Peter J. Smith
WASHINGTON, D.C., EUA, 8 de fevereiro de 2010 (Notícias Pró-Família) — Um grupo bipartidário de congressistas indicou para o Prêmio Nobel da Paz três corajosos ativistas chineses dos direitos humanos que têm sofrido enormemente por defenderem os direitos religiosos, políticos e naturais dos cidadãos chineses. Dois indicados foram perseguidos especificamente por lutarem contra a brutal política da China de esterilizações e abortos forçados sob a política de “um filho só”.
Em nome dos sete congressistas americanos, o deputado federal Chris Smith, do Partido Republicano de Nova Jérsei, enviou uma carta para Thorbjorn Jagland, presidente do Comitê do Prêmio Nobel da Paz na Noruega, indicando os ativistas de direitos humanos Chen Guangcheng, Gao Zhisheng e Liu Xiaobo para o Prêmio Nobel da Paz de 2010. Sob as normas do comitê, representantes do poder legislativo nacional podem indicar indivíduos para o prestigioso prêmio.
“Esses ativistas dos direitos humanos estão fazendo uma contribuição marcante para a paz”, escreveu o congressista. “Um dos fatores mais cruciais para se decidir se o século XXI será pacífico será o desenvolvimento interno da China — se a China reconhecer os direitos humanos de seus cidadãos e o desejo deles de viverem num estado democrático governado pela lei, ou persistir em governo não representativo e em repressões”.
“Ao premiar conjuntamente Chen, Gao e Liu com o Prêmio Nobel da Paz, vocês não só reconheceriam as contribuições deles para a paz, mas também inspirariam milhões de chineses cujos corações se identificam com os ideais que essas três personalidades têm heroicamente articulado”, declarou a carta.
Chen Guangcheng é um advogado cego que estudou por conta própria. Ele assumiu a responsabilidade de defender mulheres camponesas locais contra autoridades locais que queriam forçá-las à esterilização e ao aborto compulsório de seus bebês.
Embora Pequim tenha agora uma política oficial contra esterilizações e abortos forçados sob a política de “um filho só”, investigadores revelam que autoridades locais rotineiramente ignoram a ordem oficial a fim de cumprir as cotas populacionais de Pequim — e que Pequim, por sua vez, rotineiramente ignora essas violações e silencia os que as expõem.
A briga de Chen com o governo chinês começou depois que ele entrou com uma ação coletiva sem precedente contra autoridades de saúde da cidade de Linyi. A ação atacou as autoridades por seu tratamento desumano de mulheres e seus bebês em gestação na província de Shangdong — pelo que Chen viu como violações brutais ao forçar a “política de um filho só”.
Depois de sofrer um ano de prisão domiciliar, Chen foi sentenciado em agosto de 2006 a quatro anos e três meses de prisão pela acusação ridícula de danificar propriedade e atrapalhar o trânsito.
Além disso, a data do julgamento de Chen era alterada de forma regular e repentina, dificultando que seus advogados coordenassem uma defesa. A atitude traiçoeira mais óbvia ocorreu no dia antes de seu julgamento, quando os três advogados de sua equipe legal — um deles formado na Universidade de Yale — foram presos sob a acusação criativa de roubar uma carteira. Eles foram liberados só depois que a demora tornou o envolvimento deles no julgamento de Chen irrelevante.
Gao Zhisheng, um advogado de Pequim dedicado a defender os direitos humanos na China, foi um dos advogados de Chen. Em 4 de fevereiro de 2009, Gao desapareceu sob circunstâncias suspeitas e sua atual localização é desconhecida.
No passado, Gao fora torturado de forma horrenda por oficiais de prisão. Numa coluna para o jornal Washington Post, a esposa de Gao, Geng He, revelou que guardas o sujeitaram a choque elétrico, enfiaram cigarros acesos nos olhos dele e palitos de dente nos órgãos sexuais dele durante um encarceramento anterior de 50 dias. Autoridades jogaram o advogado de direitos humanos na cadeia por escrever ao Congresso expondo os contínuos abusos de direitos humanos da China.
A esposa e dois filhos de Gao escaparam da China e buscaram asilo nos Estados Unidos, logo antes do desaparecimento de Gao.
Geng expressou preocupação com o fato de que o modo brutal como o governo tratou Gao e outros advogados esteja impedindo “a próxima geração de advogados chineses” de defender os casos de direitos humanos. Ela disse que “os advogados da China são a única esperança de o país se tornar um estado de partido único em que o Estado de direito prevalece, sem mencionar uma democracia verdadeira”, mas ela tinha a esperança de que a China daria atenção aos Estados Unidos se houvesse pressão na questão.
Alguns têm menos esperança: Carl Moeller, diretor da Missão Portas Abertas nos EUA, disse que crê que a chance de os EUA influenciarem a China despareceu agora porque os EUA pegaram muito dinheiro emprestado e por causa de sua dívida enorme com a China.
“A economia americana está escravizada aos bancos chineses. Seria suicídio econômico fazer ameaças agora”, declarou Moeller no começo do ano.
Liu Xiaobo, o terceiro nome indicado para o Prêmio Nobel da Paz, é o arquiteto de um manifesto de direitos humanos pró-democracia chamado Carta de Direitos 08. A carta pede liberdades básicas tais como liberdade de religião, reunião, proteção da propriedade privada e a garantia de direitos delineados sob a Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU.
As autoridades prenderam Liu dois dias antes da divulgação da Carta em 8 de dezembro de 2008 e o acusaram de “incitar a subversão do poder estatal”. Depois de declará-lo culpado das acusações, um tribunal chinês sentenciou Liu no Natal de 2009 a 11 anos de prisão.
Liu está recorrendo da sentença, e os Estados Unidos pediram sua libertação.
“Esses três heróis defenderam a causa da liberdade e dignidade humana, e sacrificaram e sofreram por suas posturas”, declarou o Dep. Smith. “Eles merecem ser considerados para o Prêmio Nobel da Paz”.
Traduzido por Julio Severo: www.juliosevero.com
Veja também este artigo original em inglês: http://www.lifesitenews.com/
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