Divinity Original Sin - The board game

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Por que pessoas boas fazem coisas ruins?

Fonte: http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/por-que-pessoas-boas-fazem-coisas-ruins/47322/

Frequentemente gostamos de traçar uma linha imaginária entre nós, pessoas boas, e eles, pessoas más. Até que ponto, porém, esse limite é rígido e real, ou permeável e fictício? Para Phil Zimbardo a resposta é obscura e duvidosa - e o ambiente exerce uma perigosa influência.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

"Che Guevara" – o "falso mito"

Fonte: http://www.ecocidio.com.br/2010/08/04/che-guevara-o-falso-mito/

Desde criança, nunca entendi o porque da idolatria por Che Guevara, mesmo ainda vivendo na Guerra Fria. De lá para cá, cresci e me informei mais sobre o assunto. Pouquíssimos livros ou artigos apresentam a imagem real desse personagem histórico, tornado histórico graças às mentiras criadas por mídias e governos.
A matéria abaixo foi extraída do blog Anti Foro de São Paulo, e veiculado originalmente na revista Veja em 29/09/2007. Ela apresenta um pouco dos fatos não conhecidos – e por vezes rejeitados – sobre esse “ilustre” guerrilheiro, tão vil e cruel quanto seus inúmeros inimigos. Também serve como prova de que revolução não serve de nada, pois, no momento que assume o poder, deixa de sê-la. A verdadeira revolução só é possível com evolução, e não foi esse o caso de Che, Fidel e Cuba.

A Saga de um PORCO!

0liquidadochean2 Che Guevara   o falso mito

Che

Há 40 anos morria o homem e nascia a farsa

 
“Não disparem. Sou Che. Valho mais vivo do que morto.” Há quarenta anos, no dia 8 de outubro de 1967, essa frase foi gritada por um guerrilheiro maltrapilho e sujo metido em uma grota nos confins da Bolívia. Nunca mais foi lembrada. Seu esquecimento deve-se ao fato de que o pedido de misericórdia, o apelo desesperado pela própria vida e o reconhecimento sem disfarce da derrota não combinam com a aura mitológica criada em torno de tudo o que se refere à vida e à morte de Ernesto Guevara Lynch de la Serna, argentino de Rosário, o Che, que antes, para os companheiros, era apenas “el chancho”, o porco, porque não gostava de banho e “tinha cheiro de rim fervido”.
 che1 Che Guevara   o falso mito ÀS VÉSPERAS DO GOLPE
Che em Caballete de Casas, em Cuba, em 1958: exceto na revolução cubana, sua vida foi uma seqüência de fracassos. Como guerrilheiro, foi derrotado no Congo e na BolíviaEssa é a realidade esquecida. No mito, sempre lembrado, ecoam as palavras ditas ao tenente boliviano Mário Terán, encarregado de sua execução, e que parecia hesitar em apertar o gatilho: “Você vai matar um homem”. Essas, sim, servem de corolário perfeito a um guerreiro disposto ao sacrifício em nome de ideais que valem mais que a própria vida. Ambas as frases foram relatadas por várias testemunhas e meticulosamente anotadas pelo capitão Gary Prado Salmón, do Exército boliviano, responsável pela captura de Che. Provenientes das mesmas fontes, merecem, portanto, idêntica credibilidade. O esquecimento de uma frase e a perpetuação da outra resumem o sucesso da máquina de propaganda marxista na elaboração de seu maior e até então intocado mito. Che tem um apelo que beira a lenda entre os jovens dos cinco continentes. Como homem de carne e osso, com suas fraquezas, sua maníaca necessidade de matar pessoas, sua crença inabalável na violência política e a busca incessante da morte gloriosa, foi um ser desprezível. “Ele era adepto do totalitarismo até o último pêlo do corpo”, escreveu sobre ele o jornalista francês Régis Debray, que por alguns meses conviveu com Che na Bolívia.
Por suas convicções ideológicas, Che tem seu lugar assegurado na mesma lata de lixo onde a história já arremessou há tempos outros teóricos e práticos do comunismo, como Lenin, Stalin, Trotsky, Mao e Fidel Castro. Entre a captura e a execução de Che na Bolívia, passaram-se 24 horas. Nesse período, o governo boliviano e os americanos da CIA que ajudaram na operação decidiram entre si o destino de Guevara. Execução sumária? Não para os padrões de Che. Centenas de homens que ele fuzilou em Cuba tiveram sua sorte selada em ritos sumários cujas deliberações muitas vezes não passavam de dez minutos.
VEJA conversou com historiadores, biógrafos, antigos companheiros de Che na guerrilha e no governo cubano na tentativa de entender como o rosto de um apologista da violência, voluntarioso e autoritário, foi parar no biquíni de Gisele Bündchen, no braço de Maradona, na barriga de Mike Tyson, em pôsteres e camisetas. Seu retrato clássico – feito pelo fotógrafo cubano Alberto Korda em 1960 – é a fotografia mais reproduzida de todos os tempos. O mito é particularmente enganoso por se sustentar no avesso do que o homem foi, pensou e realizou durante sua existência. Incapaz de compreender a vida em uma sociedade aberta e sempre disposto a eliminar a tiros os adversários – mesmo os que vestiam a mesma farda que ele –, Che é, paradoxalmente, visto como um símbolo da luta pela liberdade. Guevara é responsável direto pela morte de 49 jovens inexperientes recrutas que faziam o serviço militar obrigatório na Bolívia. Eles foram mobilizados para defender a soberania de sua pátria e expulsar os invasores cubanos, sob cujo fogo pereceram. Tendo ajudado a estabelecer um sistema de penúria em Cuba, Che agora é apresentado como um símbolo de justiça social. Politicamente dogmático, aferrado com unhas e dentes à rigidez do marxismo-leninismo em sua vertente mais totalitária, passa por livre-pensador.
O regime policialesco de Fidel Castro não permite que aqueles que conviveram com Che e permanecem em Cuba possam ir além da cinzenta ladainha oficial. Por isso, apesar do rancor que pode apimentar suas lembranças, os exilados cubanos são vozes de maior credibilidade. O movimento que derrubou o ditador Fulgencio Batista, em 1959, não foi uma ação de comunistas, como pretende Fidel Castro. Boa parte da liderança revolucionária e dos comandantes guerrilheiros tinha por objetivo a instauração da democracia em Cuba. Mas foi surpreendida por um golpe comunista dentro da revolução. Acabaram presos, fuzilados ou deportados. Desde o início, Che representou a linha dura pró-soviética, ao lado do irmão de Fidel, Raul Castro. Na versão mitológica, Che era dono de um talento militar excepcional. Seus ex-companheiros, no entanto, lembram-se dele como um comandante imprudente, irascível, rápido em ordenar execuções e mais rápido ainda em liderar seus camaradas para a morte, em guerras sem futuro no Congo e na Bolívia. Huber Matos, que lutou sob as ordens do argentino em Cuba, falou a VEJA sobre o fracasso de Che como comandante: “A luta foi difícil na primavera de 1958. A frente de comportamento mais desastroso foi a de Che. Mas isso não o afetou, porque era o favorito de Fidel, que nos impedia de discutir abertamente o trabalho pífio de seu protegido como guerrilheiro”. Pouco depois do triunfo da guerrilha, ao perceber os primeiros sinais de tirania, Huber renunciou a seu posto no governo revolucionário e informou que voltaria a ser professor. Preso dois dias depois, passou vinte anos na cadeia. Vive hoje em Miami. À moda soviética, sua imagem foi removida das fotos feitas durante a entrada solene em Havana, em que aparecia ao lado de Fidel e Camilo Cienfuegos, outro comandante não comunista desaparecido em circunstâncias misteriosas nos primórdios da revolução.Nomeado comandante da fortaleza La Cabaña, para onde eram levados presos políticos, Che Guevara a converteu em campo de extermínio. Nos seis meses sob seu comando, duas centenas de desafetos foram fuzilados, sendo que apenas uma minoria era formada por torturadores e outros agentes violentos do regime de Batista. A maioria era apenas gente incômoda.
Napoleon Vilaboa, membro do Movimento 26 de Julho e assessor de Che em La Cabaña, conta agora ter levado ao gabinete do chefe um detido chamado José Castaño, oficial de inteligência do Exército de Batista. Sobre Castaño não pesava nenhuma acusação que pudesse produzir uma sentença de morte. Fidel chegou a ligar para Che para depor a favor de Castaño. Tarde demais. Enquanto dava voltas em torno de sua mesa e da cadeira onde estava o militar, Che sacou a pistola 45 e o matou ali mesmo com balaços na cabeça. Em outra ocasião, Che foi procurado por uma mãe desesperada, que implorou pela soltura do filho, um menino de 15 anos preso por pichar muros com inscrições contra Fidel. Um soldado informou a Che que o jovem seria fuzilado dali a alguns dias. O comandante, então, ordenou que fosse executado imediatamente, “para que a senhora não passasse pela angústia de uma espera mais longa”.
Em seu diário da campanha em Sierra Maestra, Che antecipa o seu comportamento em La Cabaña. Ele descreve com naturalidade como executou Eutímio Guerra, um rebelde acusado de colaborar com os soldados de Batista: “Acabei com o problema dando-lhe um tiro com uma pistola calibre 32 no lado direito do crânio, com o orifício de saída no lobo temporal direito. Ele arquejou um pouco e estava morto. Seus bens agora me pertenciam”. Em outro momento, Che decidiu executar dois guerrilheiros acusados de ser informantes de Batista. Ele disse: “Essa gente, como é colaboradora da ditadura, tem de ser castigada com a morte”. Como não havia provas contra a dupla, os outros rebeldes presentes se opuseram à decisão de Che. Sem lhes dar ouvidos, ele executou os dois com a própria pistola. Essa frieza e a crueldade sumiram atrás da moldura romântica que lhe emprestaram, construída pelos mesmos ideólogos que atribuíram a ele a frase famosa – “Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás”. Frase criada pela propaganda esquerdista.
Como o jovem aventureiro que excursionou de motocicleta pelas Américas se tornou um assassino cruel e maníaco? O jornalista americano Jon Lee Anderson, autor da mais completa biografia de Che, escreveu que ele era um fatalista – e esse fatalismo aguçou-se depois que se juntou aos guerrilheiros cubanos. “Para ele, a realidade era apenas uma questão de preto e branco. Despertava toda manhã com a perspectiva de matar ou morrer pela causa”, afirma Anderson.
Ernesto Guevara Lynch de la Serna nasceu em 14 de maio de 1928, em uma família de esquerdistas ricos na Argentina. Sofreu de asma a vida inteira. Antes de se formar em medicina, profissão que nunca exerceu de fato, viajou pela América do Sul durante oito meses. Depois de terminada a faculdade, saiu da Argentina para nunca mais voltar. Encontrou-se com Fidel Castro no México, em 1955, onde aprendeu técnicas de guerrilha. No ano seguinte, participou do desembarque em Cuba do pequeno contingente de revolucionários. Depois de dois anos de combates na Sierra Maestra, Fidel tomou o poder em Havana. Che ocupou-se primeiro dos fuzilamentos e, depois, da economia, assunto do qual nada entendia. José Illan, que foi vice-ministro de Finanças antes de fugir de Cuba, contou a VEJA que o argentino “desprezava os técnicos e tratava a nós, os jovens cubanos, com prepotência”. No comando do Banco Central e depois do Ministério da Indústria, Che começou a nacionalizar a indústria e foi o principal defensor do controle estatal das fábricas. “Che era um utópico que acreditava que as coisas podiam ser feitas usando-se apenas a força de vontade”, diz o historiador Pedro Corzo, do Instituto da Memória Histórica Cubana, em Miami. Como resultado de sua “força de vontade”, a produção agrícola caiu pela metade e a indústria açucareira, o principal produto de exportação de Cuba, entrou em colapso. Em 1963, em estado de penúria, a ilha passou a viver da mesada enviada pela então União Soviética.
che2 Che Guevara   o falso mitoA “MALDIÇÃO DE SATURNO”
Com Fidel em Havana, em 1959: “Que esta revolução não devore seus próprios filhos”, dizia Fidel. Ele fez o contrário. As últimas transmissões de rádio de Che na Bolívia foram ignoradas em Havana
che3 Che Guevara   o falso mitoCASADO COM SI PRÓPRIO
Che com sua segunda mulher, Aleida March, no dia de seu casamento, em Havana, em 1959. Elas não podiam competir com o “chamado da aventura”Não havia mais o que Che pudesse fazer em Cuba. Era ministro da Indústria, mas divergia de Fidel em questões relativas ao desenvolvimento econômico. De maneira simplista, ele acreditava que incentivos morais tinham maiores probabilidades de estimular o trabalho. Che também se tornou crítico feroz da União Soviética, da qual o regime cubano dependia para sobreviver. Não por discordar do Kremlin, mas porque julgava os soviéticos tímidos na promoção da revolução armada no Terceiro Mundo. Para se livrar dele, Fidel o mandou como delegado à Assembléia-Geral das Nações Unidas em 1964. No ano seguinte, Che foi secretamente combater no Congo, à frente de soldados cubanos. Ali, paralisado por incompreensíveis rivalidades tribais, derrotado no campo de batalha e abatido pela diarréia, Che propôs a seus comandados lutar até a morte. Mas foi demovido do propósito pela soldadesca, que não aceitou o sacrifício numa guerra sem sentido.
Daí em diante o argentino tornou-se uma figura patética. Em Havana, Fidel divulgara a carta em que ele renunciava à cidadania cubana e anunciava sua disposição de levar a guerra revolucionária a outras plagas. Pego de surpresa pela leitura prematura do documento, Che ficou no limbo, sem ter para onde voltar. “Sua vida foi uma seqüência de fracassos”, disse a VEJA o historiador cubano Jaime Suchlicki, da Universidade de Miami. “Como médico, nunca exerceu a profissão. Como ministro e embaixador, não conseguiu o que queria. Como guerrilheiro, foi eficiente apenas em matar por causas sem futuro.” Na falta de opções, Che escolheu a Bolívia para sua nova aventura guerrilheira. Ele lutaria em território montanhoso e inóspito, imerso na selva, sem falar o dialeto indígena dos camponeses bolivianos. O plano original era adentrar, pela fronteira, a província argentina de Salta. Mas um contigente exploratório foi aniquilado rapidamente pelo exército daquele país. A missão boliviana era, de todos os pontos de vista, suicida. Ainda assim, Fidel a apoiou, a ponto de designar alguns soldados de seu exército para o destacamento guerrilheiro. O ditador cubano também equipou e financiou a expedição, com a qual manteve contato até que seu fracasso se tornou evidente.
Além da falta de apoio do povo boliviano, que tratou os cubanos chefiados por Che como um bando de salteadores, a expedição fracassou também pela traição do Partido Comunista Boliviano. VEJA perguntou a um de seus mais altos dirigentes dos anos 60, Juan Coronel Quiroga: “O PCB traiu Che Guevara?”. Resposta de Quiroga: “Sim”. A explicação? “Nosso partido era afinado com Moscou, onde a estratégia de abrir focos de guerrilha como a de Che estava há muito desacreditada.” Quiroga era amigo pessoal do então ministro da Defesa da Bolívia e conseguiu que as mãos do cadáver de Che Guevara fossem decepadas, mantidas em formol e entregues a ele. “Por anos guardei as mãos de Che debaixo da minha cama em um grande pote de vidro. Um dia meu filho deparou com aquilo e quase entrou em pânico”, conta Quiroga. Anos mais tarde, coube a Quiroga a missão de entregar o lúgubre pote com as mãos de Guevara à Embaixada de Cuba em Moscou.
A morte de Che foi central para a estabilização do regime cubano nos anos 60, de acordo com o polonês naturalizado americano Tad Szulc, na sua celebrada biografia de Fidel. O fim do guerrilheiro argentino ajudou o ditador a pacificar suas relações com Moscou e ainda lhe forneceu um ícone de aceitação mais ampla que a própria revolução. O esforço de construção do mito foi facilitado por vários fatores. Quando morreu, Che era uma celebridade internacional. Boa-pinta, saía ótimo nas fotografias. A foto do pôster que enfeita quartos de milhões de jovens foi tirada num funeral em Havana, ao qual compareceram o filósofo francês Jean-Paul Sartre – que exaltou Che como “o mais completo ser humano de nossa era” – e sua mulher, a escritora Simone de Beauvoir. A foto de 1960 só ganhou divulgação mundial sete anos depois, nas páginas da revista Paris Match. Dois meses mais tarde, Che foi morto na selva boliviana e Fidel fez um comício à frente de uma enorme reprodução da imagem, que preenchia toda a fachada de um prédio público cubano. Nascia o pôster.
Três fatos ajudaram a consolidar o mito. O primeiro foi a morte prematura de Che, que eternizou sua imagem jovem. Aos 39 anos, ele estava longe de ser um adolescente quando foi abatido, mas a pinta de galã lhe garantia um aspecto juvenil. O fim precoce também o salvou de ser associado à agonia do comunismo. A decadência física e política de Fidel Castro, desmoralizado pela responsabilidade no isolamento e no atraso econômico que afligem o povo cubano, dá uma idéia do que poderia ter acontecido com Che, que era apenas dois anos mais jovem que o ditador. che5 Che Guevara   o falso mito PARA IMPRESSIONAR “IKE”
 Guevara e Fidel em jogo-treino de golfe para disputar uma partida, que nunca houve, com Eisenhower em Washington: “Fidel ganhou, mas Che o deixou ganhar”O segundo fato foi a ajuda involuntária de seus algozes. Preocupados em reunir provas convincentes de que o guerrilheiro célebre estava morto, os militares bolivianos mandaram lavar o corpo e aparar e pentear sua barba e seu cabelo. Também resolveram trocar sua roupa imunda. Tudo isso para poder tirar fotos em que ele fosse facilmente identificado. O resultado é um retrato com espantosa semelhança com as pinturas barrocas do Cristo morto de expressão beatificada. A terceira contribuição recebida pelos esquerdistas na construção do mito veio do contexto histórico. Che morreu às vésperas dos grandes protestos em defesa dos direitos civis, da agitação dos movimentos estudantis e da revolução de costumes da contracultura – turbulências que marcaram o ano de 1968. Era um personagem perfeito para ser símbolo da juventude de então, que se definia pela “determinação exacerbada e narcisista de conseguir tudo aqui e agora”, como escreveu o mexicano Jorge Castañeda, em sua biografia de Che. A história, no entanto, mostra que o homem era muito diferente do mito. Mas quem resiste? Neste mês, nos Estados Unidos, o cubano Gustavo Villoldo, chefe da equipe da CIA que participou da captura do guerrilheiro, vai leiloar uma mecha de cabelo de Che.
Se houve um ganhador da Guerra Fria, foi Che Guevara. Ele morreu e foi santificado antes que seu narcisismo suicida e os crimes que decorreram dele pudessem ser julgados com distanciamento, sob uma luz mais civilizada, que faria aflorar sua brutalidade com nitidez. Pobre Fidel Castro. Enquanto Che foi cristalizado na foto hipnótica de Alberto Korda, ele próprio, o supremo comandante, aparece cada dia mais roto, macilento, caduco, enquanto se desmancha lentamente dentro de um ridículo agasalho esportivo diante das lentes das câmeras da televisão estatal cubana. O método de luta política que Guevara adotou já era errado em seu tempo. No rastro de suas concepções de revolução pela revolução, a América Latina foi lançada em um banho de sangue e uma onda de destruição ainda não inteiramente avaliada e, pior, não totalmente assentada. O mito em torno de Che constitui-se numa muralha que impediu até agora a correta observação de alguns dos mais desastrosos eventos da história contemporânea das Américas. Está passando da hora de essa muralha cair.
che6 Che Guevara   o falso mitoA FRASE MAIS FAMOSA ATRIBUÍDA A GUEVARA É…
“Há que endurecer-se, mas sem jamais perder a ternura.”
…OUTRAS MENOS CONHECIDAS REVELAM SUA REAL PERSONALIDADE:
“Estou na selva cubana, vivo e sedento de sangue.”
Carta à esposa, Hilda Gadea, em janeiro de 1957
che7 Che Guevara   o falso mito“Fuzilamos e seguiremos fuzilando enquanto for necessário. Nossa luta é uma luta até a morte.” Discurso na Assembléia-Geral da ONU, em 11 de dezembro de 1964
che8 Che Guevara   o falso mito“O ódio intransigente ao inimigo (…) converte (o combatente) em uma efetiva, seletiva e fria máquina de matar. Nossos soldados têm de ser assim.”
Revista cubana Tricontinental, em maio de 1967
O mundo tomou outro rumo
 che9 Che Guevara   o falso mito CUBA
Apesar de tentar exportar sua revolução, a ilha tornou-se a vitrine de seu fracasso. Sem liberdade política nem econômica, o país é um museu de prédios, carros e dirigentes decrépitos, onde comida, combustíveis e energia são racionados.
che10 Che Guevara   o falso mito
BOLÍVIA
O foco guerrilheiro de Guevara foi derrotado pela população pobre da Bolívia, que negou ajuda e ainda delatou o grupo.
che92 Che Guevara   o falso mito CONGO
Guevara e um contingente de cubanos lutaram ao lado do chefe tribal Laurent Kabila contra o coronel Mobutu. Em 1997 Kabila finalmente derrubou Mobuto, mas foi assassinado em 2001. Em seu curto governo, 3 milhões de pessoas foram mortas em guerras tribais.
CHINA
A ideologia de Mao Tsé-tung, que Guevara citava como modelo de comunismo, foi sepultada pelos chineses.
COMUNISMO
Depois da queda do Muro de Berlim, a ideologia será lembrada sobretudo como a responsável pela morte de 100 milhões de pessoas.
VIETNÃ
Na frase famosa, Guevara propôs criar “dois, três, muitos Vietnãs”. Acertou. A globalização da economia está criando Vietnãs pelo mundo – países adeptos da economia de mercado, com rápido crescimento econômico e aliados dos Estados Unidos.
“A ordem de execução veio pelo rádio”
che93 Che Guevara   o falso mito
che94 Che Guevara   o falso mitoO ÚLTIMO DIA DO GUERRILHEIRO
Maltrapilho e sujo, Guevara posa com os soldados que o capturaram na vila de La Higuera, onde seria morto. A seu lado, assinalado, está o agente da CIA Felix Rodríguez. À direita, Felix hoje, em Miami
Felix Rodríguez foi uma das últimas pessoas a conversar com Che Guevara. Mais do que isso, foi ele quem recebeu e transmitiu a ordem para que o guerrilheiro fosse executado. Cubano exilado nos Estados Unidos, ele era o operador de rádio enviado à Bolívia pela CIA para auxiliar na caçada e, também, para ajudar a identificar Guevara. Veterano da fracassada invasão da Baía dos Porcos, em 1961, Rodríguez vive hoje em Miami, aos 66 anos. Ele falou ao repórter Duda Teixeira.



COMO CHEGOU A ORDEM PARA MATAR CHE?
As instruções que recebi nos Estados Unidos eram para poupar sua vida. A CIA sabia da divergência de idéias entre Che e Fidel e acreditava que, a longo prazo, ele poderia cooperar com a agência. A ordem para sua execução veio por rádio, de uma alta autoridade boliviana. Era uma mensagem em código: “500, 600″. O primeiro número, 500, significava Guevara. O segundo, que ele deveria ser morto. Tentei em vão convencer os militares bolivianos a permitir que ele fosse levado para ser interrogado no Panamá. Eles negaram meu pedido e me deram um prazo. Eu deveria entregar o corpo de Guevara até as 2 horas da tarde. Perto das 11h30, uma senhora aproximou-se de mim e perguntou quando iríamos matá-lo, pois ouvira no rádio que Che havia morrido em combate. Naquele momento compreendi que a decisão de executá-lo era irrevogável.
COMO FOI SUA ÚLTIMA CONVERSA COM ELE?
Fui até o local de seu cativeiro e disse a ele que lamentava, mas eram ordens superiores. Che ficou branco como um papel. “É melhor assim. Eu nunca deveria ter sido capturado vivo”, falou. Tirou o cachimbo da boca e me pediu para que o desse a um dos soldados. Ofereci-me para transmitir mensagens à sua família. “Diga a Fidel que esse fracasso não significa o fim da revolução, que logo ela triunfará em alguma parte da América Latina”, ele falou em tom sarcástico. Aí lembrou da esposa. “Diga a minha senhora que se case outra vez e trate de ser feliz.” Foram suas últimas palavras. Apertou a minha mão e me deu um abraço, como se pensasse que eu seria o carrasco. Saí dali e avisei a um tenente armado com uma carabina M2, automática, que a ordem já tinha sido dada. Recomendei a ele que atirasse da barba para baixo, porque se supunha que Che havia morrido em combate. Eram 13h10 quando escutei o barulho de tiros. Che Guevara tinha sido morto.
COMO FOI O SEU PRIMEIRO CONTATO COM CHE GUEVARA?
Cheguei a La Higuera de helicóptero em 9 de outubro, um dia depois da captura de Che Guevara. Eu o encontrei com os pés e as mãos amarrados, ao lado dos corpos de dois cubanos. Sangrava de uma ferida na perna. Era um homem totalmente arrasado. Parecia um mendigo.
COMO FORAM SUAS CONVERSAS COM CHE?
Nós nos tratamos com respeito. Eu o chamava de comandante. Falamos de Cuba e de outras coisas, mas ele permanecia calado quando as perguntas eram de interesse estratégico. Houve momentos em que não consegui prestar atenção ao que ele dizia. Ao olhar aquele homem derrotado, vinha-me à mente sua imagem no passado, sempre altiva e arrogante.
COMO FORAM AS RELAÇÕES DE CHE COM A POPULAÇÃO NA BOLÍVIA?
Para sobreviver, é essencial que uma força guerrilheira conte com o apoio da população local. A aventura de Che na Bolívia foi um caso único em que uma guerrilha não conseguiu recrutar um único morador da área onde atuou. Só um agricultor ganhou a confiança dos guerrilheiros, e mesmo esse acabou por passar informações que permitiram ao Exército armar uma emboscada. Os poucos bolivianos que participaram da guerrilha eram dissidentes do Partido Comunista. Nenhum camponês.
POR QUE O SENHOR FOI ENVIADO À BOLÍVIA?
O Exército boliviano estava totalmente despreparado para enfrentar uma guerrilha. A maior parte dos soldados trabalhava na construção de estradas e provavelmente jamais dera um tiro de fuzil. Nos primeiros embates, os guerrilheiros aprisionavam os soldados, tiravam suas roupas e os soltavam. Foi então que o governo boliviano pediu ajuda aos Estados Unidos.
che95 Che Guevara   o falso mito 
Limparam Che para a foto
che97 Che Guevara   o falso mitoche96 Che Guevara   o falso mitoNo dia de sua morte, amarrado ao esqui de um helicóptero militar, Che Guevara foi levado do local da execução para um vilarejo chamado Vallegrande. A brasileira Helle Alves, repórter, e o fotógrafo Antonio Moura, então trabalhando para o Diário da Noite, de São Paulo, viram a chegada do corpo, que foi levado para a lavanderia do hospital local (acima). Ali, Moura foi o único jornalista a fotografar o corpo de Guevara ainda sujo, vestido de trapos e calçado com o que sobrou de uma botina artesanal de couro (abaixo). Moura conseguiu fotografar o corpo antes da limpeza e da arrumação. “Che usava um calço em um dos calcanhares, provavelmente para corrigir uma diferença de tamanho entre uma perna e outra”, lembra Helle. Ela contou pelo menos dez marcas de tiro no corpo do argentino. “Os moradores tinham raiva dele e invadiram a lavanderia, mas, quando viram o corpo, passaram a dizer que ele parecia Jesus Cristo.” Começara o mito.
che99 Che Guevara   o falso mito
Ele está em toda parte.  O retrato de Che feito por Alberto Korda em 1960 é agora uma imagem de múltiplos significados: é pop no biquíni da Cia. Marítima vestido por Gisele Bündchen e uma manifestação de truculência e mau humor nas tatuagens de Maradona e Mike Tyson.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Antony Sutton: Um homem que pagou o preço da verdade

Fonte: https://www.midiaamais.com.br/resenhas/3656-antony-sutton-um-homem-que-pagou-o-preco-da-verdade


Antony C. Sutton — 14/02/1925 – 17/06/ 2002
Logo depois que comecei a escrever sobre a religião política do ambientalismo aqui no Mídia@Mais, afirmei em meu segundo artigo:
Exceto pela consciência moral, consciência dispensa adjetivação. As ditas consciências  ecológica,  social,  política, histórica, crítica, etc.,  são meras construções verbais de ocasião, e como tantas outras, são úteis apenas dentro dos discursos de seus autores e seguidores, dentro dos sistemas fechados de pensamento,  das teologias civis que têm como traços mais ou menos comuns a obrigação de primeiro acreditar, a proibição de questionar e a sobreposição de sentidos outros às palavras, sentidos esses que só fazem sentido dentro dos respectivos sistemas. Não por acaso, essa formulação em circuito fechado é a marca de filósofos e pensadores gnósticos, revolucionários, niilistas, ou, simplesmente, propagandistas de esquerda: Kant, Rousseau, Hegel, Marx, Gobineau, Dilthey, Gadamer, Habermas, Marilenas, Franciscos, Mincs, Bettos e Betinhos.
Essa vigarice, gigantesca e pretensiosa, evidentemente já é ruim por si só, pois tais sistemas não buscam a apreensão e o conhecimento de aspectos da realidade, quer através das ciências particulares ou da filosofia, mas ao contrário, buscam encaixar, com a delicadeza de um Mike Tyson,  aspectos específicos da realidade nesses sistemas, com a intenção demiúrgica de, na marra sistemática, transformá-la por inteiro. É a revolta gnóstica: não podendo de fato recriar ou alterar a estrutura da realidade, os revoltosos criam sistemas onde a transformação não somente parece possível, como é a única justificativa de sua formulação. Danem-se as consequências e calem-se os discordantes, [tal] como atualmente atestam os conflitos entre os discípulos e os hereges do ambientalismo enragé”.

Não só reafirmo o que disse acima, como acrescento que o interesse em estudar essa “nova” religião política que pretende salvar o mundo de nós mesmos vem de há pelo menos dez anos e no bojo de estudos mais abrangentes sobre geopolítica e filosofia política (ou ciência política), estudos que ainda mantém a minha esperança de saber mais ou tentar conhecer melhor as formas e origens do poder que comanda grande parte das ações dos adeptos de quase todas as ideologias.  Para tanto, recorri às obras de grandes autores e grandes filósofos, a começar por Platão (o fundador da ciência política), Aristóteles (seu maior e mais brilhante aluno), e para encurtar a lista e poupar o leitor, concentrei-me (até onde minha capacidade permitiu) nas obras de Eric Voegelin, que pautam as linhas acima destacadas em itálico. Porém, é um fato conhecido daqueles que tentam estudar um assunto com alguma seriedade ser praticamente impossível evitar outras leituras, menos teóricas, menos filosóficas: é preciso ler também vários documentos históricos e análises, por vezes conflitantes, mas em alguns pontos, inadvertidamente complementares e estarrecedoras, e exatamente porque não se tratam das “teorias da conspiração” que pululam na Internet, mas de fatos comprováveis e testemunhos.
 
Pois o que o leitor do Mídia@Mais tem logo mais a seguir é a última aparição em público, numa entrevista filmada em1980, de um dos maiores historiadores e pesquisadores do século XX, Antony C. Sutton, na qual ele relembra parte daquilo que pôde constatar ao longo de muitos anos como pesquisador da Hoover Institution, Stanford University (mais precisamente como Research Fellow do Hoover Institute of War, Revolution and Peace) e como autor e pesquisador independente a partir de 1975. A entrevista que hoje o leitor do M@M tem à disposição é relativamente antiga e já está na Internet (em partes ou em formato integral) há uns três anos, salvo engano. A grande novidade é que esta é a primeira vez que um site (ou qualquer outro veículo) brasileiro apresenta uma transcrição traduzida para a língua portuguesa dessa entrevista. Mas se coube a mim a tarefa da transcrição/tradução – e cabe também a mim a responsabilidade pelas suas falhas – o “projeto” Sutton já vinha sendo acalentado pelos editores e pela redação do M@M desde 2009: este é, com efeito, um trabalho de equipe. Como nota de rodapé, acrescento que, internamente, já vínhamos discutindo a tese de que as eleições presidenciais americanas, bem com a escolha de líderes democráticos em outros países, acima de certo patamar, eram e são um jogo de cartas marcadas. Ou em outras palavras: as disputas existem, as correntes políticas de fato se opõem, os eleitores votam naqueles candidatos que mais lhes agradam ou convencem, mas há outro poder, maior e quase invisível que há muito vem determinando quem transitoriamente ocupa os cargos ditos “de poder”. Usando de uma imagem um tanto tosca, é como se aos presidenciáveis americanos, antes ou depois de eleitos, fosse apresentada a dura realidade: “OK. Você venceu, mas você manda e faz até onde não nos atrapalhar, entendido?”. Também é possível que a escolha dos candidatos já passe por esse crivo invisível aos olhos do público. Esse poder consiste numa elite mundial, originalmente anglo-americana ou até anterior, com pretensões dinásticas, que pouco se importa com as ideologias citadas de início: essas seriam meros instrumentos de manipulação segundo a dialética hegeliana. Muitos políticos, intelectuais de segunda linha, “celebridades” e as sociedades em geral não são os verdadeiros agentes, não totalmente. Antony Sutton confirma essa tese, ou por outra, ele já a tinha comprovado, mas foi parcialmente silenciado. Assim, quem de fato age é a estrutura montada por essa elite de banqueiros internacionais que alguns chamam de “governo mundial”, “governança mundial”, “nova ordem mundial”, “comunidade internacional”, etc., etc. Mas que o leitor não tome “banqueiros” como um libelo contra o capitalismo, pois essa elite o considera útil até certo ponto, pois capitalismo implica riscos, competição, confiança e liberdade genuína (não custa lembrar: dar crédito = credere = confiar), e aquilo que é menos desejado por essa elite (que inclui próceres da esquerda) são riscos.
 
Na verdade, a única ideologia desse grupo antigo e renovável por cooptação e recrutamento  é também a criação de um mundo novo, um mundo com cerca de 1,2 bilhão de habitantes (somos hoje mais de 6 bilhões)... E se falamos das eleições americanas com mais ênfase é por dois motivos: 1- É delas que Sutton trata; 2- Os Estados Unidos foram e são o primeiro e maior alvo de todas as grandes experiências de engenharia social desde o início do século XX até hoje. É preciso primeiro controlar e mudar o mais forte.
 
A entrevista de Antony Sutton revela um pouco das pressões e perseguições que sofreu por conta de suas pesquisas e livros. Sua vida profissional foi praticamente destruída: foi um homem que pagou um alto preço por dizer verdades. Para mais detalhes de sua notável biografia, clique aqui, aqui e aqui.
 
Finalizando esta introdução, o Mídia@Mais faz uma sugestão e um pedido ao leitor:
  1. Não tome a entrevista transcrita como se esta fosse “A” Pedra da Roseta; na medida do possível, busque mais informações nos livros citados na bibliografia e as compare com a “história” contada alhures;
  2. Há três ou quatro lacunas na transcrição, assinaladas por “(?)”. Se o leitor/ouvinte com ouvido mais apurado conseguir confirmar os nomes (com as devidas referências), agradecemos desde já.
***
 
Entrevista de Antony Sutton a Stanley Monteith, 1980:Wall Street and the Rise of Hitler
 
 
Vídeo legendado em portuguêshttp://vimeo.com/13790265
 
 
Entrevistador: Dr. Stanley Monteith, Radio Liberty.
 
Transcrição e tradução: Henrique Dmyterko
 
Legendas: Antony Sutton: AS, Stanley Monteith: SM
 
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Transcrição:
 
SM: Dr. Sutton… O senhor escreveu três séries de livros enquanto foi fellow pesquisador na Hoover Institution. O senhor poderia me explicar qual é, basicamente, o tema desses livros?
 
AS: Sim. A primeira série de livros, enquanto eu estava na Hoover Institution, Stanford University, trata, essencialmente, das transferências de tecnologia ocidental para a URSS. Cada um dos três livros [dessa primeira série] cobre um período de tempo, começando em 1917.
 
SM:  Então o senhor escreveu uma segunda série sobre Wall Street...
 
AS: Sim, esses eram livros comerciais, no sentido de que não eram estudos acadêmicos, mas destinados ao público em geral e tratam da construção do socialismo bolchevique na Rússia, daquilo que nos EUA poderíamos chamar de socialismo do bem-estar social [welfare state] e também do nacional-socialismo de Hitler na Alemanha. Cada um dos livros examina o financiamento e a contribuição de Wall Street, de banqueiros internacionais, para o desenvolvimento dessas formas específicas de socialismo.
 
SM: Em suas pesquisas e análises acaba sendo revelado o que acontece em nossa sociedade. O senhor enfrentou obstáculos ou resistências para desencorajá-lo a conseguir desencavar as origens e revelar os bastidores do envolvimento dos Estados Unidos no financiamento do comunismo internacional?
 
AS: Sim, definitivamente... Por exemplo, quando eu estava na Hoover Institution, em 1972, eu deveria ir a Miami Beach fazer um relato diante do RNC (Comitê Nacional Republicano). Apesar de um Congressista ter entregado em mãos às agências de notícias cópias desse meu relato/testemunho, essas agências se recusaram a transmiti-lo aos jornais. Quando voltei à Califórnia, fui chamado à sala do diretor do Instituto, que me instruiu, em termos muito claros, para não mais proferir discursos tais como aquele, e que tais informações não deveriam ser tornadas públicas.
 
SM: E a informação era a de que estávamos fornecendo a URSS a tecnologia para desenvolvimento de seu potencial bélico...
 
AS: Sim... Naquela época estávamos envolvidos no Vietnã e como você sabe, os soviéticos estavam suprindo os norte-vietnamitas...
 
SM: Isso foi em 1972...
 
AS: Sim, 1972.   Por exemplo, eu sabia que a fábrica de automóveis e caminhões Gorky, que a propósito, foi construída pela Ford Motor Co. ... que a Fábrica Gorky, na Rússia, produz a linha de veículos GAZ [Gorkovsky Avtomobilny Zavod]... e esses veículos foram vistos na trilha Ho-Chi-Minh. Nós estávamos fornecendo equipamentos à Gorky em meio à guerra contra os norte-vietnamitas e esses caminhões estavam sendo usados para carregar munição e suprimentos destinados a matar americanos. Eu achava que aquilo era moralmente errado. Eu disse isso em Miami Beach e na Hoover Institution. E foi esse tipo de informação que foi suprimida.
 
SM: E o que aconteceu no que diz respeito às suas atividades na Hoover Institution?
 
AS: Bem... Eu não dei muita atenção às advertências. Publiquei um livro sobre o suicídio nacional, no ano seguinte, [National Suicide: Military Aid to the Soviet Union, 1973] livro que fazia um sumário da assistência militar que fornecíamos a União Soviética. Quando o livro ficou pronto, sofremos pressões para interromper a publicação... pressões feitas aos editores e a mim, pessoalmente.  E eu... eu achei que não deveria mais aturar tais pressões e poucos anos depois deixei a Hoover Institution. Desde 1975, sou um autor independente sem mais nenhum tipo de ligação com a Hoover.
 
SM: Vamos voltar um pouquinho, aos antecedentes do financiamento da máquina de guerra alemã, a mesma contra a qual lutamos no período entre 1941 e 1945...  Poderíamos começar, ante de mais nada, com o financiamento original de Hitler, entre 1922 e 1923, quando ele ainda estava fazendo esforços para atingir alguma proeminência na Alemanha?
 
AS: O financiamento original veio apenas em parte da Alemanha mesmo.  Um dos mais importantes a assinalar, na questão desse financiamento em 1922 foi Henry Ford. De fato, mais tarde, Henry Ford recebeu uma medalha,em 1938, por seu apoio financeiro ao Partido Nazista (Nacional Socialista) quanto este ainda estava em sua fase de formação. Então, é claro, depois do fracassado putsch,em 1923, Hitler foi preso, dando início a uma nova era na ascensão de Hitler.
 
SM: E finalmente chegou ao poder em 1933, via processo eleitoral. E o que há a dizer sobre o financiamento das atividades eleitorais de Hitler em 1933?
 
AS: Isso eu pude rastrear. Na verdade, pude rastrear com precisão, nos registros de Nuremberg, uma série de recibos de transferências do Delbruck, SchicklerBank,   em Berlim, transferências feitas para uma conta controlada por Rudolph Hess. Este foi o fundo usado para financiar o acesso de Hitler ao poder em março de 1933. Entre as grandes corporações que fizeram transferência para esse fundo, eu encontrei não apenas a IG Farben, o que já era bastante conhecido, mas também a filial alemã da General Electric, AEG (Allgemeine Elektrizitats Gesellschaft), na época diretamente controlada pela GE americana... também a OSRAM...
 
SM: E quais eram as ligações entre a OSRAM e a General Electric?
 
AS: A General Electric internacional tinha o controle da GE alemã (AEG) e também parte do controle acionário da OSRAM na Alemanha.
 
SM: Então temos a Ford e a GE ajudando a financiar a ascensão de Hitler ao poder. Havia outras grandes corporações americanas envolvidas?
 
AS: Sim, definitivamente. A Standard Oil através de sua parceria técnica com a IG Farben... Por exemplo, a Alemanha não poderia ter ido à guerra em 1939 sem o tetra-etil (chumbo tetra-etil). O tetra- etil é necessário para elevar a octanagem do combustível de aviação... A Alemanha não tinha meios para produzi-lo. O tetra-etil foi desenvolvido em laboratórios nos EUA e transferido para os alemães. A Standard Oil apareceu com a idéia de hidrogeinização, que foi essencial para os alemães nos anos 1930 aumentarem a qualidade de sua gasolina de aviação. Essa tecnologia foi transferida para os nazistas. E a ITT, p. ex., (International Telephone and Telegraph), estava intimamente ligada aos nazistas através do Dr. Schröder (Baron Kurt von Schröder ), que era o diretor-chefe das subsidiárias alemãs da ITT.   A ITT controlava empresas que fabricavam não somente instrumentos elétricos, mas também a fábrica dos Focke-Wulf, aviões de caça.
 
SM: Então o que senhor está sugerindo é que corporações americanas ajudaram a financiar a indústria alemã envolvidas no aumento da capacidade bélica?
 
AS: Corporações americanas, apenas umas poucas delas, não muitas, financiaram Hitler através de suas subsidiárias, transferiram tecnologia, transferiram estoques de material, p.ex., o tetra-etil, antes que os alemães mesmos o produzissem cf. acordo posterior entre Alemanha e os EUA. E também financiaram... P.ex., a Standard Oil, em 1933, financiou o desenvolvimento da fabricação de gasolina na Alemanha, necessária para a II Guerra.
 
SM: Este é um ponto muito interessante. O senhor poderia dar uma idéia de como a Alemanha obteve petróleo para a II Guerra? Certamente não havia reservas de petróleo em território alemão.
 
AS: Sim, a Alemanha não tem reservas de petróleo, é um fato. Durante a II Guerra, usou combustível sintético, obtido a partir do carvão e os processos tecnológicos básicos para o desenvolvimento de combustíveis a partir do carvão vieram dos Estados Unidos, essencialmente da Standard Oil, que tinha um acordo de assistência técnica com a IG Farben. E porque a IG contribuiu com cerca de 60% do explosivos usados pela Wehrmacht, entre 40 e 50% da gasolina para a Wehrmacht e para a Luftwaffe, a força aérea alemã.
 
SM: E como era o entrelaçamento entre a IG Farben e a Standard Oil?
 
AS: O entrelaçamento era no nível técnico, na troca de patentes, e na assistência tecnológico-financeira. Havia outros laços da IG Farben com os EUA, através de subsidiárias da IG Farben nos Estados Unidos.
 
SM: E é verdade o que foi afirmado sobre membros do conselho diretor da Standard Oil serem também membros do conselho diretor da subsidiária americana da IG Farben?
 
AS: Sim... Walter Teagle é um nome que me vem à mente... mas havia vários outros.
 
SM: Também havia ligações da IG Farben com a Ford Motor Company...
 
AS: Humm... Não que eu me lembre agora.
 
SM: Então, basicamente, o que vemos até aqui são companhias americanas fornecendo material, tecnologia e financiamento que tornaram possível a Hitler construir a sua máquina de guerra...
 
AS: Sim, isto está correto.
 
SM: Em seu livro “Wall Street and the Rise of Hitler” o senhor fala do padrão de bombardeios aéreos aliados durante a II Guerra e sobre o fato notável e surpreendente de que certas fábricas não foram atingidas, enquanto a maioria das fábricas alemãs foi dizimada. Algumas fábricas ligadas a esses acordos já aludidos, por alguma estranha razão, escaparam aos devastadores bombardeios de saturação dos aliados.
 
AS: Durante a II Guerra Mundial, o setor industrial alemão de produtos e equipamentos elétricos, era, ou deveria ser um dos alvos primordiais dos bombardeios aliados. Mas na prática, as fábricas da GE alemã não foram bombardeadas. Das dez maiores fábricas, nenhuma foi bombardeada e cerca de meia dúzia de outras tiveram danos mínimos, tais como vidros quebrados, etc. Logo, o que temos aqui é um caso muito interessante: indústrias que deveriam ter sido bombardeadas, não o foram. Por outro lado, temos uma marca de propriedade de tais indústrias, o que levanta algumas suspeitas sobre o porquê de não terem sido bombardeadas.
 
SM: Mas no que diz respeito a fábricas de material elétrico de propriedade alemã, elas sofreram bombardeios mais pesados?
 
AS: Eu pesquisei sobre isso. A Siemens, p.ex., foi bombardeada, não há dúvida sobre isso. Mas esse setor industrial, e a Siemens também, não foi tão bombardeado quanto às fábricas de tanques ou de aviões, esse tipo de coisas.
 
SM: Antes o senhor mencionou uma instalação industrial em Colônia. Esse era um alvo militar prioritário?
 
AS: A fábrica da Ford em Colônia [Alemanha] deveria ter sido um alvo militar prioritário. P.ex. a RAF (Royal Air Force) bombardeou a fábrica da Ford em Poissy, na França, mas a fábrica da Ford em Colônia, de longe a maior de todas, não foi bombardeada.
 
SM: Mas os planejadores militares pretendiam bombardear essas fábricas. Ou elas não estavam nos relatórios de alvos?
 
AS: Bem... Eu vi os relatórios de alvos em Colônia. A existência das fábricas da Ford lá era bem conhecida; eles sabiam que essas fábricas estavam produzindo equipamentos para a Wehrmacht, mas não a bombardearam. Ela estava na lista de alvos designados, mas não foi atingida.
 
SM: Então, em algum ponto ao longo da linha de comando e planejamento alguém apagou o nome da Ford em Colônia como alvo, enquanto a cidade de Colônia foi totalmente destruída.
 
AS: Colônia foi destruída, assim como muitas outras cidades na Alemanha foram destruídas. Mas em algum lugar da linha de comando... bem, algo aconteceu. Eu suspeito que isso se deu nos comitês de designação de alvos. E sem dúvida, ordens foram emitidas para não bombardear determinados alvos, ainda que esses fossem alvos militares vitais.
 
SM: Isso, de alguma maneira, faz lembrar a Guerra da Coreia e Guerra do Vietnã, quando alvos importantes no campo inimigo foram também deixados intocados pelos bombardeios estratégicos.
 
AS: Eu concordo que isso aconteceu, mas não investiguei o assunto.
 
SM: Em seu livro “Wall Street and the Rise of Hitler” há uma seção muito interessante a respeito de um fundo especial em nome de Heinrich Himmler. O fluxo de dinheiro para esse fundo, que se estendeu até 1943, 1944, envolvia empresas alemãs fortemente ligadas a empresas americanas e às suas matrizes americanas.O senhor poderia nos falar um pouco a respeito do Fundo Keppler?
 
AS: O Fundo Keppler, também conhecido como Control S Fund (?),  e era o que poderíamos chamar de fundo de reserva pessoal de Heinrich Himmler; ele o usava para seus projetos pessoais... e o que me deixou espantado foi que em 1933 e em 1944, os anos cujos arquivos desse fundo eu pesquisei, mais da metade do dinheiro para esse fundo proveio de corporações americanas. P.ex., em 1933 , a ITT, a Standard Oil, GE e possivelmente a OSRAM, foram contribuintes desse fundo. Até mesmo em 1944, durante a II Guerra Mundial, a ITT estava financiando Heinrich Himmler através de Schröder [Barão Kurt von Schröder ], que era o diretor-chefe das subsidiárias alemãs da ITT. Também descobri que a DAPAG (Deutsche-Amerikanische Petroleum AG), a subsidiária da Standard Oil na Alemanha, também estava financiando Himmler. E isso durante a II Guerra!
 
SM: Algum desses fatos veio à tona durante as audiências do tribunal de Nuremberg?
 
AS: Não. Nenhum veio à tona em Nuremberg, ainda que os documentos existam nos arquivos, mas eles não foram publicados.
 
SM: E o senhor teve acesso direto a esses arquivos?
 
AS: Sim. Há cerca de quatrocentas toneladas (400 t) disponíveis desses arquivos e muitos deles estão na Hoover Institution, ou cópias de tais documentos, e é por isso que eu os encontrei.
 
SM: Eu acho que esse é um episódio trágico da história americana, quando o público não percebe as íntimas relações de grandes corporações americanas com o financiamento do nacional-socialismo alemão (nazismo).  Agora, eu gostaria de falar um pouco a respeito dos julgamentos de Nuremberg, pois durante esses julgamentos, os nazistas, os generais alemães, os criminosos de guerra alemães foram considerados culpados diante das provas. Algum americano foi indiciado ou condenado em função desse financiamento?
 
AS: Definitivamente, não! Eu estudei os critérios de definição de “crimes de guerra” segundo o Tribunal de Nuremberg e eu não tenho dúvida de que determinados americanos se encaixavam nos critérios que determinavam o indiciamento por crimes de guerra, mas nenhum deles foi a julgamento.
 
SM: O senhor acha que houve um esforço consciente para ocultar esses fatos do Tribunal de Nuremberg e do público americano?
 
AS: Houve tal esforço, uma vez que esses homens de negócios americanos foram muito assertivos ao dizer, em 1946, que não tinham o menor conhecimento sobre o que Hitler estava fazendo. E, no entanto, estavam intimamente ligados ao rearmamento promovido por Hitler. Eu creio que isso não foi publicado pelos jornais da época, mas eu não verifiquei esse detalhe.  Mas certamente, nada foi publicado sobre o papel de corporações americanas e de executivos americanos na ajuda a Hitler.
 
SM: E sobe o financiamento, sobre os empréstimos de grandes bancos americanos e britânicos feitos ao governo de Hitler no período entre 1933 e 1939, quando ele estava se preparando para a guerra?
 
AS: Bem, é preciso recuar um pouco mais no tempo e dar uma olhada nos chamados empréstimos Young, que eu considero muito importantes, pois do meu ponto de vista, tais empréstimos levaram ao colapso financeiro da Alemanha em 1933.
 
SM: Esse era o Plano Young (1928)...
 
AS: Sim, Owen Young, que a propósito, era o presidente do conselho de administração da General Electric. Young atuou como o representante do governo dos EUA nesse plano que levou ao colapso financeiro alemão em 1933, que por sua vez, permitiu a ascensão de Hitler. E subsequentemente, a partir de 1933, há uma série de outros empréstimos. Um bom exemplo é o empréstimo da Standard Oil à Alemanha, no valor de vários milhões de dólares, para construir as instalações alemãs de produção de combustível de aviação. E há outros exemplos.
 
SM: Bem, eu agora gostaria de entrar no tema do financiamento do bolchevismo, porque eu acho que isso é de importância vital. Poderíamos voltar ao período logo após a 2ª revolução russa, entre outubro e novembro de 1917? O financiamento inicial do movimento de Lênin... como ele estava ligado às corporações americanas?
 
Houve algum envolvimento americano naquele período entre 1917 e 1918, quando o bolchevismo estava começando se estabelecer firmemente na Rússia?
 
AS: Sim, houve vários incidentes. O mais importante envolve o “Coronel” William Boyce Thompson, que era o maior acionista do Chase Bank, o atual Chase Manhattan Bank. Num dos meus livros eu publiquei a cópia de um cabograma registrando a transferência de um milhão de dólares, de Nova York a Petrogrado [São Petersburgo], em dezembro de 1917 e mais tarde, o “Coronel” Thompson declarou que esse dinheiro foi dado aos bolcheviques para ajudar a consolidar o seu poder. À época, os bolcheviques controlavam apenas Moscou e São Petersburgo. Esse é um exemplo muito significativo: fundos americanos, um milhão de dólares, transferidos através de um homem de Wall Street aos bolcheviques.
 
SM: E o senhor publicou esse documento em seu livro “Wall Street and the Rise of Bolshevism”?
 
AS: Eu publiquei duas declarações. Uma na forma de cópia do referido cabograma e outra, uma cópia do news clip da época, onde Thompson fazia a declaração acerca dessa contribuição
 
SM: E por que um capitalista americano, um financista americano, ajudaria o bolchevismo?
 
AS: A única resposta... e isso me intrigou durante anos: “Por quê?”. Pois de acordo com o senso comum, estaríamos em confronto. A única resposta a que eu pude chegar é: mercados cativos. Os Estados Unidos não queriam outro “Estado s Unidos” no mundo. Se você der uma olhada no mapa do mundo, a Rússia é duas, três vezes maior que os Estados Unidos. Imagine tudo isso se transformando num outro “Estados unidos”, num competidor. O que os EUA queriam, ou ainda, o que Wall Street queria era um mercado cativo. E é claro, o socialismo, conforme meus estudos iniciais em Stanford, o sistema socialista é incapaz de inovar; terá de importar inovações e tecnologias do Ocidente. Assim, creio que o objetivo por trás dessa ajuda era encorajar o desenvolvimento do marxismo e de outros tipos de socialismo, por que isso daria as esses banqueiros o controle do mercado mundial, um mercado cativo.
 
SM: No final da I Guerra Mundial, a Rússia estava devastada pela fome. Os EUA enviaram uma missão de socorro e ajuda; foi a missão Hoover. O senhor conhece os fatos que envolveram a missão Hoover?
 
AS: Não há dúvida de que em 1922, 1923, a Rússia estava acabada. A produção industrial russa equivalia a oito ou dez por cento da produção em 1913. As pessoas estavam morrendo de fome, centenas de milhares de pessoas. E é claro, a missão Hoover foi organizada para ajudar a Rússia, mas a maior parte dessa ajuda foi para os bolcheviques, que controlavam uma porção muito pequena da Rússia até então. Apenas uma pequena porção da ajuda foi para os “Russos Brancos” (Exército Branco) ou para o extremo oriente.
 
SM: E então, em 1922-23, Lênin lançou a chamada NEP (Nova Política Econômica), ou série de planos quinquenais. O senhor poderia falar a respeito dos planos quinquenais e do papel desempenhado por grandes corporações americanas e grandes corporações mundiais na construção da União Soviética?
 
AS: Bem, houve duas fases distintas. A NEP, iniciada em 1923 por Lênin. Eu descobri, e publiquei num trabalho em Stanford, que cada uma das indústrias russas foi reconstruída, reiniciada, por corporações estrangeiras; em sua maioria, alemãs, britânicas, francesas e americanas. Por volta de 1928, a Rússia tinha uma produção industrial quase igual ao dos níveis pré-guerra, ou seja, dos níveis de 1913. Neste ponto, a Rússia passou a pensar em termos daqueles grandiosos planos quinquenais. E em 1928 o GOZ Plan, o comitê de planejamento econômico do governo soviético, apresentou um projeto de desenvolvimento econômico quinquenal inicial, mas esse plano era tão inadequado que recorreram a corporações americanas. Assim, na realidade, os dois primeiros planos quinquenais foram arquitetados nos EUA, por corporações americanas.
 
SM: E quais eram essas corporações, especificamente?
 
AS: O projeto do primeiro plano quinquenal foi feito por uma empresa provavelmente muito pouco conhecida do público americano, a firma de arquitetura industrial de Albert Kahn. Albert Kahn era o principal arquiteto industrial nos EUA. Foi a firma dele que estabeleceu os conceitos básicos do primeiro plano quinquenal. E então, nós encontramos, mais uma vez, as mesmas corporações, agora envolvidas na construção de fábricas na União Soviética: a General Electric internacional, Du Pont, Ford Motor Co., Hercules Motor, Cutiss-Wright [motores de aviões] e algumas outras cujos nomes já estão esquecido hoje: Vultee Aircraft e Chance-Vault Aeoronautical. Então, companhias americanas entraram em cena, construíram o primeiro plano quinquenal, mas o mais importante é que os soviéticos então copiaram esses planos e isso dá conta do enorme aumento da produção industrial. Os soviéticos pegaram esses equipamentos iniciais e os copiaram, às centenas.
 
SM: E quanto à Ford Motor Co.? Qual o seu papel nisso? Foi importante?
 
AS: Certamente. A Ford construiu a fábrica Gorky. A Gorky produz a série de veículos GAZ [Gorkovsky Avtomobilny Zavod]; são caminhões e automóveis. E logo no início dos anos 1930 você vê que a GAZ tinha potencial militar e a Ford sabia disso quando construiu a fábrica Gorky e nós sabemos disso porque eu encontrei declarações a esse respeito nos arquivos do Departamento de Estado.
 
SM: Às vezes ouvimos o nome de Averell Harriman. Ele teve um papel na construção da tecnologia soviética?
 
AS: Certamente. Averell Harriman voltou da União Soviética com lucros. Ele obteve a concessão das minas de manganês na Geórgia no início dos anos 1920. Ele as tornou operacionais novamente para os soviéticos.O manganês se tornou um dos principais produtos de exportação dos soviéticos. Com a exportação do manganês os soviéticos obtiveram divisas que financiaram a industrialização. Em 1929, os soviéticos compraram os direitos de Averell Harriman, pagando um milhão de dólares a mais do que ele tinha investido.
 
 
AS: Armand Hammer é um exemplo muito interessante.  Hammer recebeu a primeira concessão estrangeira em 1922 sobre asbesto (amianto) nos Montes Urais e ele também conduziu outros empreendimentos para os soviéticos, tais como a fabricação de canetas e lápis. Mas Armand Hammer é interessante por que seu pai, apesar de Armand ser até hoje (ano de 1980) presidente da Occidental Petroleum Corporation... seu pai era Julius Hammer, que em 1919 era o Secretário-Geral do Partido Comunista nos Estados Unidos, o que enfatiza o argumento que permeia meus livros: o de que nos níveis mais altos não há diferença entre os comunistas principais e os capitalistas principais. Eles estão entrelaçados. Você tem Armand Hammer, presidente da Occidental Petroleum, e seu pai, Secretário-Geral do PC americano em 1919.
 
SM: Então, basicamente, é uma tomada de poder.
 
AS: É uma tomada de poder [ ] e uma tomada de poder internacional.
 
SM: Agora... Durante a II Guerra Mundial, quando a Rússia foi praticamente destruída novamente pela forças alemãs, qual foi o papel do programa “Lend Lease” na reconstrução da capacidade industrial russa após a II Guerra?
 
AS: Bem, o programa “Lend Lease” (empréstimo e arrendamento) expandiu e modernizou a capacidade industrial soviética durante a II Guerra, e houve uma continuação até 1948, talvez 1949.  Havia um programa supostamente destinado exclusivamente ao fornecimento de comida e material industrial,mas na verdade, e eu verifiquei os registros dos depósitos em ...?... Maryland, descobri que mesmo depois da II Guerra, e isto era contrário às intenções do Congresso, acredito eu, houve uma maciça transferência de equipamentos industriais de última geração à União Soviética sob a cobertura do chamado programa Lend Lease.
 
SM: Em 1948 saiu um livro fascinante, de autoria do Major (George) Racey Jordan no qual ele falava da assistência americana aos comunistas no que diz respeito à sua capacidade de construir armas nucleares. O senhor teve a oportunidade de verificar se realmente fornecemos água pesada a eles, se fornecemos os recursos para que construíssem armas atômicas?
 
AS: Bem, como parte do trabalho que eu estava fazendo em Stanford, investiguei os documentos de embarque do programa Lend Lease.  Eu peguei uma amostra desses documentos e os comparei com os dados do Major Jordan e de maneira geral, Jordan estava certo quanto a mais ou menos cinco por cento do conteúdo do embarques. O Major Jordan evidentemente fez a acusação de que tínhamos enviado material aos soviéticos em 1944-45, material que mais tarde foi usado no desenvolvimento do seu programa atômico. Não há dúvida de que ele estava correto ao afirmar que enviamos água pesada, que é essencial. Mas nós enviamos outros itens, que talvez sejam menos óbvios ao leigo. Por exemplo, enviamos tubos de alumínio, essenciais ao desenvolvimento da energia atômica... Enviamos grafite, outro componente essencial. Assim, de maneira geral e até onde pude verificar... E eu verifiquei os documentos governamentais originais do Lend Lease, o Major Jordan estava certo.
 
SM: À medida que os anos passam, vemos uma crescente ameaça nuclear soviética. Os soviéticos agora têm mísseis MIRV[multiple independently-targeted reentry vehicle = míssil balístico com vários alvos/várias ogivas]. O senhor poderia explicar como a União Soviética, que realmente não tinha a tecnologia necessária para desenvolver esses mísseis MIRV que hoje ameaçam as nossas cidades... Como é que eles foram capazes de desenvolver essa capacidade?
 
AS: Bem, para começar é preciso voltar e entender como os soviéticos foram capazes de desenvolver um foguete, a tecnologia espacial. O que eles fizeram depois da II Guerra foi... As forças americanas foram retidas por um tempo, enquanto os soviéticos ocupavam o leste da Alemanha. Eles tiraram tudo da Alemanha Oriental, levaram o que havia de mais recente na tecnologia de bombas V2 de Peenemünde e de outros lugares e a V2 se tornaram a base da tecnologia espacial soviética. Bem, se você pular o período intermediário, no início do anos 1970 os russos ainda não tinham a capacidade MIRV em seus mísseis.  Em especial, eles careciam da capacidade tecnológica para produzir os rolamentos de micro-esferas de alta precisão, necessários para os sistemas de controle. Havia apenas um única empresa no mundo, a Bryant Chucking Grinder Company, capaz de fabricar as máquinas de usinagem de alta precisão que faziam as pistas para rolamento das esferas. E sem essas pistas de esferas de rolamento, não é possível produzir mísseis MIRV em quantidade. Pode fazer um, mas não em quantidade. A Bryant Chucking Grinder Company teve permissão de vender quarenta e cinco dessas máquinas aos soviéticos, numa época em que só havia trinta e três em uso nos Estados Unidos.
 
SM:  Houve alguma objeção a isso?
 
AS: Eu fiz objeção naquela reunião em Miami Beach, em 1972. Outras pessoas fizeram objeções, mas esta foram sufocadas, caladas. Os maiores culpados disso foram Henry Kissinger e a administração Nixon (2º mandato). [Em tenho certeza de que isso era conhecido no DOD (Dep. de Defesa)...se eu sabia, certamente o Departamento de Defesa sabia. Mas, as objeções foram silenciadas e as informações, suprimidas.
 
SM: Então, mais uma vez, vemos a América contribuindo para o crescimento da capacidade militar da ameaça nuclear soviética...
 
AS: Bem, quando você está falando de mísseis MIRV, você está tratando de um grande salto em sua tecnologia militar. Ora, eu não sou militar, mas para mim, a habilidade de fazer isso é um avanço maciço na capacidade militar, e nós permitimos isso consciente e deliberadamente.
 
SM: Durante a Guerra do Vietnã, a União Soviética e os países satélites do leste europeu eram os principais fornecedores de suprimentos bélicos aos norte-vietnamitas que estavam matando rapazes americanos no Vietnã do Sul. O senhor poderia comentar sobre a nossa ajuda e comércio com a União Soviética e os países do leste europeu durante aquele período?
 
AS: Não há dúvida de que os soviéticos eram os principais fornecedores de equipamentos e suprimentos militares aos norte-vietnamitas. Deixe-me dar-lhe um exemplo: Os pilotos americanos, enquanto voavam sobre a Trilha Ho-Chi-Minh, descreveram os caminhões que viam como caminhões americanos. Bem, eles eram americanos, uma vez que vieram da fábrica Gorky e essa fábrica foi construída por Henry Ford. Então, você tem uma situação onde nós estávamos fornecendo para os dois lados na Guerra do Vietnã.
 
SM:Se os caminhões estavam sendo fabricados na União Soviética, eles receberam algum equipamento americano para fabricá-los?
 
AS: Sim. Especificamente no início dos anos 1970, tomei conhecimento de embarques de equipamentos para a fábrica Gorky enquanto a guerra transcorria, os quais permitiram que os soviéticos produzissem mais caminhões a serem utilizados pelos norte-vietnamitas.
 
SM: E quanto a empréstimos? Os Estados Unidos estavam concedendo empréstimos aos soviéticos durante esse período em que eles eram os principais financiadores dos norte-vietnamitas?  
 
AS: Sim. Começando por volta de 1970, houve uma enorme concessão de empréstimos à União Soviética. Em 1976, tais empréstimos totalizavam talvez 40 (quarenta) bilhões de dólares. Um valor extraordinário.Obviamente, tais empréstimos permitiram que a União Soviética adquirisse equipamento industriais dos Estados Unidos. Em parte, esse equipamento industrial foi usado para produzir suprimentos militares usados contra nós no Vietnã.
 
SM: E quanto à marinha mercante russa no transporte de suprimentos ao Vietnã do Norte?
 
AS: As remessas pela marinha mercante russa são exemplos muitos interessantes porque a frota russa, umas seis mil embarcações...e eu analisei cada um desses navios: a origem da tecnologia do navio em si, a capacidade de carga e os motores. A maioria era equipada com motores diesel marítimos. Eu descobri que sessenta por cento da marinha mercante soviética, que obviamente tem utilidade militar, foi construída em estaleiros estrangeiros, e quarenta por cento na União Soviética, mas basicamente usando projetos ocidentais .Agora, quando você trata de motores diesel marítimos, você descobre algo realmente fascinante. Você descobre que oitenta por cento dos motores diesel da frota mercante soviética são ocidentais : Bermeister&Wein, de Copenhague, Sulzer, da Suíça, FIAT, da Itália...esse nome já veio à tona anteriormente. Mas os outros vinte por cento dos motores diesel da frota mercante russa foram fabricados de acordo com projetos ocidentais e acordos de assistência técnica com a Sulzer e a Bermeister&Wein. Portanto, para qualquer efeito, não haveria marinha mercante russa sem a assistência do Ocidente.
 
SM: E quanto à construção da fábrica do Rio Kama (tributário do rio Volga, Rússia)?
 
AS: A fábrica do Rio Kama foi construída entre o final dos anos 1960 e o início dos anos 1970. O projeto básico foi entregue à italiana FIAT. Giovanni (Gianni) Agnelli é o presidente da empresa. Isso é importante, por que Agnelli tem ligações com o        Chase Manhattan Bank Ele está no International Advisory Committee (IAC) do Chase Manhattan (Rockefeller) O que chamou minha atenção foi o fato de que a FIAT não produz equipamentos para a fabricação/montagem de automóveis. Todas as fábricas da FIAT na Itália usam máquinas e equipamentos americanos.  O que eu descobri foi que 60-70 por cento dos equipamentos da fábrica do Rio Kama vieram dos Estados Unidos, dos principais fornecedores de máquinas para a indústria automobilística nos Estados Unidos.Eu penso que a fábrica ser conhecida como sendo da FIAT foi talvez um disfarce para desviar a atenção do fato de que, durante a Guerra do Vietnã, estávamos construindo a maior fábrica de caminhões do mundo, cobrindo uma área de 36 milhas quadradas (aprox. 93 km²) .Nós estávamos construindo para os soviéticos, com equipamento americano, a maior fábrica do mundo e esta levava o nome da FIAT. Então eu acho que foi uma fachada.
 
SM:Então eles estavam fabricando seus caminhões, veículos blindados de transporte de pessoal e outros coisa que poderiam ser usadas na guerra no Vietnã do Sul?
 
AS: Nós sabíamos que a fábrica em Kama tinha potencial militar e em 1972 eu escrevi “National Suicide [Suicídio Nacional]”. Eu disse basicamente o mesmo em Miami Beach em 1972: essa fábrica tem potencial militar, pode produzir veículos militares. Sabíamos disso. E é claro, hoje [ano 1980], no Afeganistão, os veículos produzidos por essa fábrica construída por companhias americanas e italianas estão lá.
 
SM: E foi depois que senhor apresentou essas informações que surgiram pressões para a supressão de seu livro “National Suicide” e também de outros estudo seus?
 
AS: Sim, sim. Porque eu revelava o fato de que a fábrica do Rio Kama tinha potencial militar, que estávamos capacitando os mísseis soviéticos com tecnologia MIRV ao vender-lhes máquinas da Bryant Chucking Grinder Company, e é claro, outros fatos correlacionados.
 
SM: E que tipo de pressão foi feita sobre o senhor e sobre a editora de seu livro “National Suicide”?
 
AS: A pressão sobre a editora foi para evitar a publicação. A editora se recusou a fazer isso. A pressão sobre mim, primeiramente, foi no sentido de desistir da publicação. E então, um tipo bastante fraudulento de pressão. Na Hoover Institution que eu havia plagiado o volume 3 da minha série sobre tecnologia ocidental, que estava sendo publicada pela Stanford University. Bem, primeiramente, eu os desafiei a apontar o plágio e ninguém foi capaz de encontrar nem sequer duas frases plagiadas... Então eu ressaltei que eu não poderia plagiar o meu próprio trabalho. Eu sou detentor do copyright de ambos os livros, logo não haveria maneira de plagiar a mim mesmo... É uma impossibilidade lógica. Então, a pressão foi gradualmente crescendo nos ano seguintes no sentido de que minhas pesquisas estavam caminhando num sentido...que talvez, não fosse requerido, ou bem-vindo, na falta de termo melhor e que deveria se restringir a limites mais estreitos . Nesse ponto, em 1975 eu deixei a Hoover Institution e me tornei um pesquisador independente, com liberdade para publicar o que eu quiser.
 
SM: O senhor soube de outras situações de esforços para suprimir publicações de livros na Hoover Institution?
 
AS: Eu sei de um exemplo, como qual eu tinha bastante familiaridade, e trata-se do livro de Julius Espstein sobre a “Operation Keelhaul”, um livro muito importante sobre o tratamento dados a prisioneiros de guerra russos na Alemanha logo após a II Guerra. Esse livro ficou em manuscrito por vários anos e sua publicação não foi permitida. Eu soube disso em primeira mão do próprio Julius.
 
SM: Certo. No final das contas acabou sendo publicado...
 
AS: Foi, mais tarde foi publicado.Outro exemplo que posso dar é da minha própria série sobre tecnologia ocidental. O terceiro volume foi mantido no prelo por um ano. Ora, custa muito dinheiro manter um livro parado no prelo, pois você quer recuperar o dinheiro investido. Esse livro ficou parado por um ano porque não era politicamente aceitável naquela época, apesar de ser um livro acadêmico.
 
SM: Então o senhor fez estudos fascinantes sobre a Comissão Trilateral. O senhor poderia nos falar a respeito da Comissão Trilateral?
 
AS: A Comissão Trilateral é uma organização privada, fundada por David Rockefeller em 1973. Era financiada principalmente por Rockefeller e algumas outras fundações... a [Charles F.] Kettering Foundation, a ... (?) Foundation, a Ford Foundation. A Ford Foundation era uma das maiores contribuidoras. E o objetivo declarado era encorajar a discussão entre o que eles chamavam de regiões trilaterais: eu devo ressaltar que dos trezentos membros da comissão, um terço vinha dos Estados Unidos, um terço do Japão e um terço da Europa. Mas na verdade, eu descobri que as ações da Comissão Trilateral têm muito mais a ver com os interesses da comunidade de banqueiros internacionais em Nova York.
 
SM: No que diz respeito à influência da Comissão Trilateral sobre o governo americano, tem sido dito que houve excessiva participação de membros da Comissão no gabinete [ministério] de Jimmy Carter e na administração de Jimmy Carter.
 
AS: Bem, “excessiva participação” é um eufemismo, penso eu... Há cerca de duzentos milhões de habitantes nos EUA [ano de 1980]; da Comissão, setenta e sete membros são americanos, e destes, nada menos que dezoito faziam parte do governo Carter. O próprio Presidente Carter era membro da Comissão Trilateral, além dos Srs. Walter Mondale [vice-presidente], Harold Brown, Cyrus Vance, Michael Blumenthal… Brown era o Secretário da Defesa. Em outras palavras, ocuparam todos os postos-chave do gabinete e também de importantes comitês do governo; os de inteligência e defesa, p.ex., totalmente compostos por “trilaterals”. Então você tem setenta e sete americanos selecionados por um homem, David Rockefeller, então presidente do Chase Manhattan Bank, que se tornam ocupantes dos principais cargos em Washington no governo Carter.
 
SM: Isso lhe sugere que nós não escolhemos nossos governantes, mas que estes são escolhidos por aqueles trabalham por trás da cena?
 
AS: Não há outra conclusão a tirar disso. Se você olhar para quem é candidato hoje, você tem Bush (pai), um “trilateral”, Anderson, “trilateral”, Carter...
 
SM: Há artigos nas revistas Newsweek,TIME, US News &World Report,... muitos na grande mídia nos dizendo que não realmente há nada a se preocupar com a Comissão Trilateral. Há alguma interligação entre a Comissão Trilateral e a grande mídia nos Estados Unidos?
 
AS: Sim, há uma interligação, particularmente na mídia de notícias, p.ex., no Chicago Sun Times, o editor-executivo James F. Hoge é um “trilateral”. Também Saul Linel (?) editor da revista TIME,..Henry Schut (?), um diretor da CBS. Então, definitivamente sim, há ligação entre a Comissão Trilateral e a mídia.
 
SM: Então talvez por isso minimizem a influência da Comissão Trilateral no atual governo americano.
 
AS: Através de um computador cheguei ao número total de artigos publicados sobre a Comissão Trilateral desde 1973, no mundo todo; e o número é de apenas setenta e três artigos.
 
SM: Qual a relação entre a Comissão Trilateral e o CFR (Council on Foreign Relations)?
 
AS: Bem, o CFR é uma organização muito mais antiga, fundada em 1920. Eu fiz um estudo sobre os membros da Comissão e do CFR e há uma sobreposição de aproximadamente cinquenta por cento.
 
CORTE
 
LEGENDA FINAL: Esta entrevista e outras entrevistas a Stanley Monteith foram filmadas no verão de 1980. Pouco depois disso, o Professor Sutton não mais esteve disponível para aparições públicas.
 
Transcrição e tradução: Henrique Dmyterko
 
Bibliografia de Antony Cyril Sutton, com alguns links para versões online:
 
  • Western Technology and Soviet Economic Development: 1917-1930 (1968)
  • Western Technology and Soviet Economic Development: 1930-1945 (1971)
  • Western Technology and Soviet Economic Development: 1945-1965 (1973)
  • National Suicide: Military Aid to the Soviet Union (1973)
  • What Is Libertarianism? (1973)
  • Wall Street and the Bolshevik Revolution (1974, 1999) (Online version) (Online Russian version)
  • Wall Street and the Rise of Hitler (1976, 1999) (Online version)
  • Wall Street and FDR (1976, 1999) (Online version)
  • The War on Gold: How to Profit from the Gold Crisis (1977)
  • Energy: The Created Crisis (1979)
  • The Diamond Connection: A manual for investors (1979)
  • Trilaterals Over Washington - Volume I (1979; with Patrick M. Wood)
  • Trilaterals Over Washington - Volume II (1980; with Patrick M. Wood)
  • Gold vs Paper: A cartoon history of inflation (1981)
  • Investing in Platinum Metals (1982)
  • Technological Treason: A catalog of U.S. firms with Soviet contracts, 1917-1982 (1982)
  • America's Secret Establishment: An Introduction to the Order of Skull & Bones (1983, 1986, 2002) (Online version)Back up online [1]
  • How the Order Creates War and Revolution (1985) (Online Russian version)
  • How the Order Controls Education (1985)
  • The Best Enemy Money Can Buy (1986) (Online version)
  • The Two Faces of George Bush (1988)
  • The Federal Reserve Conspiracy (1995) (Online Russian version (as Vlast' dollara))
  • Trilaterals Over America (1995) (Online version) (Online Russian version)
  • Cold Fusion: Secret Energy Revolution (1997)
 ANTONY C. SUTTON: Obras Publicadas (com lista alternativa de links):
 
THE VIEW FROM 4-SPACE
1998 FTIR . . . $50.00
COLD FUSION; SECRET ENERGY REVOLUTION
1997 FTIR . . . . $50.00

YOLLSRIT I BOLSHEVETSKAYA REVOLUTSIYA
1996 Moscow . . . . Russian

TRILATERALS OVER AMERICA
1995 CPA
Get it from Amazon

KAK ORDEN ORGANICHET VOINIYA I REVOLUTZIYA
1995 Moscow . . . . Russian

DUTCH NATIONAL TV
Two-part documentary on financing Hitler. Detailing Bush/Harriman role.
Commentator Daniel de Wit . . . . Dutch

THE FEDERAL RESERVE CONSPIRACY
1995 CPA
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THE TWO FACES OF GEORGE BUSH
1988 Out of print.

AMERICAS SECRET ESTABLISHMENT
1986 Liberty House Press. . . . $20.00
406-652-3326 / 406-652-3329 (fax)
AMERICAS SECRET ESTABLISHMENT
Updated hardcover 2002 edition.
TrineDay
P.O. Box 577
Walterville, OR 97489
800.556.2012
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THE BEST ENEMY MONEY CAN BUY
1986 Liberty House Press . . . . $12.50
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THE DIAMOND CONNECTION
1979 FTIR . . . . $20.00

ENERGY; THE CREATED CRISIS
1979 Out of print

THE WAR ON GOLD
1977 Arlington House (New York) and Sandton (South Africa) Out of print
You may be able to get it from Amazon

DER LOSE SELBSTMORD; AMERIKAS MILITARHILFE AN MOSKAU
1976 Swiss East Institut, Berne . . . . German

WALL STREET AND FDR
1976 Arlington House
1999 Buccaneer Books

NATIONAL SUICIDE; MILITARY AID TO THE SOVIET UNION [Suicídio Naciona]
1973 Out of print
You may be able to get it from Amazon
WALL STREET AND THE RISE OF HITLER
1976 Arlington House.
1999 Buccaneer Books
http://www.reformed-theology.org/html/books/wall_street/
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WALL STREET AND THE BOLSHEVIK REVOLUTION
1974 Arlington House
1999 Buccaneer Books

WHAT IS LIBERTARIANISM?
1973 Out of print.

WARS AND REVOLUTIONS; a comprehensive list of conflicts including fatalities
1973 Part One 1820 to 1900 1974
Part Two 1900 to-1972
Out of print.

WESTERN TECHNOLOGY AND SOVIET ECONOMIC DEVELOPMENT
1968 Volume One 1917-1930
1971 Volume Two 1930-1945
1973 Volume Three 1945-1965
In print available from Hoover Institution Press.
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UNPUBLISHED MANUSCRIPT
THE STATE, WAR AND REVOLUTION
in three volumes.

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    1-800-343-6180 (credit cards and information)
  • Hoover Institution Press
    Stanford University
    Stanford, CA. 94305
 
 
OUTROS LINKS DE INTERESSE (todos os títulos em português são meramente ilustrativos):
·         LIVRO: THE BEST ENEMY MONEY CAN BUY [O Melhor Inimigo que Dinheiro Pode Comprar]
·         LIVRO: WALL STREET AND THE BOLSHEVIK REVOLUTION [Wall Street e a Revolução Bolchevique]
·         LIVRO: WALL STREET AND THE RISE OF ADOLPH HITLER [Wall Street e a Ascensão de Hitler]
·         On "Left" versus "Right" and the Hegelian dialectic in American politics [Sobre a “Esquerda” versus “Direita” e a dialética hegelina na política americana]
Veja também:
Antony Sutton
The IRS is used to attack Antony Sutton [A “Receita Federal” dos EUA e sua perseguição a Sutton]
In Memoriam -- Antony Sutton
How and Why International Bankers Make War [Como e porque banqueiros internacionais fazem guerras]
 
 
Leituras recomendadas (outros autores):
 
  1. Carroll Quigley, Tragedy & Hope, The McMillan Company, Nova York, 1966 (Quigley foi um professor e estudioso respeitado, sinceramente favorável à idéia de uma “nova ordem”, ou segundo ele mesmo, de “uma diversidade inclusiva”. Ao que parece, falou demais nesse seu livro [1348 páginas], que logo sumiu de circulação e que só foi reeditado em 1975 (?) pela obscura GSG & Associates.
  2. Carroll Quigley, The Anglo-American Establishment ,1981
  3. Modris Eksteins, Rites of Spring, 1989