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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Evolução: sim ou não?

Fonte: http://blogdomrx.blogspot.com/2011/09/evolucao-sim-ou-nao.html

Darwin e sua teoria da seleção natural são muitas vezes utilizados para bater no Cristianismo e na própria idéia de Deus. Eis aqui por exemplo um vídeo ridicularizando as várias Miss America no debate (tipicamente americano) sobre o ensino do Evolucionismo versus Criacionismo nas escolas.

A verdade, porém, é que muitos dos tais defensores do evolucionismo pouco conhecem as teorias e textos do estudioso britânico. Grande parte das idéias darwinianas são, por sua própria natureza, extremamente contrárias a qualquer tipo de igualitarismo, inclusive o racial, já que prevêem a adaptação de todo ser, inclusive o homem, ao seu meio. Eis este trecho de "A origem das espécies": 

At some future period, not very distant as measured by centuries, the civilized races of man will almost certainly exterminate, and replace, the savage races throughout the world. At the same time, the anthropomorphous apes ... will no doubt be exterminated. The break between man and his nearest allies will then be wider, for it will intervene between man in a more civilized state, as we may hope, even than the Caucasian, and some ape as low as a baboon, instead of as now between the Negro [sic] or Australian and the gorilla.
Não traduzi por preguiça, mas o trecho apresenta várias idéias que hoje em dia seriam consideradas heréticas, a começar pela noção de que algumas raças estariam mais próximas do macaco do que outras, e embora não o justifique, parece prever o genocídio racial. (Detalhe aos nazistas de plantão: longe de ser um supremacista racial, Darwin era um abolicionista, ferrenho adversário da escravidão). Chama a atenção também a idéia de que o homem com o tempo iria se "civilizando" cada vez mais (mas a seleção natural não era cega e sem propósito?) 

A teoria de Darwin nega a existência de Deus? Não necessariamente, embora tente dar uma explicação alternativa para o surgimento das várias espécies de seres vivos que dispensa a idéia de um Criador. Não é à toa que muitos dos ateus militantes sejam também neodarwinistas, como Richard Dawkins.  

Além disso, assumir o darwinismo ou a "sobrevivência dos mais fortes" como filosofia de vida ou de sociedade pode levar mesmo a uma negação da moral e da compaixão cristã. Ainda que, como disse certa vez o saudoso leitor Augusto Nascimento (onde andará ele?), "darwinismo é uma teoria científica, não um programa político", o fato é que o materialismo darwinista pode levar mesmo a uma descrença em qualquer tipo de realidade moral ou espiritual. (Basta um único exemplo: se a "moral" de tudo no darwinismo é apenas deixar o maior número possível de cópias de nossos genes, conclui-se que deveríamos simplesmente tentar procriar o máximo possível com o maior número de parceiros possível. Já a moral judaico-cristã, conforme Tessalonicenses 4, é bastante mais severa.)  Ateísmo e darwinismo andam, em geral, de mãos dadas. 

(Pessoalmente, nada contra os ateus; só não suporto algumas pessoas de inteligência medíocre que se julgam superiores meramente por terem feito uma "descoberta" perfeitamente óbvia: "Descobri que Deus não existe. Sou um gênio! E os religiosos são apenas idiotas que ainda acreditam em Papai Noel". E lá vai o imbecil, julgando-se um crânio maior do que Tomás de Aquino. Ora, como bem escreveu Francis Bacon, um pouco de filosofia pode levar qualquer um ao ateísmo, mas ainda mais filosofia certamente levará o indivíduo a pensar também no aspecto espiritual, e nas causas maiores de tudo.)  

Mas onde eu estava? Ah sim, na teoria da evolução de Darwin. Há vários problemas com a teoria, mesmo deixando de lado o aspecto religioso. Darwin formulou sua teoria original quando a ciência da genética mal engatinhava; hoje, longe de confirmar as idéias de Darwin, a genética, em alguns aspectos, parece contrariá-la. De acordo com os neodarwinistas, a evolução seria resultado de inúmeras mutações genéticas aleatórias ao longo de milhões de anos. O problema é o seguinte: as mutações genéticas são extremamente raras e, sendo "defeitos de fabricação" (ou de cópia), também são em 99% dos casos, negativas (i.e. retardamento mental, um cachorro com três pernas, má-formação de órgãos, etc). Há perda de informação genética, não acréscimo. Para se criar uma espécie nova, você teria que ter um número suficiente de indivíduos com a mesma mutação aleatória, e que tal mutação seja de algum modo benéfica. Neste site aqui (em inglês) há a enumeração de alguns argumentos contrários à teoria darwiniana. Não sou biólogo, portanto não sei se eles têm validade ou não, mas me pareceu interessante. (Aqui outro texto criacionista com argumentos similares, mas em texto mais curto e talvez mais fácil de entender).  

Em geral, faz-se a comparação da evolução com a "corrida armamentista". Da mesma forma que ocorre com países em conflito, os animais se especializariam para atacar ou se defender. Exemplo: um predador desenvolve presas mais potentes (isto é, um predador que nasce com os caninos mais fortes é beneficiado por estes e deixa maior descendência); a presa em contrapartida desenvolve uma couraça (de novo, através da seleção natural daqueles que nascem com uma pele mais rija).  

Faz sentido, mas a diferença é que, na corrida armamentista real, há pessoas criando as armas, de um e outro lado. Ou seja, um "design inteligente". A seleção natural pode certamente favorecer uma ou outra espécie que já existe, mas não é claro, ao menos para mim, como certos atributos cada vez mais complexos surgiriam do nada a partir de mutações genéticas randômicas, até criar uma nova espécie. 

A seleção natural existe e é um fato facilmente observável (i.e., os dinossauros não existem mais). Mas o  que Darwin fez foi atribuir a ela a origem das espécies (justamente o título do livro). E isso, acho, não está empiricamente provado. Embora previstas pela teoria, tais mutações, por motivos óbvios como a necessária passagem de muitíssimos anos, jamais foram observadas em laboratório ou em estudos na Natureza. O mais próximo que se encontrou foi o caso das mariposas inglesas afetadas pela poluição, mas mesmo esse estudo referia-se a um caso de microevolução em espécies já existentes (creio que também há estudos com bactérias). 

Atenção. Não estou aqui querendo negar a teoria da evolução nem promover o criacionismo. Ao contrário, a teoria da evolução parece-me bastante útil como explicação para fenômenos que, antes dela, eram desconhecidos. Aliás, aceito de bom grado as suas premissas básicas, sou a favor que seja ensinada na escola e, embora não entenda alguns de seus aspectos, não sou biólogo, e portanto se tivesse alguma discordância, poderia ser mero resultado de minha quase total ignorância do assunto. 

Meu pensamento sobre tudo isso está ainda, ahem, evoluindo, e portanto gostaria mesmo é de saber do leitor:

Você acredita na teoria da evolução? Ela é compatível ou não com o cristianismo ou com a crença em Deus? Como vê os aspectos da teoria que negam os dogmas mais queridos (tanto da esquerda, como a igualdade, quanto da direita, como a existência de Deus)? Poderia haver alguma outra explicação científica para o surgimento das várias espécies? Há algum biólogo na sala? 

Discutam entre vocês.

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