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sábado, 9 de outubro de 2010

O cientismo e a doença mental do revolucionário

via perspectivas de O. Braga em 29/09/10

O revolucionário é um doente mental — não no sentido clínico stricto sensu, mas no sentido cultural e social; trata-se de um sociopata incurável.
O maior perigo da modernidade tem sido — e é, infelizmente — a mente revolucionária que surtiu do Iluminismo. A ciência e a técnica não têm culpa do descalabro humanitário do século XX. Foi a mente revolucionária a responsável por mais de 200 milhões de vítimas inocentes só no século XX. Naturalmente que a ciência e a técnica foram usadas na criação da morte em massa, mas não podemos responsabilizar a ciência e a técnica em si mesmas; devemos, antes, pedir responsabilidades à mente revolucionária.

É por demais evidente que a ciência, por sua própria natureza, não se ocupa do sujeito, ou seja, do indivíduo como ser humano. Só podemos fundamentar a noção de sujeito de uma forma tautológica, ou seja, baseando-a na experiência subjectiva.
O conhecimento científico só concebe acções determinadas e determinísticas; não concebe a autonomia, o sujeito, tão pouco a consciência e a responsabilidade. Esta última é não-senso e não-científica. As noções de autonomia, sujeito, consciência e responsabilidade, pertencem à ética e à metafísica — e não à ciência positiva.
Quando a ciência positiva criou as ciências humanas, varreu paulatinamente o sujeito, colocando em lugar dele as leis, determinações e estruturas. Rapidamente a ideia de sujeito tornou-se mistificadora e insensata, à luz da ciência positiva e da opinião opinativa (Doxa).

Por um lado, foi esta aparente erradicação do sujeito que não só caracterizou a mente revolucionária moderna — como é exemplo o marxismo —, como esta passou a classificar toda a moral comum como sendo subjectiva, enganadora, mistificadora e mitificadora. E quanto mais a moral e a ética comuns criticam a acção revolucionária, mais a mente revolucionária aponta o dedo à moral e à ética comuns, denunciando a sua essência mistificadora. A crítica ética à acção revolucionária é sempre legitimadora da própria acção revolucionária contra o alegado embuste da ética e da moral comuns.
Por outro lado, e seguindo as características básicas do gnosticismo da antiguidade tardia, a mente revolucionária ou gnosticismo moderno cai invariavelmente num excesso moralista, através de um processo de metanóia ou conversão — tal como aconteceu com o puritanismo europeu nos séculos XVII e XVIII. Tal como no puritanismo, esse excesso moralizante é político, e não ético. Todo o desvio ideológico e político, toda a oposição e contestação à mente revolucionária são diabolizados por esta, e a moral e a ética comuns são denunciadas e criticadas de uma forma moralizante. O conceito marxista cultural de “tolerância repressiva” (tudo o que vem do desvio em relação à moral comum, é bom; tudo o que está de acordo com a moral comum, é mau) espelha bem a moral politizada do gnóstico moderno e revolucionário.
Quando a mente revolucionária utiliza o argumento da ciência para negar o sujeito, pretende deturpar a nossa visão da realidade humana e reprimir toda a possibilidade de consciência responsável — exactamente porque a ciência não se pode ocupar do sujeito!
Porém, a mente revolucionária apresenta o argumento científico como sendo “libertador da condição humana”, quando na realidade o propósito do revolucionário é exactamente o oposto daquilo que ele diz pretender com o referido argumento. É exactamente devido à perversidade e tortuosidade dos argumentos da mente revolucionária, que podemos dizer que estamos perante uma força do mal e de morte.
Com a implosão do marxismo-leninismo-estalinismo-maoísmo em finais da década de 80, deu-nos a sensação de que a mente revolucionária se teria extinguido. Porém, o que aconteceu na realidade foi que a missão salvífica — protagonizada por uma minoria ínfima portadora da verdade histórica messiânica, apocalíptica, fascista e terrorista — do revolucionário clássico e marxista se pulverizou numa miríade de movimentos políticos aparentemente autónomos entre si: o gayzismo, o ecofascismo, o aquecimentismo, o feminazismo, o eugenismo, o abortismo, o ateísmo, o neo-ateísmo, o naturalismo, o cientismo, etc., todos estes movimentos políticos têm uma raiz comum e são subprodutos da implosão e do fracasso marxista. Contudo, a doença da revolução não morreu.
O revolucionário é um doente mental — não no sentido clínico stricto sensu, mas no sentido cultural e social; trata-se de um sociopata incurável. O exemplo de Althusser e a sua história pessoal são paradigmáticos daquilo a que podemos chamar de “doença mental revolucionária e ateísta” : não tem cura, e o corolário, no caso da sociopatia de Althusser, foi o assassínio da sua própria esposa.

Portal Ateu e Política

Quando se discute se Hitler era ou não cristão, os neo-ateístas agarravam-se com unhas e dentes a citações de frases do genocida em louvor ao cristianismo, proferidas em comícios públicos e obras de propaganda. Levantada a possibilidade dessas afirmações terem tido a pretensão de enganar o povo alemão, maioritariamente cristão, os neo-ateístas ridicularizam a hipótese. No Portal Ateu, por exemplo, Ricardo Silvestre, depois de fazer esse jogo das citações, concluiu:

"E não respondam os crentes a dizer que “o Hitler escrevia as coisas que escrevia para enganar o povo alemão”… o primeiro volume do Mein Kampf foi escrito quando Hitler era apenas um arruaceiro preso em Landsberg."

Como tinha concluído na altura, para apurar se Mein Kampf foi ou não utilizado para enganar o povo alemão, não interessa se Hitler não tinha poder quando a obra foi escrita, mas antes se era ele quem tinha o poder quando ela foi difundida massivamente como propaganda.

Mas realmente esclarecedor é encontrar textos no próprio Portal Ateu e no blogue pessoal do líder máximo do projecto, que confirmam e aplaudem o facto de políticos se fingirem de cristãos para levar o povo a votar neles, o que mostra que estes neo-ateístas agem como hipócritas quando colocam de parte a possibilidade de um mentiroso e demagogo profissional como Adolph Hitler também ter utilizado esse truque para enganar a maioria cristã alemã. No blogue de Ricardo Silvestre encontramos um grande alívio, Ufffff, por altura da eleição de Barack Obama:

"Apesar de todo e qualquer candidato à Presidência dos US ter-se de definir como um "homem de fé" e ainda mais, como um "homem de fé cristã", acredito que Obama seja um defensor do secularismo que caracteriza a República."
Não só Silvestre reconhece que em países cristãos há políticos que se assumem como cristãos apenas por ganho eleitoral, como tanbém deseja que Obama tenha realmente enganado o povo americano. O regozijo e esperança de que os cristãos tenham sido realmente enganados por Obama, é concluído assim "Que a sua Presidência seja muito frutuosa."

Como já tinhamos visto no texto "Portal Ateu e a Humanidade", Silvestre vê a realidade em termos de "ateu" e "não-ateu", considerando o ateísmo dos governantes como característica política fundamental e do interesse da humanidade. Agora, também fica demonstrado que ele reconhece e admite como boa prática que políticos anti-cristãos se façam passar por cristãos, para conquistar o poder e implementar o "secularismo".
Ricardo Silvestre nunca mais pode ser levado a sério quando colocar de parte a hipótese de Hitler ter feito no passado, precisamente aquilo ele aplaude e reconhece hoje em Obama: fingir-se cristão para enganar a maioria cristã.

Já Rui Janeiro, publicou esta semana no Portal Ateu um texto sobre as eleições brasileiras. Nele consta a seguinte declaração, a propósito da candidata Dilma Rousseff ter optado por se fingir defensora de valores cristãos tradicionais para recuperar popularidade:

"Em política é preciso por vezes meter as nossas próprias ideias de lado para agradar a determinado eleitorado, sendo que tal pode ser grave quando esse mesmo eleitorado é constituído por ratos de sacristia"
Sobre políticos se fingirem cristãos para enganar o eleitorado maioritariamente cristão, não há portanto dúvida alguma que a linha editorial do Portal Ateu reconhece e até admite e valoriza o acto. Neste ponto, estamos conversamos.
Outra questão pertinente é o problema que os ateus portalados têm com a liberdade da maioria ( que admitem ser necessário enganar). Por exemplo, Rui Janeiro não vê que o problema de Dilma Rousseff esteja no facto dessa senhora ser uma mentirosa maquiavélica, que não se importa de mascarar e ocultar as suas intenções. Ele acha que mentir para enganar o eleitorado," meter de lado as próprias ideias para agradar", é uma coisa necessária em política; o que nos diz muito sobre o seu carácter moral.
Não estando o problema na mentirosa Dilma, está na maioria popular ter valores diferentes da candidata, o que obriga a pobrezinha a mentir para alcançar o poder. Por isso, a maioria que escolhe livremente votar segundo determinados valores, merece ser insultada como "ratos de sacristia". Janeiro expressa assim a sua raiva contra os valores democráticos e a liberdade dos outros.
Tal como fez outro membro do Portal Ateu, o tolerante Hélder Sanches, a 7 de Maio de 2010, a propósito do sucesso da visita do Papa a Portugal:

"sinto, pela primeira vez em toda a minha vida, não vergonha de ser português, mas vergonha de que existam tantos portugueses a permitir que tudo isto aconteça, sem pestanejarem, como se tudo fosse normal. Saloios e maricas, é o que vocês são…"O "que tudo isto aconteça", refere-se aos representantes oficiais do estado terem cumprido os requisitos do estado laico e neutro previstos na nossa Constituição, não fazendo do critério "é religião", razão para se afastarem do acolhimento protocolar ao líder de uma organização com tradição quase milenar no nosso país e com milhões de seguidores no presente.

"Tenho um amargo sabor na boca… É o sabor de sentir que não adianta acabar com fascismos, conservadorismos, totalitarismos, iliteracia e ignorância no país sem que, primeiro, se tire tudo isso de dentro das pessoas."
Como se vê, na democracia idealizada por Sanches não há espaço para alguém ser conservador.
Naquela mente, o conservadorismo ( dou a possibilidade do estúpido não saber do que fala), é comparável a fascismo, totalitarismo, iliteracia e ignorância.

Percebe-se também que há ali um projecto pessoal do Sanches para a vida dos outros, pelo qual "adianta acabar" com o mal, mas começando primeiro por "tirar tudo isso de dentro das pessoas".
Como acontece com qualquer sociopata revolucionário, este também não foge à regra de se ter como referência absoluta sobre o que seria melhor para o "país", os outros, a humanidade e que mais se lembrem. E conclui:

"Pela minha parte, acabou-se. Acabaram-se as gentilezas, os diálogos possíveis e os vernizes politicamente correctos. Não é num país de idólatras mentecaptos que eu quero que as minhas filhas cresçam."
Este cidadão tem bom remédio: ninguém o obriga a viver cá.
Mas enquanto ele e os seus camaradas não se forem embora, têm de compreender que em Portugal existe liberdade religiosa, que insultar publicamente um grupo de pessoas em razão da sua religião é violar direitos constitucionais e, sobretudo, esta coisa muito simples:

A separação entre a Igreja e o Estado teve como intenção original proteger todas as religiões e credos de igual modo perante a lei, e não a de proteger o Estado da acção livre e legal das diversas religiões e dos respectivos crentes. Orlando Braga

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