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segunda-feira, 1 de julho de 2013

Deus pode inverter a direcção do tempo?

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Deus pode inverter a direcção do tempo?

Filed under: filosofia,Quântica — O. Braga @ 4:34 pm
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Católicos – em geral – e os cientistas estão de acordo: segundo uns e outros, Deus não pode inverter a direcção do tempo, ou, segundo os cientistas agnósticos ou ateus, é impossível reverter a direcção do tempo.
Temos que partir de um primeiro princípio:
1/ Deus não depende das leis da física, sejam estas leis as da física clássica, sejam as leis da física quântica (que são o fundamento propriamente dito das leis da física).
Depois, temos um segundo princípio:
2/ Deus é a Causa Primeira, ou seja, é Causa de tudo o que existe no universo. E sendo a Causa Primeira, estando fora do espaço-tempo, Deus pode intervir e intervém de facto (veremos mais adiante) na realidade do espaço-tempo.
E ainda um terceiro e quarto princípios:
3/ Deus intervém na realidade do espaço-tempo através da realidade quântica ou do mundo quântico (conforme lhe queiram chamar).
4/ No mundo subatómico, ou no mundo quântico, ou na realidade quântica – a inversão da direcção do tempo é possível.
Concentremo-nos agora no ponto 4. Por mais estranho que possa parecer, a verdade é que a nível microscópico – a nível subatómico ou nível quântico – a inversão da direcção do tempo é possível. A nível quântico, as leis básicas da física, incluindo a mecânica quântica, são as mesmas quando a direcção do tempo é invertida (“The Quantum Philosophy”, página 207, 1994, Roland Omnès).
É a força entrópica da gravidade, que “adiciona” massa à matéria subatómica e que é a causa directa do ” efeito de descoerência “, que impede que a direcção do tempo seja invertida à escala humana (a nível macroscópico).
Para que fosse possível inverter o tempo considerado à escala humana, seria preciso um aparelho experimental maior do que, ou exterior ao, próprio universo (ver ponto 2); e esse aparelho, se fosse feito de matéria, seria tão grande que não funcionaria devido à relatividade especial: a acção desse aparelho demoraria um tempo infinito a efectuar a operação de inversão do tempo. Para que seja possível a inversão do tempo macroscópico, é necessário que a “alavanca”, por assim dizer, que faça essa inversão esteja fora do espaço-tempo, embora com poder de intervir no espaço-tempo.
5/ Deus é um Ser detentor de vontade e de liberdade absolutos.
A questão não é a de saber se Deus pode inverter a direcção do tempo; em vez disso, a questão é a de saber se Deus quer inverter a direcção do tempo. Como Newton defendeu nos seus escritos, Deus intervém no universo a cada segundo cósmico no sentido da sua manutenção e da sua estabilidade. Portanto, parece ser a vontade de Deus que o universo seja estável. E se é essa a vontade de Deus, então podemos dizer que Deus não quer a instabilidade do universo que qualquer inversão da direcção do tempo poderia trazer. Não é que Deus não possa: é que Deus não quer.
6/ Em princípio, as leis da física não se aplicam com 100% de garantia de infalibilidade.
A probabilidade de uma pessoa, ou de um grupo de pessoas, ver, por exemplo, uma pedra desaparecer de um sítio e aparecer noutro, não é nula (não é igual a zero). A esse fenómeno de desaparecimento e reaparecimento da pedra, chama-se “salto quântico” ou “efeito de túnel”, e tem a característica de não ter qualquer garantia de repetição. A razão por que um “salto quântico” pode ocorrer é desconhecida pela ciência. E dado que não existe qualquer garantia de que o fenómeno do desaparecimento da pedra e o seu reaparecimento seja repetível, não existe qualquer possibilidade de estudo científico desse fenómeno, uma vez que a ciência baseia-se na análise dos fenómenos que se repetem regularmente na natureza (sem estatística não há ciência propriamente dita).
Essa pessoa ou grupo de pessoas que observaram a pedra desaparecer de um sítio e reaparecer noutro, provavelmente correm o risco de ser apodadas de malucos, se revelarem o fenómeno observado.
Aqui entramos na área do milagre. Por exemplo, ainda hoje os ateus e materialistas dizem que os milhares de pessoas que observaram o fenómeno das aparições de Fátima, no início do século XX, foram vítimas de alucinações. Tal como o exemplo supracitado da pedra, o fenómeno de Fátima não é repetível de forma regular de modo a ser objecto da ciência; a razão por que esse fenómeno ocorre é desconhecida da ciência. E, por isso, os ateus dizem que aquelas milhares de pessoas em Fátima eram malucas.
7/ Qualquer ser vivo, como qualquer outro objecto, é composto por uma certa sobreposição quântica de vectores de estado .
Um ser vivo é composto por um determinado conjunto de sobreposições quânticas de vectores de estado. Se se souber, com rigor, qual é esse conjunto de sobreposições quânticas de vectores de estado relativamente a um ser vivo (por exemplo, o gato de Schrödinger), poder-se-á deter ou controlar a fórmula quântica desse ser vivo em um determinado momento do tempo.
Se o gato de Schrödinger morrer, e desde que se saiba qual é exactamente a fórmula quântica do gato antes da sua morte, é possível, através de uma acção na realidade quântica (ver ponto 3), substituir o conjunto de sobreposições de vectores de estado do gato morto, pela fórmula quântica dos vectores de estado sobrepostos do gato enquanto vivo. É óbvio que a probabilidade de uma acção deste tipo, não sendo nula, anda pelo rácio de 10^120 (1 seguido de 120 zeros); mas pelo facto de a probabilidade ser muito baixa não significa que o fenómeno de devolver a vida ao gato seja impossível.
Quando, por exemplo, um cancro linfático é curado e a medicina desconhece as razões por que a doença desapareceu do corpo do doente, provavelmente estamos em presença de um milagre de cura que a ciência não consegue explicar.
Podemos, então, definir o milagre de cura como sendo a acção divina, directa ou indirecta, realizada no mundo macroscópico através da realidade quântica, e segundo a qual a sobreposição extraordinariamente complexa dos vectores de estado de uma determinada pessoa doente é revertida no tempo, sendo substituída por uma fórmula — parcial — de vectores de estado dessa pessoa anterior à contracção da doença.
As razões por que o milagre ocorre não são passíveis de ser estudadas pela ciência, porque não se trata de um fenómeno natural regular. Os milagres não obedecem à regularidade do universo: em vez disso, são excepções que decorrem da acção divina, livre e voluntarista, no macrocosmos – mas que não podem ser explicadas pelo racionalismo científico.

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