalização e racionalismo, por outro.
Este erro de concepção da razão — segundo o qual a razão é exclusivamente humana e só apareceu com o Homem — é partilhado pelas mentes mais brilhantes do presente e do passado, e leva a uma espécie de solipsismo da razão que é a causa de uma série de teorias filosóficas erradas, para além de ser a causa das doenças da razão, como o racionalismo, a deificação da razão e a instrumentalização política da razão.
4 A razão é essencialmente baseada na lógica que existe independentemente da existência humana. Antes do Homem surgir na Terra, a lógica já existia, e existiu pelo menos a partir do primeiro segundo após o Big Bang. Porém, não podemos dizer, com toda a certeza, que a lógica que o Homem pressente, aplica e utiliza, é toda a lógica existente no universo — e eventualmente para além deste. Podemos e devemos, neste sentido, falar em lógica humana no sentido da lógica percebida pelo ser humano, assim como podemos falar em razão humana como sendo a razão inerente à condição humana.
5 A razão humana pode ser definida como sendo a relação entre as exigências lógicas humanas e os dados provenientes do mundo dos fenómenos e da existência, conforme percebidos pelo Homem. A esta razão humana, chamamos de racionalidade.
6 Se o universo é finito (porque teve um começo) é previsível a sua extinção. Neste sentido, podemos dizer, ad liminem, que não existe nada que seja absolutamente certo no universo e na existência, convicção esta que decorre da própria finitude do universo e da existência.
Porém, é certo que enquanto o universo dura, a razão humana detecta e experimenta alguns princípios primeiros dados como certos e axiomáticos: por exemplo é uma evidência que a soma dos ângulos internos de um qualquer triângulo é sempre de 180 graus; e é uma evidência que “nenhum facto pode ser verdadeiro ou real, ou nenhum juízo pode ser correcto, sem uma razão suficiente” (Leibniz); ou que h2=a2 + b2 quando aplicado a triângulo recto; etc.
Portanto, podemos dizer que existem coisas ou concepções que são certas enquanto durar a existência e o universo. Estas concepções primordiais não são propriamente científicas, no sentido da ciência do Homem : são axiomáticas, isto é, existem independentemente da ciência humana e do Homem.
7 A racionalidade (ou razão humana) produz sistemas coerentes de ideias, a que chamamos de teorias. Segundo o teorema de Gödel (ou Goedel), é impossível a um sistema demonstrar a sua não contradição pelos seus próprios meios.
Por exemplo, se tivermos um computador programado para simular a actividade cerebral, com um software que o submeta a um rigoroso determinismo no respeitante ao seu funcionamento e à interactividade com o exterior, o computador não conseguiria calcular num tempo T o que ele próprio seria num tempo T+1.
O nosso computador só poderia fazer esse cálculo se estivesse ligado a um outro computador de ordem superior, mas este último computador também não se determinaria a si mesmo sem a ajuda de um computador de ordem superior. E assim consecutivamente.
O teorema de Goedel demonstra não só que a filosofia e a ciência não se devem fechar em sistemas que não permitem a sua actualização, mas também o facto de um aparente determinismo poder ser posto em causa por uma visão de ordem superior da realidade.
8 Já vimos (ponto 3 e 4) que existe uma diferença entre a noção de razão humana (racionalidade) e o conceito de razão universal entendida no absoluto do espaço-tempo e mesmo Além-espaço-tempo. Este conceito não é passível de definição (para que se pudesse transformar, assim, em uma noção) porque desconhecemos os contornos do seu conteúdo; apenas o podemos conceber (conceito) por dedução lógica. A razão universal confunde-se com a própria realidade.
Quando Hegel dizia que “o que é real é racional, e o que é racional é real”, esta proposição seria verdadeira — no sentido da lógica — se o racional abarcasse o conceito de razão universal e independente do Homem, e o real fosse entendido como a realidade não passível de definição pelo ser humano. Porém, ainda hoje não se sabe muito bem se Hegel se referia, ou não, à razão estritamente humana.
O racionalismo surge quando um sistema de ideias (teoria) é considerado provado para sempre. A partir daqui, a razão humana divorcia-se da realidade e da experiência humana. Porém, é um erro de determinados filósofos ilustres considerar os primeiros princípios — cf. ponto 6 — como produto de alguma teoria ou sistema de ideias. Os princípios axiomáticos, como a lógica, não são sujeitos a flutuações conceptuais de acordo com as teorias humanas e ao sabor dos tempos; o que aconteceu foi que o Homem construiu, sobre os princípios da lógica e sobre os axiomas universais, as suas teorias e sistemas. Em princípio, desconhecemos se os princípios da lógica humana são totalmente coincidentes com a lógica universal, mas tudo aponta para que assim não aconteça.
9 O racionalismo é a noção segundo a qual a realidade se reduz a um determinado sistema de ideias (ou método de racionalização) — que é sempre parcelar e não apreende nunca a realidade na sua totalidade. O cientismo é a crença segundo a qual o conhecimento científico positivista — e particularmente o das ciências da natureza — é não só a mais alta como mesmo a única forma de conhecimento.
Tal como o racionalismo, a manipulação política da razão e da ciência, e o cientismo, são doenças da razão.

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quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O erro da teoria científica de Stephen Hawking

via perspectivas de O. Braga em 06/09/10

No seguimento deste postal, gostaria de colocar o problema do novo livro de Stephen Hawking de uma forma um pouco diferente.

O problema do ateísmo é ético, moral e político, e nada tem a ver com a ciência. Juntam-se uma data de maduros para lutar contra Aquele que eles dizem que não existe.
Uma teoria científica não é necessariamente verdadeira. Seria verdadeira não só se os dados que a constituem estivessem definitivamente estabelecidos, mas também se ela pudesse ser induzida logicamente de dados. De facto, não há lógica indutiva onde os factos produzem uma teoria; as teorias não são oriundas de dados: são sistemas lógicos de ideias que o espírito humano aplica aos dados para os justificar de uma maneira racional.
O raciocínio desenvolvido no parágrafo anterior é produto ou consequência do princípio da refutabilidade de Karl Popper.
Uma teoria é, pois, científica, não só porque parece justificar ou explicar dados ou fenómenos a que se aplica, mas essencialmente porque oferece os meios da sua própria refutação. Ou seja, uma teoria é científica não por ser verdadeira mas porque ela (a teoria) permite demonstrar o seu eventual erro. Se uma teoria que fornece os meios da sua refutação se torna à prova de erro, ela é considerada válida até que alguém consiga vislumbrar um erro.


Foi o que aconteceu com a teoria de Einstein sobre a velocidade da luz (foi refutada), que ele considerou como sendo a velocidade máxima no universo: hoje, a física já sabe que a velocidade da luz não é a velocidade máxima possível no universo; e por isso, essa parte da teoria de Einstein foi revogada e é aplicada somente à parte do universo sujeita ao “muro de luz” — ou à “barreira da luz”.
Da mesma forma que um avião supersónico encontra uma “barreira do som”, a “barreira da luz” é o limite máximo ou fronteira das partículas atómicas (que são matéria porque têm massa) que se organizam através da força gravitacional. Contudo, essa organização das partículas está longe de ser obra exclusiva da gravidade, mas depende também (e que se conheça, porque não sabemos se existem outras forças no universo) da força quântica que é aquela que, agindo através da incerteza (princípio da incerteza de Heisenberg), impede as coisas de serem localizadas.
Vamos partir do princípio de que a teoria de Hawking tem si os meios da sua refutação. Neste caso, a teoria de Stephen Hawking recentemente publicada no seu novo livro seria científica no exacto sentido em que podemos todos verificar, desde logo, o seu erro; sendo a ciência biodegradável, a nova teoria de Stephen Hawking foi para o lixo momentos depois de ter sido publicada, ou seja, a nova teoria de Hawking não resistiu ao escrutínio da lógica. Em suma, uma teoria pode ser científica e estar errada.

A única pessoa que ganhou alguma coisa nisto tudo foi o próprio Hawking que se abotoou com milhões de dólares com a venda de um livro com uma teoria que, em termos científicos, morreu à nascença. Portanto, não se trata de uma teoria científica mas de uma tentativa de lucrar com o mito ateísta, por um lado, e de servir, de uma forma canina, a política correcta e o marxismo cultural, por outro.

Mas será que a teoria de Hawking tem em si os meios da sua refutação ? Aqui, dividem-se as opiniões. Os teólogos dizem quem não, que a teoria de Hawking não é científica porque não dispõe dos meios necessários à sua refutação; os cientistas quânticos — como Amit Goswami — dizem que sim, que a teoria de Hawking é científica e é refutada pela própria lógica aplicada à teoria. No primeiro caso, o Jairo Entrecosto explica bem o problema filosófico clássico. O que eu pretendo fazer aqui é complementar o raciocínio do Jairo com a filosofia quântica.

Poderá acontecer que Hawking se baseie na teoria do Multiverso para escrever o que escreveu: mas mesmo assim, a sua teoria contém, pelo menos, um erro que é inerente à própria concepção de Multiverso.
As conexões buracos-negros/buracos-brancos (ou os túneis de minhoca) não significam necessariamente a existência de um Multiverso. Embora os buracos negros e os buracos brancos estejam ligados, eles não são o “mesmo buraco”, devido ao fenómeno da não-localidade. Os túneis de minhoca pertencem à realidade da onda quântica e à realidade da não-localidade — e não já à realidade da partícula e da matéria sujeita à fórmula E=Mc^2.
Caso existam outros universos, o único acesso possível a esses universos, e a partir do nosso universo, é através da noção de não-localidade que implica o conceito de Além-espaço-tempo. Portanto, a noção de um universo em expansão que implica o Big Bang é independente da noção de um eventual Multiverso — o nosso universo tem uma realidade própria e independente.
E depois temos outro problema: a segunda lei da termodinâmica ou entropia. A lei da entropia define que qualquer sistema isolado [com o tempo] tende para a desordem e para o aleatório. O problema do Multiverso (teoria de cordas) é que parte do princípio de que o nosso universo — em conjunto com os outros universos — é, em termos práticos, eterno. A não ser que a segunda lei da termodinâmica esteja errada, e sendo universo considerado infinitamente antigo, este já teria desaparecido devorado pelo seu próprio calor gerado pela aleatoriedade e pela desordem.
Porém, a ironia absurda desta teoria é que se concebe um universo eterno e se recusa a ideia de um criador eterno (Deus).
Outra teoria mais recente sobre o Multiverso escora-se no fluxo duplo quântico e biunívoco que provém do Além-espaço-tempo e a ele regressa novamente, através do conceito de “espuma quântica” de John Wheeler. Porém, esta teoria não é científica porque não oferece os meios da sua refutação — tanto podemos considerar o Além-espaço-tempo como um outro universo, como a dimensão espiritual que se aproxima da realidade de Deus.
Chegados aqui, verificamos que a crença em Deus é mais científica do que as teorias que se pretendem criar para O refutar — porque parte do princípio da navalha de Occam : não complicar o que é simples, e seguir, entre teorias com várias hipóteses, aquela que tem menos hipóteses ou até uma única hipótese. A crença em Deus é a aplicação dos Caminhos de Acção Mínima da razão, à ética humana.
O problema do ateísmo é ético e moral, e nada tem a ver com a ciência. Juntam-se uma data de maduros para lutar contra Aquele que eles dizem que não existe :smile: !. Se um dia as religiões disserem que “ser homossexual é o máximo”, e que “abortar faz bem à saúde”, vamos ver uma data de ateus a ir à missa ao domingo.

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